A Clara, fintech e unicórnio mexicano de serviços financeiros e gestão de despesas para empresas, acabou de receber um novo aporte. A empresa expandiu a sua rodada série B do fim de 2021, quando recebeu US$ 70 milhões da Coatue, e agora coloca mais US$ 60 milhões no caixa.
A nova rodada foi liderada pela GGV Capital, com participação de novos associados, incluindo a Acrew Capital, Citius, Citi Ventures, Endeavor Catalyst, Ethos, Commerce Ventures, Goanna Capital, Bayhouse Capital, Fluent Ventures e LAGO Innovation Fund. O aporte também teve o follow-on de atuais investidores da Clara, como monashees, Coatue, Picus Capital, DST Global Partners, Alter Global, General Catalyst e mais de uma dúzia de investidores anjos.
Segundo a a empresa, os recursos serão usados para impulsionar o desenvolvimento tecnológico da plataforma da Clara, assim como reforçar os planos de consolidação da companhia no cenário latino-americano, em especial o Brasil. Segundo a companhia, o país deve em breve se tornar o principal mercado dos três em que a Clara atua (México e Colômbia são os outros).
“Este capital chega em um momento em que precisamos cada vez mais entregar valor aos consumidores”, pontua Gerry Giacomán Colyer, CEO e cofundador da Clara, em entrevista ao Startups. Segundo ele, o investimento tem como função manter o ritmo de crescimento que a companhia tem anotado nos últimos tempos.
Perguntado se a rodada representou um downround ou flatround em relação ao aporte de 2021, quando ficou avaliada em US$ 1 bilhão e se tornou o unicórnio mais rápido da América Latina a chegar neste patamar (apenas 8 meses de mercado), o CEO desconversou, voltando o assunto ao foco da companhia em impulsionar seu crescimento.
Entretanto, conforme apurou o Startups junto a fontes de mercado, os termos da nova captação vieram às custas de um corte no valuation, o que tiraria a Clara do respeitável clube dos unicórnios latinos. Perguntado sobre esta informação, a empresa preferiu não se pronunciar.
Lucrativa e escalável
Apesar de se manter reticente sobre seu crescimento e suas finanças, a companhia tem destacado alguns dados de 2022, ano em que emitiu no Brasil cerca de 27 mil cartões de crédito corporativos, físicos e virtuais, e processou cerca de 500 mil transações, representando um montante de US$ 48 milhões. Atualmente a empresa possui cerca de 10 mil clientes nos três mercados em que atua – no Brasil, são aproximadamente 2 mil.
“Estamos focando em métricas que coloquem o negócio em uma modelo lucrativo e escalável”, afirmou Gerry, sem querer entrar em números.
Em entrevista ao Startups em dezembro do ano passado, o general manager da Clara, Layon Costa, destacou que o Brasil representa 30% do faturamento da empresa na América Latina, e para 2023 a estimativa é que ele passe a ter a maior fatia do bolo – uma previsão com a qual o CEO concorda. “Baseado nas tendências que observamos recentemente, Brasil pode vir a representar 50% (da receita)”, avalia Gerry.
Com mais de dois anos de operações, a Clara já obteve US$ 160 milhões em financiamento de capital e reportou mais de 5 milhões de transações com seus cartões de crédito, com um volume transacionado equivalente a US$ 1 bilhão.
O cheque da GGV chega algumas semanas depois de uma outra captação realizada pela fintech. Em março, a companhia levantou um financiamento de US$ 90 milhões, em uma operação realizada com a norte-americana Accial Capital e pelo fundo colombiano Skandia FCP IMPACTO. No caso desta captação, Gerry explicou que a o plano é ter mais liquidez para a oferta de produtos para os clientes.
Foi a segunda vez em menos de um ano que a Clara faz uma captação por linha de crédito. Em agosto de 2022, o Goldman Sachs aprovou um financiamento de US$ 150 milhões que permitiu que a empresa fortalecesse as operações no México.
“Estas rodadas nos colocam em uma posição forte para competir no mercado”, afirma o CEO da Clara, sem mostrar muita preocupação com o cada vez mais acirrado cenário de finanças corporativas no Brasil, que além de empresas estabelecidas como Conta Simples e Portão 3, agora conta com um número considerável de entrantes vindos de outros segmentos, como a Caju e Flash.
Investimento em talento
Sobre a nova rodada, outro ponto levantado pelo manda-chuva da Clara é a aposta em talentos de alto nível para reforçar áreas estratégicas como engenharia, produto e risco.
A empresa recentemente anunciou a contratação de Raquel Hernández, ex- Gerente de Engenharia da Meta, que foi nomeada VP de Engenharia. Eduardo Moore – anteriormente na Bitso e Nubank, juntou-se como Diretor de Produto da Clara Brasil. Alberto Ramos e Nicolas Caccaviello foram nomeados Diretor de Operações e Receita e Diretor de Fraude e Aceitação, respectivamente. Tina Reich, ex-Chefe de Crédito da American Express, entrou como Observadora do Conselho e Consultora de Risco.
A forte movimentação da fintech para contratar executivos de renome foi um atrativo para a GGV na hora de investir. Segundo Hans Tung, sócio-diretor da gestora, a equipe da Clara atualmente é uma das mais fortes que ele viu no segmento. “Em resumo, eles construíram uma empresa líder na América Latina e as oportunidades à frente são inúmeras. Esperamos apoiar Gerry e sua equipe na missão de se tornar uma das empresas de maior impacto na região”, finaliza Hans.