O Grupo Pereira pode não ser um nome assim tão reconhecido nos grandes centros. Entretanto, através de marcas como Fort Atacadista e Comper Supermercados, o grupo catarinense tem uma presença massiva nas regiões Sul e Centro-Oeste do país, com seis décadas de atuação. Agora, o grupo está de olho no ecossistema de inovação, e para isso resolveu lançar um programa próprio de aceleração para retailtechs.
Chamado Grupo Pereira Startups (GPS), o programa é voltado a soluções tecnológicas para o varejo e para tecnologias emergentes. Segundo Alfredo Lopes, Diretor de Tecnologia do Grupo Pereira, o plano é impulsionar o crescimento de startups no setor de varejo, e não apenas ficar no padrão de muitos programas corporativos, que é o de solucionar dores internas da empresa mantenedora.
“A virada de chave, que levou a criar o GPS, se deu ao perceber que muitas iniciativas de inovação aberta, em essência, estavam considerando essas soluções apenas como fornecedoras de respostas para dores internas. A partir daí, entendemos que era a hora de também criar uma oferta estruturada de aproximação com as startups de forma que também pudéssemos passar a trata-las como oportunidades de negócio. Não é comum vermos o setor supermercadista nesta forma de relacionamento com esse ecossistema”, explica Alfredo, em conversa com o Startups.
Para a primeira chamada do programa, que ainda está aberta, o plano do grupo é selecionar de cinco a seis startups, em um formato equity-free, sem exigir participação societária nos negócios.
Os participantes escolhidos contarão com acesso a mentoria de especialistas, palestras, e a oportunidade de conhecer a matriz do Grupo Pereira em Campo Grande no início do programa, além de uma imersão na maior praça em Florianópolis ao final do ciclo. O Grupo Pereira busca startups de base tecnológica que já tenham um MVP validado e estejam operando ou em processo de tração.
Segundo Alfredo, o foco é retailtechs, principalmente com soluções em experiência do cliente, gestão de estoque e supply chain, operação e eficiências de lojas, engajamento e fidelização do cliente, redução de desperdício e prevenção de perdas.
“Já em tecnologias emergentes, direcionamos para soluções aplicadas ao varejo de IA e visão computacional, IoTs, tecnologias imersivas e multisensoriais, biotecnologia e alimentos inteligentes, Autonomia avançada, nanotecnologia e embalagens inteligentes”, complementa.
Possibilidade de investimento
Conforme explica do diretor de tecnologia do Grupo Pereira, a iniciativa será conduzida 100% dentro da área de inovação que o grupo varejista possui dentro de casa, e já tem o orçamento alocado para tocar duas turmas – contudo, a empresa não abre valores.
“Café no bule” a companhia tem. Atualmente, o grupo está em sétimo lugar no ranking de maiores varejistas do país, com mais de 140 unidades de negócio (supermercados, farmácias, atacadistas e outros) e um faturamento anual de R$ 13 bilhões (números de 2023).
“O orçamento está atualmente dedicado à realização de duas edições: o piloto, em 2025, e a versão consolidada, em 2026. Para este ano, questões como a e tese de investimento e eventualmente um fundo para eartly stage estão no radar, conforme as oportunidades”, revela o executivo.
Apesar da tese de investimentos seja uma visão para o médio e longo prazo, Alfredo revela que mesmo na primeira turma existe a possibilidade do Grupo Pereira fazer alguns investimentos pontuais, especialmente se alguma startups em aceleração abrir uma rodada.
“Ainda é cedo pra dizer se faremos o investimento ao final em apenas uma, ou em todas, mas essa condicional está diretamente ligada ao tipo de crescimento que o Grupo querer impulsionar durante o GPS das startups e a resposta que elas trarão”, avalia Alfredo, frisando que a varejista já fez alguns movimentos de investimento em startups, como na retailtech Instivo. “O que temos se pretende a partir do GPS é a criação de uma esteira de oportunidades de investimento ao final do programa”, completa.