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Imóvel é moeda forte, já diz o ditado. E o brasileiro gosta de ter um imóvel para garantir um troco mesmo em períodos de turbulência. Mas se dono de imóveis não é simples e ter participação nesses ativos por meio de fundos tem ganhado mais atenção dos investidores.

De olho nisso, a proptech Yuca, que nasceu com a proposta de oferecer moradia acessível no modelo compartilhado, o coliving, está mudando seu posicionamento para se tornar uma gestora verticalizada, com foco na geração de renda com imóveis residenciais.

O que isso quer dizer? Bom, a ideia é atuar desde a captação de recursos com investidores para financiar a compra de imóveis residenciais, passando pela reforma e oferta de unidades para locação e pela gestão desses contratos. “Estamos olhando para tudo que não é o transacional. A compra e o aluguel não são os objetivos finais. São partes do processo”, diz Eduardo Campos, fundador e presidente da companhia. “Queremos operar qualquer ativo residencial para renda. Esse é o lance”, completa.

A proposta já é bastante comum nos EUA, e acontece no Brasil no lado das lajes corporativas, mas nunca se consolidou no residencial. Agora a Yuca quer colocar o ovo em pé.

A rodada

Para financiar esse esforço, a proptech fechou na semana passada uma série A de US$ 10 milhões liderada pela Monashees – que já tinha ficado à frente da rodada anterior, de US$ 4,7 milhões, feita no lançamento da companhia, em 2019. Outros investidores como ONEVC, Berry Sternlicht (da Starwood Capital Group) e Terracota Ventures que também já tinham participado da rodada anterior seguiram.

A Tishman Speyer, focada na gestão de imóveis, foi uma adição ao captable. Segundo Eduardo, a companhia já vem tentado sem muito sucesso implantar o modelo de gestora verticalizada para o segmento residencial por aqui, e viu na Yuca o caminho para conseguir escala no modelo.

O Startups teve acesso a uma apresentação para investidores usada pela companhia no começo do ano. Na época, ela falava em levantar US$ 15 milhões, segundo um investidor que optou por não aportar recursos. “A questão é que ela é mais real state do que tecnologia. Você pode criar negócios bons assim, claro. Mas é mais difícil crescer. Se eles quiserem ter 10 mil prédios vai ser difícil porque têm uma capacidade limitada para gerir isso”, avalia o investidor.

Os planos

Hoje com R$ 79 milhões divididos em 500 imóveis sob gestão – sendo 300 operacionais e o restante em preparação para serem oferecidos -, a Yuca quer chegar a 2 mil em um prazo de 12 meses. Em termos de equipe, o quadro de 102 pessoas deve dobrar no mesmo período. Para os próximos 18 meses, o plano é chegar a R$ 500 milhões de ativos sob gestão.

Dentre os desenvolvimentos previstos com os recursos captados na série A estão ferramentas para gestão dos ativos, que não existem no mercado brasileiro, segundo Eduardo. Também está nos planos melhorar a experiência para os investidores, com mais ferramentas para a administração de seus investimentos.

O foco de atuação neste momento está 100% na cidade de São Paulo. “Queremos dominar uma cidade primeiro para depois seguir para outras. E apesar de algumas (poucas) pessoas estarem buscando sair de São Paulo, a avaliação é que ainda tem mais gente querendo vir para cá”, diz Eduardo.

Em termos de perfil dos imóveis, os de 1 e 2 quartos, voltados à moradia individual, ou de famílias, modalidade lançada no fim de 2020, vão ganhar mais atenção. No alvo estão imóveis únicos e até mesmo prédios inteiros. A reforma de um prédio, inclusive está em curso, com previsão de entrega no começa de 2022. Outros 2 prédios novos estão para sair.

De acordo com Eduardo, a oferta de apartamentos compartilhados sempre vai existir – ele adora o produto – mas a demanda das pessoas mudou. “Morar perto do trabalho deixou de ser o principal requisito. Mais importante é ter um lugar onde morar e trabalhar”, diz. Hoje, 30% da ocupação da Yuca é de imóveis para locação individual.

Fundos imobiliários

Para comprar imóveis, a Yuca já lançou um fundo de investimento imobiliário de R$ 40 milhões voltado a investidores e qualificados e já fez 4 captações no formato de equity crowdfunding que totalizaram quase R$ 7 milhões em recursos.

Na mais recente, encerrada no dia 11 de junho, foram captados R$ 1,92 milhão, um pouco abaixo da meta inicial, de R$ 2,26 milhões. O valor da cota era de R$ 10 mil, com previsão de retorno de R$ 56 por mês por cota.

De acordo com Eduardo o plano é listar um fundo imobiliário na B3 em um prazo de 12 meses.

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