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Um dos mercados que ainda oferece grandes oportunidades para startups é o de planos de saúde para pets. Embora seja um nicho que cresce em ritmo constante, estima-se que entre 100 mil e 130 mil animais de estimação estejam cobertos por planos de saúde no país. É muito pouco em relação à imensa população de bichinhos considerados como parte da família brasileira.

Estamos falando de mais de 144 milhões de pets no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos Para Animais de Estimação (Abinpet). Deste número, 55,9 milhões são cães, 40,4 milhões aves canoras e ornamentais, 25,6 milhões gatos, 19,9 milhões peixes ornamentais e 2,5 milhões compõem o grupo de répteis e pequenos mamíferos. 

Além do mar de tutores que ainda pode ser abocanhado, o mercado pet como um todo no Brasil mostra que as pessoas estão dispostas a gastar dinheiro pelo bem-estar do seu bichinho. Seja com alimentação, brinquedos, cuidados de higiene ou veterinários. Segundo o Instituto Pet Brasil (IPB), o mercado pet cresceu 13,5% em 2020, com faturamento de R$ 40,1 bilhões. No ano passado, cujos dados ainda não foram fechados, a expectativa é que o segmento tenha crescido 22,1% a mais, ultrapassando os R$ 50 bilhões.

Mas por que ainda tem tanta gente que não investe em um plano de saúde para seu filho pet? A resposta não se restringe somente à falta de conhecimento desse tipo de benefício ou à percepção de que seja um gasto desnecessário. 

Para Otto Marques, presidente e sócio-diretor da Meu Pet Club, há uma relutância, e não vem por parte dos tutores. “Existe uma resistência natural do veterinário em compartilhar o cliente com o plano de saúde. Afinal, o atendimento particular lhe rende muito mais”, afirma Otto. Uma cirurgia, por exemplo, fora da cobertura de um plano de saúde pode ultrapassar os R$ 10 mil, dependendo da complexidade, exames preparatórios e materiais utilizados.

Otto Marques, presidente da Meu Pet Club, e seu simpático e elegante Boris

O serviço oferecido pela startup curitibana é realizado através de reembolso, sem necessidade da clínica ser credenciada. A empresa foi criada em 2019 com foco no B2B e faz parte do Grupo SVC, cujas empresas prezam pelo atendimento humanizado e focam na experiência de cada cliente. Com o propósito de “cuidar dos momentos do seu pet, para facilitar a vida de quem cuida”, a Meu Pet Club prioriza a flexibilidade de custo. Os planos começam com mensalidades de R$ 24,90 (Emergencial), com consultas do cotidiano do animal, e seguem até R$ 319,90 (Top), que cobrem até hotel pet e banho ou tosa.

Segundo Otto, 2022 será o ano de ganhar tração e ingressar também no B2C. Em breve, será possível comprar e administrar os planos de forma online, através do site e de um aplicativo (que será lançado em março), de forma facilitada. “Esperamos fechar o ano com valuation de R$ 16 milhões e cuidando de 12 mil pets”, conta. Hoje a healthtech está avaliada em R$ 10 milhões e atende 4 mil pets.

Companhia na pandemia

Com o isolamento social estabelecido pela pandemia, empresas que oferecem planos de saúde para cães e gatos, como é o caso da sergipana Plamev Pet, registraram um crescimento significativo nesse período, quando aumentou-se a adoção de pets e o consumo de itens para os mesmos.

“As pessoas sozinhas em casa reduziram os passeios por conta das restrições e acabaram interagindo mais com os seus pets e trocando sua coleira, caminha, brinquedos, etc”, comenta Pedro Svacina, presidente da Plamev Pet. Os planos oferecidos vão de R$ 29,01 a R$ 404,94, de acordo com cobertura, carência e periodicidade. 

Pedro Svacina, presidente da Plamev Pet, acompanhado pela Kyra

Em 2020, a companhia teve faturamento 500% maior que o obtido no ano anterior. Com 11 mil pets atendidos, a Plamev espera crescer a base em 1.000% e triplicar o faturamento este ano. O objetivo da empresa é ser o maior plano de saúde pet do Brasil. Para ajudar a alcançá-lo, a startup se prepara para uma rodada série B em fevereiro.

Outra startup que aproveitou o crescimento do mercado pet durante a pandemia foi a curitibana Petwell. Um plano de saúde 100% digital e descomplicado para pets de todas as idades foi o que norteou Ana Luisa Seleme e Alexandre Berger quando decidiram criar a empresa na metade de 2021.

O cliente pode escolher o plano que quiser/puder pagar, uma vez que ele determina o percentual de reembolso a ser recebido (entre 70% a 90% do valor do atendimento), bem como o valor estimado de gasto anual, de R$ 5 mil a R$ 15 mil (diluído em mensalidades). O diferencial da empresa é o uso da tecnologia para facilitar a devolução do valor gasto pelo cliente. Pelo sistema da Petwell, o tutor envia a nota fiscal e o relatório médico e, após análise, o reembolso é disponibilizado em sua conta corrente em até 5 dias.

Este ano o movimento da Petwell é de captar recursos para a tração do negócio e investir na melhoria da experiência do usuário. “A ideia é trazer mais funcionalidades ao aplicativo, como lembretes para vacinas, troca de areia do gato, acesso ao histórico de saúde do animal, etc, para o cliente não se lembrar da gente só no momento em que seu pet fica doente”, afirma Ana, que espera elevar a atual base de 200 pets para 3 mil até o fim de 2022.

Alexandre Berger e Ana Luisa Seleme, fundadores da curitibana Petwell

Aliança estratégica

Quem também está de olho no crescente mercado pet brasileiro são as seguradoras. Em abril do ano passado, a Porto Seguro se uniu à startup Petlove e criaram o plano de saúde Porto.Pet. Com a aliança, a Porto ficou com 13,5% de participação na Petlove e transferiu a sua operação de seguros pet para a startup, encerrando assim a marca Health for Pet, adquirida pela seguradora em 2015.

Segundo Talita Lacerda, que assumiu o cargo de presidente da Petlove em junho/21, saúde é de fato um dos pilares estratégicos da companhia para este ano. “Estamos preparando lançamentos inéditos e mais acessíveis no mercado pet no 1º semestre”, conta Talita. 

Talita Lacerda, presidente da Petlove

Os planos, que incluem ainda crescer o programa de assinaturas (maior mercado da Petlove), contam com uma ajudinha do cheque de R$ 750 milhões que a Petlove recebeu em 2021. O aporte foi liderado pela Riverwood Capital, com participações do Softbank Latin America e Monashees.

A Porto.Pet atende hoje 43 mil clientes, e quase 30% deles aciona o plano para utilização mensal, gerando mais de 70 mil procedimentos por mês. Os planos partem de R$ 99, para serviços ambulatoriais, até a partir de R$ 299 pelo atendimento premium, incluindo fisioterapia e acupuntura. 

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