
O cenário de startups na América Latina iniciou 2025 em um ritmo cauteloso, com 147 rodadas de investimento que somaram cerca de US$ 1,15 bilhão no primeiro trimestre. O valor representa uma queda de 67% em comparação com o último trimestre de 2024 e de 37% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da plataforma Sling Hub.
Do total investido, US$ 748 milhões foram aportados via equity, distribuídos em 133 rodadas. Deste valor, 38% foram direcionados ao México e 31% ao Brasil. Apesar da queda de 34% na comparação anual, o valor mediano das rodadas na América Latina cresceu 13%, alcançando US$ 1,5 milhão. No Brasil, esse valor foi ainda maior: US$ 2,1 milhões, acima da média regional.
O estágio pré-seed liderou em número de rodadas no trimestre, com 26 operações registradas na América Latina. Já as rodadas Série A concentraram a maior parte dos investimentos via equity, somando aproximadamente US$ 228 milhões.
Outros US$ 271 milhões do total investido na região vieram de operações de financiamento baseado em recebíveis. Embora o valor represente uma queda de 63% em relação ao Q4 de 2024, ele mostra um crescimento de 27% na comparação com o primeiro trimestre de 2024.
Visão do ecossistema
O setor de fintechs liderou as captações via equity, atraindo 52% do total investido na região. O grande destaque do trimestre foi a mexicana Plata Card, que levantou US$ 160 milhões em sua rodada Série A, se tornando o mais novo unicórnio da América Latina.
Logo atrás dos serviços financeiros, os mercados de energia (18%), cleantechs (6%), HRTechs (4%) e insurtechs (3%) também se destacaram nas captações.
As startups de inteligência artificial captaram US$ 156 milhões no primeiro trimestre, distribuídos em 45 rodadas. Do total, US$ 104 milhões foram destinados a empresas classificadas como AI-Enabled, enquanto US$ 51,7 milhões foram para startups AI-First.
As AI-Enabled são aquelas que utilizam inteligência artificial para aprimorar produtos, serviços ou processos, com a IA atuando como um diferencial importante, mas não essencial. Já as AI-First têm na inteligência artificial o núcleo de seus modelos de negócio — suas soluções simplesmente não existiriam sem o uso da tecnologia.
No primeiro trimestre, a Endeavor se destacou como a investidora mais ativa, seguida pela Canary, Norte Ventures, QED Investors e Prosus.