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A união da tecnologia e do setor imobiliário tem gerado bons resultados no ecossistema de inovação e atraído investidores globais com produtos e serviços para melhorar a experiência do mercado. Com tantas soluções para todas as pontas, incluindo unicórnios consolidados no Brasil, a pergunta que fica é: Tem espaço para mais?

Para Gregorio Kelner, cofundador e CEO da proptech Bel, a resposta é sim. “Existe um grande gap de um player que nasça ao lado das imobiliárias, ajudando-as a trazer clientes da forma mais inteligente e sem competir com elas”, afirma. O executivo explica que as maiores empresas com soluções para o mercado imobiliário – sejam elas grandes sites como ZAP Imóveis e Viva Real, ou proptechs como Loft e QuintoAndar – não se posicionaram desde o início como aliados das imobiliárias.

“No segmento de busca por imóveis temos, de um lado, grandes proptechs como Loft e QuintoAndar, que surgiram para ser as grandes imobiliárias digitais do Brasil. Apesar de terem reformulado o modelo e hoje aceitarem imóveis de terceiros, elas começaram como concorrentes das imobiliárias tradicionais. De forma semelhante, grandes portais como ZAP fizeram um movimento para que os usuários não precisassem das imobiliárias e buscassem apartamentos direto em suas plataformas”, diz Gregorio.

Ele destaca que mais de 90% dos imóveis no Brasil estão nas mãos das imobiliárias e que elas ainda geram a maior parte da receita para as plataformas, muito mais do que as pessoas físicas anunciando seus apartamentos. “A única forma de ser relevante é ter as imobiliárias com você. Hoje muitas são parceiras dos grandes players, mas ainda têm desconfiança com o modelo, porque em algum momento eles se posicionaram como concorrentes. Nenhum player relevante nasceu ao lado das imobiliárias – e é aí que queremos atacar”, pontua.

Buscador de imóveis

A proposta da Bel desde o dia 0 é ser um parceiro das imobiliárias, se posicionado como o grande buscador de imóveis do Brasil. Fundada em meados de 2022, a proptech analisa todas as informações dos imóveis para o cliente e entrega resultados de forma otimizada e assertiva. Para criar o negócio, Gregorio uniu-se a Guilherme Mitre e Rodrigo Fraga, com quem fundou a fintech iUPay, adquirida pelo Guiabolso (PicPay); e Maria Eduarda Herriot, fundadora da empresa de análise de documentação para o mercado imobiliário Legaut, adquirida pelo QuintoAndar.

A plataforma funciona como um Google para quem está à procura de um imóvel, ou seja, um buscador que reúne todos os anúncios de imóveis da internet em um único lugar. O sistema usa inteligência artificial para agrupar todos os anúncios do mesmo imóvel, retirar aqueles que não estão mais disponíveis e eliminar informações erradas ou desatualizadas. Além disso, analisa todas as ofertas e apresenta aos usuários aquelas que fazem mais sentido com o que eles estão procurando. “O usuário consegue ter tudo em um só lugar, o que faz com que a busca seja muito mais rápida e certeira”, explica Gregorio.

Fundadores da Bel
Guilherme Mitre, Rodrigo Fraga, Maria Eduarda Harriot e Gregorio Kelner (Foto: Divugação)

Planos de 2023

A proptech anda a todo vapor. A companhia mal anunciou a sua rodada pré-seed, no valor de R$ 2,5 milhões, e já está estruturando os seus próximos passos, que incluem o fortalecimento da área de dados e uma nova captação ainda em 2023.

“Nossa plataforma traz o que os grandes portais tem de bom (grande quantidade de anúncios) e o que as grandes imobiliárias digitais tem de bom (qualidade de anúncios).  Além disso, começamos a estruturar um terceiro pilar, agregando dados inéditos aos anúncios que nenhuma outra plataforma de imóveis mostra”, diz Gregorio.

Ele explica que o mercado de anúncio de imóveis no Brasil ainda é muito pobre em informação se comparado com setores como o dos Estados Unidos. Lá fora, muitas plataformas já são capazes de apresentar o histórico do anúncio e de preço do imóvel, valor da última venda, há quanto tempo o apartamento está no mercado e até quantas imobiliárias estão vendendo. 

Por isso, o objetivo da Bel para os próximos meses é investir ainda mais forte em tecnologia para incrementar a área de dados. Ainda no 2º trimestre, a proptech espera reforçar a área de dados com informações que ajudem o usuário a entender melhor o que está buscando, trazer mais transparência e encurtar a distância entre o comprador e o imóvel.

Com o dinheiro do pré-seed, a companhia validou a solução com os primeiros clientes, aperfeiçoou o produto, conquistou os primeiros usuários e garantiu a melhor experiência de ponta a ponta na plataforma, dos compradores de imóveis às imobiliárias em busca de novos leads.

O aporte foi feito por executivos como Rafael Duton (Movile), Gustavo Debs (Zup), Tulio Kehdi (Raccoon), Gustavo Caetano (Sambatech), Ricardo Feferbaum (Ex-Vice Presidente do Grupo ZAP), Marcelo Sampaio (Hashdex), Roberta Antunes (Hotel Urbano), Gabriel Guimarães (Brex) e Marcello Berland (Ex-CEO da Shopee América do Sul). O consultor Geraldo Ferrer e o fundo Orla Ventures também participaram da rodada, que avaliou a startup em US$ 5,4 milhões.

Apesar da ressaca no mercado de venture capital, a startup está confiante de que vai colocar mais gasolina no tanque nos próximos meses. Uma nova captação, um seed entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões, deve ser concluída entre o final do 2º trimestre e o início do 3º. Dessa vez, o foco será escalar a solução, buscando aumentar a base de usuários sem deixar de lado o olhar para a experiência do usuário. 

Hoje a operação está restrita ao Rio de Janeiro, onde a proptech tem parceria com 3 imobiliárias, incluindo Lopes Enjoy e o app EmCasa, e cerca de 314 mil imóveis na cidade na base de dados. A startup espera ampliar a atuação para outras cidades ainda este ano, especialmente em São Paulo, pelo alto volume de classificados.

“O mercado se adequou, está menos aberto a investimentos, mas as maiores dificuldades estão em estágios mais altos do que o nosso, da série B para frente. No estágio inicial, houve mudanças, a barra está mais alta e algumas coisas não são mais aceitas, mas não é tão problemático”, analisa Gregorio. Para o executivo, a mensagem clara do momento é ser enxuto e sustentável desde o início. “Não é uma boa colocar um time imenso e captar um grande volume de dinheiro super rápido. É um recado bom para ser mais racional”, observa.

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