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Apesar de já ter evoluído bastante nos últimos anos, o mercado brasileiro de cannabis medicinal ainda tem bastante a progredir, tanto em número de usuários, quanto no trabalho de desmistificar o uso da substância. A fim de contribuir para a mudança deste cenário e – é claro – impulsionar seus negócios, a Cannect vai apostar na mídia. Para isso, ela acabou de levantar uma rodada de R$ 5 milhões com a 4Equity.

“Queremos ‘furar a bolha’ do mercado de cannabis aqui no Brasil, falando com um público mais amplo e diminuindo os preconceitos que ainda existem quanto a este tipo de tratamento”, dispara Allan Paiotti (foto), fundador e CEO da Cannect, em papo exclusivo com o Startups.

Fundada em 2021, a Cannect nos últimos anos se firmou como um markeplace para que pacientes crônicos tenham um acesso simplificado a tratamentos à base de cannabis. No ano passado, a companhia bateu os R$ 50 milhões em valores transacionados.

Em sua trajetória, mais de 50 mil pessoas já foram tratadas na plataforma da Cannect, que conta com cerca de 3 mil médicos cadastrados para consultar e prescrever os medicamentos – uma marca notável, visto que no país apenas 5 mil médicos tem autorização para prescrever estas substâncias.

“Crescemos muito nesses ultimos três anos, o que mostrar que ser esse agregador de demanda se mostrou muito acertado”, diz Allan, explicando suas razões para não competir com outras startups que resolveram apostar em produtos próprios. Atualmente, no marketplace da Cannect são oferecidos cerca de 800 produtos, e todos eles passam por uma curadoria de um time da healthtech. “Temos um corpo técnico que avalia e seleciona os produtos antes de colocar à venda”, pontua.

A rodada chega um ano depois da maior captação feita pela companhia. No ano passado, ela recebeu um cheque de valor não aberto da Supera Capital, fundo composto por pesos pesados como Globo Ventures, Luciano Huck, Gilberto Sayão e Duda Melzer. A Bluestone, fundo composto por ex-funcionários da Pátria Investimentos, também entrou na rodada.

Somando aí as rodadas anjo que a empresa recebeu em anos anteriores, a companhia já levantou mais de R$ 40 milhões em investimentos e isso já rendeu aquisições: o portal de conteúdo Cannalize e a plataforma de cursos Dr. Cannabis. Agora com a 4Equity, a Cannect quer dobrar a sua aposta na parte de educação e conscientização.

A onda vem aí

A missão é ambiciosa, mas como o aporte acabou de ser assinado, a estratégia de utilização dos recursos ainda está em formulação. O plano da empresa é usar toda a rede da 4Equity, com seus canais como TV, outdoor, influenciadores, mídia programática, entre outros, mas com uma estratégia ajustada.

Segundo o CEO, não se trata de um plano de curto prazo, e não será tão focado na venda dos medicamentos. “Não é mídia de ponto de venda, mas sim de educação. Entretanto, queremos fazer isso de forma estruturada, claro, sem esquecer dos negócios da Cannect, mas sim para preparar o mercado e nos posicionarmos na vanguarda deste mercado”, explica.

Segundo Allan, a abertura do mercado de cannabis medicinal no Brasil não é mais uma pergunta de “se vai acontecer” e sim de “quando vai rolar” – e os números provam isso. Segundo dados da BRCann (Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides), a demanda por estes produtos atingiu níveis recorde no Brasil, aumentando 127% em vendas em 2023.

Quer mais números? Então toma: atualmente, cerca de 500 mil pacientes crônicos no Brasil fazem tratamentos com base na cannabis medicinal. Entretanto, cerca de 130 milhões de pacientes cadastrados no SUS tem condições que poderiam ser tratadas a partir destes produtos – e é com esse público que a Cannect quer usar a mídia para se conectar.

“Queremos abrir um canal de comunicação com o público em geral, preparando e educando boa parte destas pessoas para a evolução do mercado, que é algo que vai acontecer, eventualmente”, avalia Allan, frisando que as startups que estiverem bem posicionadas com uma possível abertura do mercado, como já se viu em outros países, terá uma vantagem competitiva.

Essa aposta no crescimento do mercado da cannabis medicinal foi também o que a atraiu a 4Equity na hora de investir na Cannect. “Foi uma decisão relativamente fácil, depois de conhecer o setor e da oportunidade de crescimento que ele representa”, afirma ao Startups Renato Mendes, cofundador do fundo de media for equity.

Conforme revela o investidor, a gestora até tinha temores de que algum veículo do fundo tivesse resistência ao projeto – já que é uma proposta bem diferente de outros aportes feitos pela 4Equity – as últimas rodadas foram em marcas bem mais convencionais de varejo, como Shopper e Daki, por exemplo. Entretanto, segundo Renato, a reação foi unânime em favor do investimento, mostrando o potencial do negócio e do setor.

“Estamos investindo não apenas em um negócio, mas em uma indústria, a partir solução capaz de transformar o mercado e a vida dos clientes. A onda tá vindo, e nós nos juntamos com quem já está com a prancha para surfá-la”, finaliza Renato.

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