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O segmento em que a Agidesk compete está longe de ser um oceano azul. Na seara de aplicações para gestão de processos, CSC e help desk, ela não apenas concorre com diversas empresas nacionais de TI e startups, como também bate de frente com grandes nomes internacionais (Zendesk e ServiceNow são apenas dois deles). Contudo, estar na arena com os “grandões” não intimida a empresa. Aliás, ela acabou de levantar uma rodada para se fortalecer nessa briga – R$ 4,5 milhões liderados pela BR Angels.

“É um aporte abaixo até do valor que nos foi aprovado, mas resolvemos ser mais cautelosos, pegando um valor que nos permitirá fazer todas as ações que precisamos para crescer e chegar de forma mais robusta em uma série A”, pontua Veridiana Cavalheiro, CEO e cofundadora da companhia, em entrevista ao Startups.

Com a injeção de capital, o plano da empresa é de construir em cima do crescimento que obteve no ano passado, que foi de 60%. Para 2024, a meta é ainda maior – o plano da Agidesk é o de ativar o “turbo” e crescer 150%, mas “pautado na sustentabilidade”, conforme explica a executiva.

Cada crescimento que a gente tem, ele se torna sustentável porque é incremental sempre, ano após ano. Então, isso se reflete na qualidade da nossa entrega pro cliente. “A gente sempre priorizou a qualidade do produto, a qualidade da entrega. E aí, agora, com essa estruturação de processos, com esse dinheiro em caixa, a gente vai conseguir priorizar não só a qualidade do produto, a qualidade da entrega, mas a expansão de novos canais de aquisição”, destaca.

Segundo Veridiana, é esta mistura entre tecnologia escalável e um contato ainda próximo com os clientes que tem rendido frutos para a startup. Sediada no Instituto Caldeira, em Porto Alegre, mas com atuação em todo o país, atualmente a Agidesk atende centenas de clientes, incluindo nomes grandes como Grendene, Unimed e Decathlon.

Além disso, parte do investimento será destinado a ampliação da venda outbound, algo que começou há pouco tempo na empresa e que será impulsionado para contribuir nas metas de crescimento estabelecidadas para o ano. Entretanto, mesmo no uso do dinheiro o plano é manter a cautela. “Esse lastro financeiro, ele vai ser utilizado sempre com foco no breakeven. Então a gente vai, investe uma parte, faz o breakeven. Investe mais um pouco, breakeven”, explica.

“A gente também planeja investir significativamente no desenvolvimento do portfólio de produtos e na melhoria da experiência do usuário. A meta é fortalecer a presença da marca no mercado nacional e estabelecer parcerias estratégicas que ampliem o alcance e a eficiência operacional. Com essas ações, almejamos não só consolidar a posição da Agidesk no Brasil, mas também preparar o terreno para futuras expansões internacionais”, avalia a CEO.

Melhorando a oferta

Apesar de ter a venda consultiva e o atendimento no centro de sua estratégia, a companhia aposta em uma reorganização do seu portfólio para abrir o caminho da escalabilidade e crescer de forma acelerada. A empresa expandiu sua oferta de uma plataforma única para três tiers de serviço. Além da versão standard, ela oferecerá a versão growth, mais básica e com potencial de venda self-service, e uma com mais recursos a clientes de nível enterprise, com mais camadas de inteligência e de multicanalidade.

“A gente atendia mais em clientes maiores, pois o nosso foco sempre foi atender médias e grandes empresas. Tanto que a máxima maioria da nossa carteira de clientes tem mais de 500 colaboradores. Só que agora, com essa divisão, isso vai permitir que a gente atenda um outros perfis de cliente também”, afirma Veridiana.

Ricardo Karam (COO), Veridiana Cavalheiro (CEO), Bruno Ukoski (CTO) e Juliano Murlick (CSO), da Agidesk (Crédito: divulgação)
Bruno Ukoski (CTO), Veridiana Cavalheiro (CEO), Ricardo Karam (COO) e Juliano Murlick (CSO), da Agidesk (Foto: Divulgação)

Segundo a CEO, com este novo posicionamento o plano da companhia é o de se posicionar de forma clara como uma solução abrangente para automação de processos. “Dentro da automação de processos, eu posso atender um centro de serviços compartilhados, como eu já atendo hoje em diversos cenários dentro dos meus clientes. E eu posso, sim, seguir atendendo um cliente que é só helpdesk. O cliente aqui vai dizer como que ele quer automatizar e o que ele quer automatizar”, diz a executiva.

Apesar da lista de concorrentes ser grande, desde startups até big techs, Veridiana frisa que o potencial no mercado brasileiro ainda é pouco explorado – segundo um levantamento da própria Agidesk, é um potencial inexplorado de mais de R$ 10 bilhões. “Tem um universo gigantesco de grandes empresas que estão utilizando soluções open source, ou que estão utilizando soluções antigas, que não tem um servidor em nuvem, ou que agora estão usando APIs, quando o mercado já tem que ser API first”, avalia Veridiana.

Próximos passos

Fundada em 2019 por Veridiana e pelo CTO Bruno Ukoski, a Agidesk já estava no mercado durante o período de alta no venture capital, mas se manteve conservadora na hora de capital fundos. Até a recente rodada com a BR Angels, ela só tinha recebido aportes pré-seed de nomes como Bossanova, Sebrae SC e Raja Valley. Antes da nova captação, a empresa chegou a usar dinheiro do caixa para recomprar a participação do investidor anjo Anderson Diehl.

“Ali em 2019, 2020 o pessoal tava muito afim de assinar cheque. Nós, inexperientes no empreendedorismo, pensamos ‘isso vai fazer todo sentido, vai nos alavancar, vai acelerar as coisas'”, revela Veridiana.

Entretanto, em conversa com Juliano Murlick, empresário conhecido no cenário gaúcho como fundador da Triider (vendida em 2020 para a Juntos Somos Mais), o plano foi manter a sustentabilidade, mesmo em um momento em que a companhia estava debaixo dos holofotes – em 2021, a empresa chegou a ser destaque na Gramado Summit de 2021.”Focamos em ser um negócio que não depende de investimento para sobreviver, e sim para escalar”, explica.

Na trajetória de fortalecer bases antes de pegar o dinheiro, outra manobra da companhia foi investir em lideranças. No último ano, a companhia trouxe Ricardo Karam como COO (Chief Operations Officer) e recrutando Juliano Murlick como CSO (Chief Strategy Officer), trazendo sua experiência como founder na Triider e como executivo em big techs como AWS.

“A gente chega nessa rodada com a BR Angels de uma maneira bem mais madura, muito mais madura. Então a gente chega nessa rodada já seed sem ansiedade, com a certeza de que a rodada série A que nós estamos planejando pra 24 meses, pode ser que aconteça em 18, pode ser que aconteça em 36, e tá tudo certo”, revela.

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