Stablecoins
Stablecoins (Foto: Canva)

As stablecoins atreladas a moedas locais movimentaram US$ 4,8 bilhões na América Latina em 2025, segundo o LATAM Stablecoins Report, da Iporanga Ventures em parceria com Jeeves, Stark Bank e Solana Foundation. O estudo analisa a evolução de tokens lastreados em real, peso mexicano e peso colombiano.

O relatório aponta o avanço do uso institucional e das operações de câmbio on-chain como os principais vetores desse crescimento. A projeção é que o volume total transacionado supere US$ 6 bilhões até o fim do ano, com base nos dados on-chain coletados até agora.

Stablecoins locais x versões em dólar

O movimento acontece em um contexto mais amplo de expansão das stablecoins. Em 2025, o mercado global desses ativos ultrapassou US$ 300 bilhões em valor de mercado, com volumes de liquidação on-chain que já superam os de grandes redes tradicionais de pagamento.

Apesar disso, o ecossistema segue majoritariamente dominado por stablecoins denominadas em dólar. Embora eficientes para circulação global de liquidez, esses ativos não atendem completamente às demandas de empresas e pessoas que operam em moedas locais, como pagamentos de salários, impostos, fornecedores e despesas recorrentes.

Segundo o levantamento, a dependência exclusiva de stablecoins em dólar exige conversões frequentes para moedas locais. Esse processo adiciona custos operacionais, exposição cambial e mais complexidade ao fluxo financeiro das empresas.

As stablecoins lastreadas em BRL, MXN e COP surgem como alternativa ao levar moedas domésticas diretamente para o blockchain. Com isso, valores podem ser mantidos, transferidos e utilizados on-chain sem a necessidade constante de conversão, além de permitir a criação de produtos financeiros estruturados em moeda local.

FX on-chain concentra a maior parte do volume

Um dos principais achados do estudo é que mais de 90% do volume de swaps envolvendo stablecoins locais está ligado a operações de câmbio on-chain. Essas transações sustentam pagamentos internacionais, remessas, operações corporativas e produtos como cartões lastreados em stablecoins.

O relatório cita o caso da Avenia, que mantém pares de BRLA/USD em DEXs para viabilizar o funcionamento do cartão da Gnosis Pay, utilizado em gastos mensais superiores a US$ 1,5 milhão.

Uso institucional acelera

Os dados mostram uma mudança relevante no perfil dos usuários. Em 2024, apenas 5% do volume transacionado vinha de instituições. Em 2025, esse percentual saltou para 84%, sinalizando uma adoção crescente por empresas e players institucionais.

Atualmente, o ecossistema reúne cerca de 80 mil endereços ativos. Desse total, aproximadamente 7% realizam transações semanais, o que representa cerca de 5 mil endereços ativos por semana.

Supply e liquidez ainda são limitados

O supply total das stablecoins locais analisadas chegou a US$ 46,7 milhões, distribuídos em 11 blockchains, entre eles Polygon, Ethereum, Base, BNB Chain, Avalanche, Celo e XRP Ledger.

A liquidez on-chain também avançou. Em outubro de 2025, o valor total bloqueado em pools atingiu US$ 2 milhões, alta de 262% em relação aos US$ 618 mil registrados no ano anterior.

A atividade varia entre as redes analisadas. Em 2025, a Base passou a concentrar a maior parcela do volume transacionado, impulsionada principalmente pelo lançamento de uma stablecoin com rendimento. A Polygon aparece na sequência, beneficiada por taxas mais baixas e integração com aplicações voltadas a mercados emergentes, com parte relevante do volume ligada a operações de FX.

Um mercado ainda em estágio inicial

Apesar do crescimento acelerado, o relatório destaca que as stablecoins locais ainda representam uma parcela pequena de fluxos como comércio exterior, remessas internacionais, pagamentos corporativos e liquidez on-chain.

Segundo a análise, a ampliação da liquidez, o avanço do uso institucional e o amadurecimento dos mercados de câmbio on-chain tendem a ampliar o papel desses ativos na infraestrutura financeira digital da América Latina.