Pesquisas

Aportes em deep techs devem aumentar 20x na próxima década

Investimentos podem saltar de US$ 172 milhões para US$ 3,44 bilhões até 2032, segundo pesquisa do BID

Deep Tech
Foto: Canva

Conhecidas como deep techs, as startups de base tecnológica profunda estão entre as principais tendências tecnológicas do venture capital nos próximos anos. Estima-se que, na próxima década, os investimentos nessas empresas cresçam 20 vezes na América Latina, saltando dos US$ 172 milhões registrados em 2022 para US$ 3,44 bilhões em 10 anos, segundo o relatório “Deep Tech – The New Wave”, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A pesquisa revela que 14 países da América Latina e Caribe já são considerados berços de deep techs apoiadas por investidores. Argentina, Brasil e Chile respondem pela maioria das startups da região (30%, 30% e 19%, respectivamente). “Esses países possuem ecossistemas de capital de risco bem desenvolvidos e abrigam uma concentração significativa de pesquisadores especializados em campos relacionados à Deep Tech”, diz o relatório. A expectativa é que nos próximos anos o México e a Colômbia ganhem maior influência e novos países construam seus próprios ecossistemas.

Em termos de valuation, Chile, Brasil e Argentina também desempenham um papel central, representando 25%, 23% e 23% do valor agregado de startups na região, respectivamente. Uma surpresa positiva é a Costa Rica, que aparece como o 4º maior ecossistema, responsável por 22% do valuation total da região.

Dos países da região, o Brasil tem o maior potencial de crescimento do ecossistema, com 77% dos pesquisadores e 58% das patentes, embora tenha pouco mais de 30% das startups. O BID analisa que essa discrepância pode ser atribuída em parte ao modelo prevalente no país, de focar no mercado interno.

Mercados em potencial

O levantamento identificou três startups latinas avaliadas em mais de US$ 500 milhões. São elas: Establishment Labs (Costa Rica, medicina estética), NotCo (Chile, alimentação) e Bioceres (Argentina, agricultura). Quatro empresas brasileiras são avaliadas entre US$ 100 milhões e US$ 500 milhões: Voltz (bicicletas elétricas), Speedbird Aero (drones), Kaiima (biotecnologia) e Biotimize (biotecnologia).

A biotecnologia representa a maior parcela (61%) das startups de deep tech na América Latina e no Caribe (LAC). Em seguida, está o mercado de inteligência artificial, que corresponde a 11% das empresas de tecnologia profunda da região. Nesse caso, a IA é aplicada para enfrentar desafios complexos como o desenvolvimento de produtos plant-base que sejam atraentes e nutritivos.

Outros setores emergentes incluem nanotecnologia (6% das startups), cleantech (5%), tecnologia espacial (4%), mobilidade avançada (4%), robótica (2%), manufatura avançada (2%), tecnologia de saúde (2%) materiais avançados (1%), dispositivos médicos e outros (menos de 1%).

“A tendência é que a biotecnologia continue sendo um campo de destaque devido às suas conexões com alimentos e agricultura, a disponibilidade de biodiversidade e a abundância de profissionais talentosos”, pontua o relatório. Ainda assim, haverá uma maior diversificação em várias tecnologias, tornando-as mais acessíveis e viáveis ​​para startups de países da LAC.