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A corretora e gestora gaúcha Warren levantou uma série C de R$ 300 milhões. A rodada chega pouco menos de um ano depois da série B, de R$ 120 milhões, anunciada em julho/20, e traz para a lista de investidores o fundo soberano de Cingapura, o GIC, que liderou o aporte.

Também participaram Ribbit Capital, Kaszek, Chromo Invest – investidores desde a série A, de 2019 – QED, Meli Fund e Quartz (veículo de venture capital da família Galló) e WPA, que entraram na série B.


Na foto
: André Gusmão (à esq.), Marcelo Maisonnave, Kelly Gusmão, Rodrigo Grundig e Tito Gusmão, sócios e co-fundadores da Warren

Criada em 2014 por ex-sócios da XP, a Warren entrou em operação em 2017 e atualmente tem R$ 6 bilhões em ativos sob gestão e 200 mil clientes. O plano no longo prazo é ser a maior corretora do país. “BTG e XP viraram incumbentes, são empresas de vendedores de bíblia que vão de porta em porta. Eles são os caras a serem derrubados e nós seremos os caras que vão derrubá-los”, profetiza Tito Gusmão, co-fundador e presidente da Warren. O caminho é longo: só a XP já tem mais de R$ 700 bilhões sob gestão.

Para fazer isso, a Warren se fia no modelo de negócios baseado na cobrança de taxas dos clientes por operações, não da cobrança de comissões embutidas nos produtos, como fazem BTG e XP. “Altos executivos das corretoras não investem pelos produtos delas. Eles investem pelos seus family offices, com fundos exclusivos pra eles. Vendem uma água e tomam outra. A gente quer levar esse modelo para todo mundo, democratizar o modelo de alinhamento de interesses”, diz.

A nova rodada

As conversas para a rodada começaram há cerca de 3 meses e o contrato foi assinado na semana passada. “Já tínhamos falado com o GIC para a série B, mas o cheque deles era muito alto para aquele momento. Continuamos falando e daí veio a necessidade de fazer uma nova captação”, conta Tito Gusmão, fundador e presidente da Warren.

Para ele, o fato de o GIC ter se tornado um investidor do Nubank, que também está entrando no mercado de investimentos com produtos próprios e a compra da Easynvest, não muda nada nos planos. “O que eles estão fazendo é bem diferente do que estamos propondo”, diz.

Segundo Gusmão, uma nova rodada menos de 12 meses depois da anterior se fez necessária por conta dos volumes movimentados pela companhia nos últimos meses e da necessidade de ter recursos para cumprir exigências do Banco Central. “Abrimos frentes como o braço institucional, atuando com fundos de pensão, assets, etc., que tem exigência de depósito de margens de corretagem quando você chega a determinados volumes. E nós batemos isso muito rápido, então precisávamos de capital”, diz.

Use of proceeds

Além de ajudar no cumprimento de requisitos legais, os recursos do aporte serão destinados à contratação de profissionais, principalmente de tecnologia. Até o fim do ano, a companhia pretende ampliar sua equipe em 50%, passando dos atuais 400 para 600 pessoas.

Também está previsto o aumento nos investimentos em marketing e aquisições. “Devemos fazer 2 ou 3 operações nos próximos 2 meses”, adianta Gusmão. Na mira estão companhias que possam acelerar a adição de funcionalidades e ofertas e também ampliar a base de clientes. Hoje a Warren tem 200 mil clientes. Até o fim do ano, o número deve passar de 300 mil.

O incremento da base terá como alvo quem tem mais recursos para investir, o que deve fazer com que os recursos sob gestão cresçam em um ritmo ainda mais acelerada. O objetivo é mais que dobrar essa cifra, passando dos atuais R$ 6 bilhões para mais de R$ 12 bilhões. “92% do dinheiro dos brasileiros está em 5 bancos. Só 8% está em corretoras. Nos EUA, 90% está em corretoras. Tem uma virada para acontecer na indústria. Antes dava pra investir em produto meia boca. Agora, mesmo que a SELIC suba, o juro real fica perto do 0. O Brasil mudou de patamar”, diz.

Fim dos agentes autônomos?

O caminho para essa expansão será o investimento no Warren for Business braço voltado a planejadores financeiros, consultores e gestores de investimento. Hoje são 200 parceiros que usam a plataforma para gerenciar os recursos de seus clientes e o objetivo é chegar a 500 até o fim do ano. A expectativa é que eles respondam por 60% dos ativos sob gestão da Warren – 3 vezes mais que os 20% atuais. “Queremos que eles cheguem ao primeiro bilhão de reais sob gestão”, diz Gusmão.

Ele garante que o modelo é diferente do que o mercado conhece como agentes autônomos por conta do modelo baseado em taxas cobrados dos clientes adotado pela Warren. “Os agentes autônomos vão acabar em uns 5 ou 10 anos”, diz.

Além dos produtos de investimento, a Warren tem mais algumas vertentes de crescimento: a conta Warren, que mês que vem passará a ter a função de transferências usando o PIX e que pode ganhar um cartão próprio. Outro é a concessão de crédito como garantia para operações de investimento. Segundo Gusmão, o objetivo aqui não é competir com empresas de pagamento nem com de crédito, mas criar atrativos para quem quer investir pela Warren.

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