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A N5 Now passou boa parte de sua existência longe de investidores. Fundada em 2017 pelo argentino Julian Colombo, a empresa chegou a ser citada no jornal Clarín como uma rebelde do mercado, por sua aversão a investidores e foco em crescer com os próprios recursos. “Éramos a menina que não dava bola para ninguém”, disparou Julian, em entrevista ao Startups.

Como toda menina esperta, a N5 esperou o momento certo para se entregar à tentação do venture capital – e fez isso com alguns “partidões” do mercado. A fintech levantou um aporte de valor não divulgado, com a participação da Illuminate Financial, firma de capital de risco que tem como limited partners algumas das maiores instituições financeiras do mundo como JP Morgan, Citi, Barclays, BNY Mellon, S&P Global e Jefferies.

Também entraram no negócio a Exor Ventures, gestora ligada à família Agnelli e acionista da Ferrari e Stellantis; Madrone Capital Partners, empresa associada à família Walton, sócios maioritários da Walmart; LTS Investments, holding de investimentos das famílias Lemann, Telles e Sicupira; Arpex Capital, holding de investimentos dos empreendedores André Street e Eduardo Pontes; e Overboost, empresa de venture building e gestão de fundos.

“Esperamos o momento certo para abrir a rodada e ter a oportunidade de conhecer alguns dos melhores investidores do mundo, e a rodada foi oito vezes maior do que estimamos originalmente”, destaca o CEO da N5 Now, apontando que os recursos serão destinados principalmente à parte de tecnologia e entrada em novos mercados.

Entretanto, para atrair investidores com “café no bule”, é preciso mostrar números de respeito. Segundo Julian, a N5 Now não tem do que reclamar neste quesito: a companhia teve um crescimento exponencial de demanda no último ano. “Tínhamos a meta de dobrar de tamanho em 2023 e já batemos este objetivo em junho”, dispara.

Amarrando pontas soltas

Mas afinal de contas, o que a N5 Now faz para chamar essa atenção dos investidores? Conforme explica o CEO, a empresa desenvolveu uma mistura de SaaS e PaaS que trabalha para “amarrar pontas soltas” nos complexos sistemas que rodam nas instituições financeiras. Estamos falando de centenas ou mesmo milhares de aplicações rodando em paralelo, e diversas delas não se comunicam.

“Todos os bancos tem um problema que chamo de entropia tecnológica. Para resolver isso, o que fizemos foi uma base comum de dados para alimentar todos estes sistemas que não costumam conversar entre si”, pontua Julian. Conhecimento de causa para isso ele tem: por cerca de 20 anos, Julian trabalhou no Santander, encerrando a sua carreira por lá como Diretor Global de Business intelligence, na matriz em Madri.

“Depois de tantos anos cuidando e supervisionando o desenvolvimento de softwares para o Santander, resolvi montar o meu negócio e levar meu conhecimento para o mercado”, afirma Julian, que se juntou a outros executivos experientes do segmento financeiro para montar a N5 Now.

Julian Colombo, fundador e CEO da N5 Now
Julian Colombo, fundador e CEO da N5 Now (Foto: Divulgação)

Apesar de ser um tanto low profile – se você procurar matérias sobre eles em português, não vai encontrar muitas – a empresa conquistou nomes de peso apenas no boca a boca. Com presença em 13 países, a companhia atende grandes nomes do setor financeiro como Mastercard, Santander, Credicorp Bank, Zurich, Sudameris, Banco Atlas, N26, Farmers Insurance e BCP.

“Nosso foco é entregar algo diferenciado aos clientes. O setor financeiro é uma indústria baseada em reputação, então apostamos sempre no underpromising e overdelivering”, explica Julian ao explicar os motivos de sua companhia ter clientes renomados, mas não fazer tanta propaganda sobre isso.

Pernas fortes

Segundo o CEO, a empresa sempre operou com suas contas no positivo. “Quando você tá ganhando dinheiro, pode esperar o tempo que quiser para escolher um investidor”, afirma. Entretanto, trazer investidores tarimbados é o passo para levar a companhia para um novo patamar, especialmente na parte de atender mais mercado internacionais.

“Presenciamos um aumento exponencial de demanda, ultrapassando nossas previsões mais otimistas. Em regiões onde ainda não operamos, nossa lista de acesso cresceu significativamente, com clientes pedindo antecipadamente por nossa plataforma. Por isso entendemos que era o momento de nos associar a grandes parceiros com a expertise que nos permitirá atender esses clientes com mais rapidez e acompanhar nosso crescimento global”, conta Julian.

Segundo Julian, um exemplo dessa demanda veloz foi o Paraguai, mercado em que a N5 entrou recentemente e já se tornou líder local, atendendo mais da metade dos grandes bancos do país. “Agora teremos a capacidade de avançar para atender essa lista espera em outros países”, explica.

Apesar de ter sua matriz nos Estados Unidos, o foco da N5 Now deve permanecer na América Latina, com novos países incrementando a base atual de 60 clientes, mas também existe o plano de abocanhar fatias ainda maiores em mercados pujantes como o brasileiro e mexicano. No caso do setor financeiro brasileiro, a expectativa da N5 é que o faturamento cresça acima da média prevista para a empresa como um todo.

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