Podcast MVP

Depois da tragédia, como se constrói um ecossistema antifrágil?

Entramos no Instituto Caldeira, dias após a enchente que destruiu parte do local, para conversar com o diretor Pedro Valério

MVP Caldeira
MVP Caldeira. Foto: Startups

Os impactos do desastre das chuvas no Rio Grande do Sul ainda estão longe de serem conhecidos. Pouco mais de um mês após o ocorrido, o momento vivido pelos gaúchos é de avaliar as perdas e começar o longo e tortuoso processo de reconstrução, rumo a uma normalidade que ainda não se sabe quando vai chegar. Isso também vale para o ecossistema de empreendedorismo e inovação da região, que viu um de seus mais representativos expoentes nos últimos anos, o Instituto Caldeira, ser duramente atingido pelas enchentes.

Hub que abriga mais de 130 empresas, entre grandes companhias e startups, ficou 28 dias fechado, com seu primeiro piso totalmente tomado pelas águas do Lago Guaíba. Segundo dados preliminares do próprio instituto, os prejuízos da comunidade do hub passaram dos R$ 400 milhões.

Entretanto, assim que a água baixou, o Caldeira já reagiu, inclusive reabrindo suas portas para receber empresas e colaboradores em seu segundo e terceiro piso.

“O Caldeira nasceu não pra ser um projeto de 5 ou 10 anos, mas pra ser um projeto que dure centenas de anos, que consiga contribuir pro desenvolvimento do nosso estado”, disparou Pedro Valério, diretor executivo do local, no mais novo episódio do podcast MVP.

Aliás, para esta nova edição do MVP, fomos para dentro do hub, em um estúdio improvisado em meio à área destruída, para mostrar de perto como as milhares de pessoas que frequentavam o Caldeira diariamente foram afetadas.

Para Pedro, porém, neste momento de remobilização, o plano do hub é não apenas reconstruir, mas repensar o local e o ecossistema como um todo para ser mais resistente a futuras intempéries.

“Para um hub que nasceu na pandemia e que agora passou por uma enchente, a tese é a gente precisar construir uma personalidade, uma característica, um DNA antifrágil. É a ideia de que, em situações de alto estresse, de alta complexidade, que a gente saia melhor. A gente tem uma oportunidade agora de fazer o uso dessa catástrofe para poder endereçar problemas que a gente já tinha”, diz Pedro.

Os problemas referidos por Pedro têm a ver com a região do hub, o chamado Quarto Distrito, que por décadas foi negligenciado pela cidade, e vivia uma revitalização nos últimos anos, tendo o Caldeira como um de seus pilares. Entretanto, com a enchente, problemas de infraestrutura da região vieram à tona, e esta é um tema que agora o hub quer endereçar, tanto em participação nas discussões públicas, mas também como tese de inovação dentro de seu ecossistema.

“Existiam as perguntas, vamos sair do Quarto Distrito? Não, não vamos sair do Quarto Distrito. Já era uma área complicada. A gente não é um hub que nasceu em uma área super nobre, com tudo feito. Pelo contrário, o Caldeira foi escolhido ser feito no Quarto Distrito por entender que é uma área absolutamente relevante, que precisa de uma atenção redobrada e que, de alguma maneira, o papel da iniciativa privada ao assumir o risco e vir pra cá é, de alguma maneira, funcionar como um indutor de melhorias”, afirma Pedro.

Para ouvir mais sobre como o Instituto Caldeira e suas empresas enfrentaram um dos maiores desastres da história do Rio Grande do Sul, e como o hub e o ecossistema como um todo estão reagindo para dar a volta por cima, confira agora o novo episódio do podcast MVP, uma edição especial gravada diretamente do olho do furacão. Está disponível no YouTube e no Spotify do Startups.