
Nos últimos anos, inovação aberta foi palavra de ordem em diversas grandes empresas brasileiras – era como um selo de modernização para diversas incumbentes. Entretanto, em 2025, o cenário é outro, e chegou a hora de encarar a inovação com mais pragmatismo. Para especialistas da área, é hora de demonstrar valor.
Esse é o diagnóstico compartilhado por Débora Chagas, CEO da Numerik, e Giuliano Cardoso, head de inovação da Gerdau, no novo episódio do podcast MVP, gravado durante a Semana Caldeira, em Porto Alegre. Para ambos, a inovação aberta no Brasil passa por um ponto de inflexão, saindo de um modelo baseado em entusiasmo e experimentação, para entrar em um ciclo mais maduro, orientado por resultados e alinhamento com as necessidades de cada negócio.
“A inovação tem que provar valor.” Segundo ela, o período de euforia deu lugar a uma fase mais criteriosa, influenciada pelo cenário econômico de juros altos e restrição de investimentos. “Tivemos o ‘auê’ da inovação, muitas empresas criaram áreas e programas, mas agora é o momento de consistência. As que realmente acreditam em inovação estão revendo suas estratégias, mas seguem apostando”, afirma.
Na visão de Giuliano, da Gerdau, a inovação é uma maratona, não uma corrida de velocidade. “Tem momentos em que a vida não te deixa treinar todo dia, mas o objetivo continua o mesmo. A inovação não é algo que se liga e desliga”, compara. Mesmo com ajustes pontuais, ele acredita que empresas com a cultura inovadora enraizada tem o poder de sair fortalecidas dos momentos de baixa..
Mensurar impacto é o novo desafio
Se no passado a moda era criar times dedicados à inovação, CVCs e programas de aceleração, agora o desafio está em medir resultados. Segundo a CEO da Numerik, muitas corporações descontinuaram áreas de inovação por não conseguirem provar retorno.
“Tem muita empresa madura em inovação que ainda tem dificuldade de mensurar valor. É uma área que deve provar retorno como qualquer outra. Por isso desenvolvemos uma metodologia própria baseada no Innovation Accounting, para ajudar as companhias a mostrar que conexões com startups e provas de conceito geram impacto real”, explica.
Giuliano complementa: “Conseguimos atenção do board quando falamos a linguagem do negócio. Mesmo numa prova de conceito, é importante medir o aprendizado, e quando evoluímos para um MVP, precisamos quantificar ganhos concretos. Entender as métricas de cada fase é fundamental”.
O custo de não inovar
De acordo com os dois executivos, errar também é parte do processo de inovação, e pode gerar valor, desde que se converta em aprendizado. A Numerik trabalha com o conceito de “retorno sobre aprendizagem”, um indicador que mede o valor do conhecimento adquirido, mesmo quando o projeto não resulta em produto final.
“O custo de não inovar é maior do que o custo de inovar. Muitas vezes, a empresa pode eliminar custos porque aprendeu algo que evita um erro futuro. Esse aprendizado também precisa ser medido”, explica Débora.
Giuliano reforça a importância de manter a inovação como parte fixa em uma governança corporativa estruturada, com critérios para priorizar e avaliar projetos. “O custo de não inovar é a obsolescência. Quando a empresa deixa de investir, é muito mais difícil e custoso retomar isso no futuro”, afirma.
Para ouvir o papo com Debora Chagas e Giuliano Cardozo na íntegra, e saber mais das suas opiniões sobre o cenário da inovação aberta no Brasil, dê o play na nova edição do podcast MVP, disponível no Spotify e Youtube. É só escolher a sua plataforma de preferência e conferir.