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A despeito de tudo que se fala sobre um esfriamento do mercado de venture capital, tem gente querendo investir sim. Olha aí o Headline XP Venture Capital 3, fundo da gestora liderada pelo ex-Redpoint eventures Romero Rodrigues e integrada à XP: ele acabou de captar R$ 915 milhões.

O montante levantado superou a estimativa inicial de R$ 834 milhões, atraindo aproximadamente 12,5 mil cotistas, o que fez do veículo o maior fundo de participações (FIP) do país em número de investidores. Para Romero, a boa notícia foi um alívio em meio a uma realidade nebulosa para os fundos de investimento. “Tivemos um resultado excepcional, sobretudo se consideramos o atual cenário desafiador para captação de recursos de empresas de tecnologia. As últimas semanas foram das mais turbulentas para as empresas tech, desde o estouro da bolha em 2000”, destacou ele em comunicado.

Para atingir o resultado, a XP trabalhou a sua base de clientes com o apoio da rede de mais de 10 mil assessores de investimento da consultoria presentes em todo o país. “Conseguimos usar o alcance e expertise da XP para ajudar a democratizar o investimento em venture capital no país, que, até então, era encarado como inacessível ao investidor comum. Estamos mais que satisfeitos com o resultado”, enfatizou Bruno Castro, que comanda a XP Asset, também em nota.

Como funcionará o fundo

O fundo terá a duração total de 10 anos, e nos primeiros 4 o plano é formar um portfólio de aproximadamente 25 startups – investindo em 8, em média, por ano. Embora os valores dos cheques não tenham sido divulgados, a ideia é investir em participações minoritárias de até 20%.

Estes primeiros anos deverão consumir cerca de metade do capital do fundo, e nos 4 anos seguintes os recursos serão alocados em rodadas subsequentes, para evitar que sejam diluídos nas companhias de melhor desempenho. Nos últimos 2 anos restantes, a ideia é desinvestir e retornar o capital aos cotistas.

Conforme destacamos em outra matéria sobre a Headline este ano, o prospecção de startups se vale da plataforma da XP, com assessores de investimento, consultores e family offices pode potencializar a originação de negócios. O plano do fundo liderado por Romero é manter a estratégia que a Redpoint executou em seus dois fundos, olhando para companhias early-stage.

“É uma seleção bem criteriosa. Quando juros e inflação sobem e os indicadores macro estão mais desfavoráveis, isso gera um cenário perfeito para as startups boas se destacarem e se desenvolverem. Os modelos de negócios que surgem são mais eficientes em capital, e conseguem se destacar, diante de uma concorrência menor”, destacou o executivo.

Cenário em baixa, mas a grana é alta

As notícias são de um mercado de baixa para os investimentos em venture, mas a capitalização dos fundos ainda está forte. Os mais de R$ 900 milhões levantados pela XP fazem uma bela frente em relação a outros fundos anunciados recentemente por outras instituições financeiras. No mês passado, a B3 anunciou que vai colocar R$ 600 milhões na mesa com o L4 Venture Builder, fundo que ficará de olho em disrupções dentro de seu core business e também em áreas de impacto econômico.

Em abril o Itaú também mexeu seus pauzinhos, contratando Anderson Thees e Manoel Lemos, sócios e cofundadores (e ex-colegas de Romero Rodrigues) na Redpoint, para a criação de um venture debt, com mais de R$ 300 milhões em crédito para startups.

Embora não sejam instituições financeiras, as grandoras Locaweb e Totvs, que são tradcionais compradoras de startups, também entraram na briga, lançando no final do ano passado seus CVCs.

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