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Cerca de 80% das executivas brasileiras estão otimistas diante das oportunidades que os cenários de crises podem oferecer. Pelo menos, é o que diz o estudo “Global Female Leaders Outlook 2023”, da KPMG. Segundo a pesquisa, 78% das mulheres executivas do país avaliam positivamente estarem em posições de liderança neste momento desafiador no cenário global. No entanto, apenas 6% das respondentes se sentem adaptadas ao “novo normal”.

“Constatamos que, mesmo em um ambiente econômico e social volátil, as executivas estão otimistas com as oportunidades que podem resultar desse cenário turbulento e não superestimam os obstáculos inerentes a atividade”, avalia Janine Goulart sócia de People Services e líder do pilar KNOW da KPMG no Brasil, em nota.

Em sua 4ª edição, o estudo contou com a participação de 839 executivas de 53 países, sendo 46 delas do Brasil. De acordo com a KPMG, o objetivo da pesquisa é trazer as experiências e a importância do potencial das líderes femininas para conduzir empresas com resiliência e agilidade em um cenário de incertezas e constantes transformações. O levantamento reúne também informações sobre riscos geopolíticos, desafios econômicos, aumento da digitalização e a importância das questões ESG.

O principal desafio das líderes contemporâneas, aponta o estudo, é a jornada dupla de trabalho. 38% das entrevistadas disseram ser as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, dedicando em média 20 horas por semana a essas funções. Isso equivale a quase 3 dias úteis a mais por semana de trabalho não remunerado. Uma em cada três mulheres mencionam não ter ajuda externa nas tarefas domésticas e apenas 4% no Brasil e no mundo disseram que têm cônjuge que assume a principal responsabilidade por essas atividades.

Ainda no tema rotina das executivas, mais da metade (56%) das líderes femininas globais  trabalham 50 horas ou mais a cada semana em atividades remuneradas, enquanto no Brasil esse percentual é de 22%. Somando as jornadas de trabalho remunerado e não remunerado, o total é de 69 horas de trabalho semanal, em média, para as líderes globais, e de 70 horas para as líderes no Brasil. Um quarto das entrevistadas globais relata 80 horas ou mais de trabalhos semanais.

“Algo que não pode ser ignorado é a carga mental que as mulheres sofrem constantemente tendo que conciliar as atribuições que exercem nos diversos papéis que cumprem na sociedade, além das funções cotidianas consideradas menos importantes. Estudos comprovam que essa carga mental é mais forte em mulheres que em homens”, pontua Patrícia Molino, sócia de Cultura e Gestão de Mudanças e líder do Comitê de Inclusão, Diversidade e Equidade (CIDE) da KPMG no Brasil e na América do Sul.

Entre as principais características dessas executivas, a pesquisa destaca a resiliência. 80% delas mudaram de empresa pelo menos uma vez para conseguirem melhores oportunidades em suas carreiras, e mais da metade (63%) têm uma sucessora mulher na instituição. Embora ainda haja relatos de enfrentamento de estereótipos e preconceito, três em cada quatro mulheres esperam ter igualdade de gênero nos próximos 15 anos.

Outra conclusão do estudo é que a demanda profissional afetou a vida pessoal de 71% das respondentes, e 69% delas se sentem sobrecarregadas por enfrentarem crises intermináveis. Por isso, 55% ressentem-se com o esgotamento físico e mental. A pesquisa revela que mesmo com os desafios no cenário mundial e a atividade intensa que exige a vida profissional qualificada, pessoal e familiar de uma mulher executiva, a liderança feminina é fundamental nas instituições que querem enfrentar as policrises do mundo contemporâneo.

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