Quando a TV foi introduzida nas casas das pessoas na década de 1950, o mundo da mídia entrou em sua primeira grande era: a de geração de demanda em escala. Mais aparelhos, com mais gente assistindo, criaram o espaço para marcas se apresentarem ao público e construírem suas reputações por meio da publicidade. Na década de 1990, uma segunda onda teve início com a internet se tornando o lugar onde a atenção está concentrada. Nos anos 2010, um novo movimento mexeu com o mercado: as redes sociais se tornaram as grandes plataformas. Agora, na 4ª onda da mídia, o momento é dos criadores de conteúdo.
Com o excesso de informação na internet, eles se tornaram uma espécie de filtro, curadores que reúnem pessoas em torno de interesses comuns e as ajudam a tomar decisões sobre que produtos usar. Claro que eles ainda dependem das ferramentas e alcance gerado pelas próprias plataformas. Mas esse fenômeno da casa alugada, parece ter prazo, e a inversão do balanço de poder está em curso. “O CEO do Instagram, Adam Mossari, fez um TED Talk onde fala que a concentração de poder nas plataformas de redes sociais foi uma consequência inesperada e que ao longo dos próximos anos haverá uma trnasição de poder das plataformas como as que ele e o time dele são responsáveis para as mãos de um grupo de pessoas que a gente passou a chamar de creators. E isso está acontecendo”, diz Rapha Avellar, fundador e CEO da BrandLovrs, startup que conecta influenciadores e marcas. O fundador é o convidado desta semana do podcast MVP. O episódio está disponível no YouTube, no Spotify e nas principais plataformas de áudio.
Segundo Rapha, esse fenômeno acontece por conta do aumento da competição entre as próprias plataformas. Hoje, existem diversas opções para publicação de conteúdo. E os criadores de conteúdo que conseguem estabelecer a sua autoridade além da plataforma, podem migrar entre eles. Com isso, o potencial de geração de receita para os creators é enorme. Só no Brasil são 13 milhões de pessoas que podem explorar melhor a possibilidade de venda de publicidade e também outras vertentes como a criação de produtos próprios etc.
Neste contexto, a BrandLovrs quer ajudar os criadores de conteúdo a otimizarem o uso dessa “capacidade ociosa” e operarem no máximo de suas possibilidades de rentabilização. O negócio surgiu há menos de dois anos e já levantou R$ 45 milhões para isso. Na rodada mais recente, liderada pela Kaszek, foram R$ 35 milhões. Detalhe: o processo levou cerca de 90 dias para ser concluído e aconteceu sem que as companhias tivessem um relacionamento prévio. A relação foi construída ao longo das conversas para o aporte. “Eu já levantei R$ 150 milhões e aprendi três coisas que eu quero em um sócio: alguém que acredite na visão e se empolgue com o que eu o meu time estamos fazendo; visão de longo prazo e ter pessoas profundas perto de mim. Não quero alguém que entre na reunião só por entrar na reunião”, pontua Rapha.
Fundador da agência de publicidade Avellar, que depois virou Adventures em sociedade com o ex-Ambev Ricardo Dias, diz que um problema de fundadores que querem captar dinheiro, especialmente em um momento de mercado mais restritivo como o atual, é apresentar um foto, não um filme para os investidores. Segundo ele, é preciso mostrar crescimento do negócio e, principalmente, aprendizados, movimento. “Movimento gera informação. E informação gera aprendizado. Aprendizado evolui o seu negócio”, destaca.
Com uma equipe formada basicamente por engenheiros, a startup quer resolver a questão por meio de tecnologia. Com base em dados, a ideia é permitir fazer com que os criadores de conteúdo certos sejam conectados às marcas certas direto pela ferramenta, sem a camada de serviços que normalmente envolve esse tipo de atividade. Hoje a companhia tem mais de 100 mil talentos e atende marcas como Magazine Luiza, Reserva, Tinder, Mercado Livre, Claro, Burger King e Americanas.
O podcast MVP traz episódios novos todas as quartas-feiras. Siga o perfil nas plataformas para receber uma notificação quando um novo episódio for publicado.