Apesar do crescimento acelerado da creator economy no Brasil, apenas uma minoria dos principais influenciadores digitais do país está, de fato, ganhando dinheiro com seus conteúdos. É o que aponta o estudo “Qual o Cenário da Creator Economy no Brasil?”, divulgado pela plataforma global de marketing de influência Favikon, em parceria com a agência brasileira People2Biz.
O levantamento analisou os 200 maiores criadores de conteúdo nacionais em redes como Instagram, TikTok, YouTube, X (antigo Twitter) e LinkedIn e traz, dentre as principais constatações, que apenas 22% deles monetizam conteúdos em 2025.
Com a monetização em estágio inicial, sendo uma minoria que já se vincula a alguma colaboração com marca ou produto pago, até mesmo os criadores com maior faturamento diversificam suas fontes de receita para lucrar. Algumas alternativas são a fabricação e venda de produtos próprios, cursos e acordos de afiliados.
O que revela a pesquisa?
Em resumo, o estudo apontou que os 200 maiores criadores acumulam impressionantes 1,3 bilhão de seguidores nas principais redes sociais, e não se destacam não apenas pelo tamanho da audiência, mas também pela diversificação das fontes de receita, que elevou seus ganhos anuais para a faixa de US$ 8,3 milhões a US$ 10,9 milhões — um desempenho que atrai até investidores de private equity.
Além disso, o crescimento médio da audiência dos influenciadores brasileiros em 30 dias é de aproximadamente 2,96%, o que demonstrando um aumento contínuo. Outro ponto é de que os influencers já ultrapassam as cinco maiores redes de TV brasileiras juntas e oferecem um engajamento de quatro a seis vezes maior. Além disso, 85% dos principais criadores nacionais são multiplataforma, ou seja, são ativos em três ou mais redes sociais.
Top 10 influenciadores do Brasil
A pesquisa “Qual o Cenário da Creator Economy no Brasil?” ainda aponta uma lista geral de Top 10 influenciadores do país, combinando dados verificados dos criadores em diferentes plataformas, sinais de crescimento, evidências de monetização e amostras de postagens de mais de cinco mil peças de conteúdo.
Ou seja, o relatório não considera apenas critérios como números de seguidores e popularidade, mas também presença ativa, frequência de publicação de posts, taxa de engajamento, taxa de crescimento e outros fatores que demonstram a real conexão com a audiência. Veja abaixo:
- Neymar: ícone global do futebol com estratégia de republicações no IG/TikTok/X. Mantém alcance diário acima de 40 milhões;
- Virginia Fonseca: empresária com grande foco em conteúdo sobre estilo de vida;
- Zé Felipe: cantor que expõe bastidores para envolver os fãs;
- Cleyton da Silva (Spider Slack): criador de conteúdo de comédia, combinando vídeos curtos com conteúdo aprofundado;
- Lucas Rangel: influencer que aposta em formatos de desafios virais e esquetes seriadas;
- Hytalo Santos: influenciador que explora a paternidade e conteúdo familiar para se conectar com comunidades;
- Vinicius Júnior: outro ícone global do futebol, que mostra o dia a dia nos campos, bastidores e aborda discussões sociais;
- Emilly Vick: criadora de conteúdo que traz brincadeiras virais e vídeos de desafios;
- Camilla Pudim: creator com foco em desafios e tutoriais de maquiagem;
- Marcelo Vieira: ex-jogador de futebol e atual empresário que explora conteúdo pessoal e estilo de vida.
Múltiplas plataformas
Outra característica apontada pelo estudo da Favikon com a People2Biz é a presença simultânea dos influenciadores em múltiplas plataformas. As combinações de canais mais comuns incluem Instagram, TikTok e YouTube — utilizadas por 30% dos criadores —, enquanto outros 11% concentram-se em Instagram e TikTok. Já a presença exclusiva em uma única plataforma é rara: apenas 3% dos influenciadores trabalham dessa forma.
Segundo Jeremy Boissinot, CEO da Favikon, a combinação entre Instagram, TikTok e YouTube representa um ponto de equilíbrio estratégico para o crescimento da audiência. “Os criadores que estão presentes nessas três plataformas conseguem combinar alcance e direcionamento, atingindo taxas de crescimento próximas às de quem foca exclusivamente no YouTube. Essa estratégia multiplataforma bem calibrada tem se mostrado uma das mais eficazes para escalar audiência de forma sustentável e se manter competitivo no topo da Creator Economy”, destaca.
Formatos de conteúdo vencedores
Ainda de acordo com o levantamento, os Reels do Instagram seguem como o formato que mais engaja nas redes sociais, com uma média de 31,6% de interações por publicação. Os vídeos longos aparecem logo atrás, com média de 21,9%, mas com um desempenho mais consistente entre as publicações analisadas. Isso mostra que o público mantém um interesse sólido por conteúdos em formato mais longo ou híbrido. Já os posts estáticos — como imagens e carrosséis — têm engajamento mais baixo (média de 9,4%), mas continuam relevantes como ferramentas para fortalecer a presença da marca e comunicar mensagens educativas.
Os Shorts do YouTube, por sua vez, registram os menores índices de crescimento (média de 3,4%), indicando que seu uso pode ser mais eficaz quando estratégico, como para despertar o interesse do público e direcionar para materiais mais completos. O estudo também indica uma distribuição desigual no desempenho dos conteúdos, com poucos posts puxando a média para cima, o que reforça a importância de testar diferentes formatos. A recomendação é apostar em um mix estratégico: Reels pontuais com chances de viralização e vídeos longos para garantir engajamento constante.
Projeções futuras da pesquisa
Em 2025, o que impulsionou o crescimento da Creator Economy no Brasil, segundo o estudo Favikon/People2Biz, foi a combinação de vídeos curtos, vídeos mais longos e multiplataformas. Nos próximos anos, a expectativa é que as marcas abandonem de vez colaborações com influenciadores em canais únicos e financiem parcerias integradas em dois ou mais ecossistemas. De acordo com a pesquisa, os criadores devem tratar a publicação cruzada como padrão e equilibrar o sucesso com as marcas com ativos próprios.
Para Luis Claudio Allan, CEO da People2Biz, os criadores mais valiosos não são apenas virais, são confiáveis. “Criadores B2B no LinkedIn, educadores de nicho no YouTube e contadores de histórias familiares no Instagram geram resultados comerciais reais — geralmente com custos baixos e fama zero. Isso é uma valiosa lição pro setor, que não precisa se apoiar apenas nos grandes creators e deve também ter em mente os microinfluenciadores”, comenta.
“Os criadores de destaque hoje não são apenas bons diante das câmeras, eles são eficientes. A estratégia dominante que vemos entre os perfis de rápido crescimento é gravar um vídeo vertical curto, adicionar uma legenda nativa, republicá-lo como um Reels do LinkedIn e, em seguida, transformar a transcrição em um carrossel de 3 slides. O que separa os melhores dos demais não é o tamanho do público ou o nicho, mas sim o fluxo de trabalho”, conclui Jeremy Boissinot, CEO da Favikon.