Opinião

Tecnologia vira tese sexy também na bolsa brasileira

Tecnologia vira tese sexy também na bolsa brasileira

Quando a Totvs foi escolhida para entrar no Ibovespa no começo do ano, o mundo não parou. Mas a inserção da primeira empresa de tecnologia na história do índice acabou se tornando uma profecia autorrealizada. Com a pandemia, a tecnologia passou a ter um peso ainda maior na vida das pessoas e, agora, todos os olhos se voltam às empresas setor.

Nos EUA, os destaques óbvios são Facebook, Apple, Amazon, Alphabet (dona do Google), Netflix, Microsoft e Zoom. Aqui no Brasil a atenção tem se voltado às startups, às parcerias e às compras de empresas inovadoras.

Mas como uma safra de negócios com crescimento acelerado e com investidores ávidos para encontrarem saídas para os recursos aplicados anos atrás, a bolsa, quem diria, virou uma opção. “Tecnologia virou uma tese sexy”, me disse um executivo. A expectativa é que pelo menos uma companhia se candidate a uma abertura em cada nova onda de IPOs.

Na lista de empresas que estão de olho em uma ida à B3 no momento estão a Mosaico (dona do Zoom e do Buscapé), Enjoei, Wine e a Méliuz. Nem todas devem aproveitar a janela que se encerra na quarta-feira (prazo da CVM para apresentação dos preços esperados para as ofertas, valor construído depois de conversas com investidores para medir seu interesse pelo negócio.

A Mosaico já está com esse processo encaminhado e a resposta tem sido positiva. Em seu prospecto, a companhia diz que pretende levantar R$ 340 milhões. O valor, no entanto, pode passar de R$ 1 bilhão levando em consideração a venda de participação de sócios, apurou o Startups.

Você certamente já leu no passado coisas na linha “Companhia X faz Y de olho em IPO” (eu mesmo escrevi isso algumas vezes, desculpa!). Mas nada acontecia. Por que então acreditar que dessa vez é diferente?

A resposta tem vários ângulos, mas está diretamente ligada à maturidade do mercado de capitais e também das pessoas e das empresas. O nascimento de unicórnios como 99 e Nubank, e os IPOs de Linx, Sinqia e Locaweb na B3 e de PagSeguro, Stone e Afya nos EUA tiveram um papel importante em educar o mercado sobre o estágio de desenvolvimento das empresas brasileiras.

Ao mesmo tempo, o cenário de juros baixos aumentou a demanda por investimentos em ativos alternativos. Some-se a isso a projeção que as Big Techs ganharam ea maior dependência e familiaridade das pessoas com a tecnologia e o cenário se completo. Melhor já ir guardando uns trocados para não ficar de fora da próxima grande oferta.