fbpx
Compartilhe

A Magroove, startup brasileira que desenvolveu uma plataforma para facilitar a publicação de músicas nas plataformas digitais, acabou de levantar uma rodada de R$ 8 milhões com a DOMO Invest. Com o aporte, o plano da musictech é ampliar a presença de sua solução, como foco nos artistas independentes.

Criada em 2019 pelo produtor musical brasileiro Vitor Cunha (CEO) e pelo engenheiro mecatrônico Fabrício Schiavo (CTO), a startup vem crescendo a partir de sua proposta de democratização de acesso às plataformas de streaming como Spotify, Deezer e iTunes. Em 2022, a startup registrou um crescimento de 150% em sua base de usuários. A companhia não abre números de receita.

Pela solução da Magroove, artistas têm a possibilidade de “subir” músicas ou discos de forma direta, sem a necessidade de envolver agências ou selos para isso. “Nosso foco é no artista independente, que tá fazendo a gestão de sua carreira sozinho”, explica Vítor, que pensou na ideia da startup após observar o desafio de diversos artistas “underground” na hora de distribuir suas obras.

Segundo ele, a plataforma do Magroove funciona como uma versão musical do Anchor, publicador de podcasts que há pouco tempo foi comprado pelo Spotify. “O usuário pode subir suas músicas ou discos de forma gratuita, sem cobrança de royalties, como seria com um selo, por exemplo”, diz o empresário, em entrevista ao Startups.

O diferencial da plataforma da startup é de não fazer uma cobrança ativa do artista. Como modelo de receita, a Magroove retém os primeiros US$ 5 gerados por cada lançamento (álbum, EP, single), enquanto outros agregadores monetizam por meio de porcentagem de royalties ou cobranças antecipadas (que podem ir de US$ 20 a US$ 50 por lançamento). Caso o artista não gere receita, ainda assim, a Magroove mantém o catálogo dele disponível.

A partir desta proposta, a musictech obteve um crescimento notável nos últimos anos, especialmente no mercado internacional. Atualmente cerca de 850 mil artistas, em 196 países, já utilizam o site da startup como ferramenta para distribuir suas músicas. Um detalhe interessante: apesar da Magroove ser uma empresa 100% brasileira, apenas 0,5% dos usuários da solução são artistas nacionais.

“Atualmente, 70% dos usuários – artistas e ouvintes – estão nos Estados Unidos e Europa, mas temos como diferencial a presença em outros países nos quais somos pioneiros. Um de nossos cases mais queridos é o de um artista do Togo, que chegou a faturar até 21,5 vezes o salário mínimo local com suas músicas”, pontua.

Mais presença no Brasil

Com o aporte da DOMO, um dos planos da Magroove é ampliar sua visiblidade no mercado brasileiro, assim como investir em time e tecnologia para otimizar sua plataforma, que também conta com recursos de inteligência artificial para checagens de direitos autorais e outras funcionalidades.

“Nossa solução é algo de alcance global, inevitavelmente, e o aporte ajuda a acelerar, mas queremos aumentar nossa presença junto a artistas brasileiros. Queremos ser a referência por aqui”, explica Vítor. O mercado está aí: acordo com levantamento recente realizado pela Associação Brasileira da Música Independente (ABMI), artistas ligados a gravadoras e selos independentes, além de auto-produzidos, representaram 53,5% do TOP 200 do Spotify, durante 2020.

Vitor Cuinha, cofundador e CEO da Magroove
Vitor Cunha, cofundador e CEO da Magroove (Foto: Divulgação)

De acordo com o CEO, a opção por cobrar um ticket baixo dos artistas não é um problema, já que a plataforma foi pensada para ter escalabilidade. “Temos uma interface no-touch em que o artista pode fazer tudo sozinho, sem a necessidade de interferência humana da nossa parte”, explica. Atualmente, a Magroove conta com cerca de 100 funcionários.

Quanto ao volume, Vítor destaca que o potencial do segmento ainda é gigante, e só vem crescendo à medida que os meis digitais aumentam as opções para quem produz música no chamado “do it yourself”. “Temos mais de 100 mil músicas sendo subidas diariamente, e o mercado de streaming vem crescendo a cada ano. No ano passado o crescimento foi de 39%”, destaca.

Tinder para streaming

Além da plataforma de publicação, o aporte também servirá para impulsionar outra solução criada pela Magroove. A startup conta com um app de descobertas musicais voltado ao fã de música. Para se diferenciar dos recursos de indicações de um Spotify, por exemplo, a startup colocou sua tecnologia proprietária para trabalhar.

Segundo Vitor, o app funciona como uma espécie de Tinder para usuários de streaming, que se pluga ao player de preferência do usuário, recomenda músicas em trechos de 30 segundos, e o ouvinte pode dizer se gostou ou não. Com base em inteligência artificial proprietária, analisa o perfil sonoro daquela música e recomenda semelhantes a ela.

Perguntado qual é a diferença em relação ao que plataformas como o Spotify fazem, Vítor é categórico. Segundo ele, as recomendações destes apps são baseadas em padrões de outros usuários com gostos semelhantes, e não no reconhecimento das características das músicas.

“Nossa tecnologia recomenda músicas de fato semelhantes às do gosto do ouvinte. Além disso, ao se descolar de fatores como popularidade, ele permite a visibilidade de artistas menos conhecidos, algo que outros players nem sempre fazem”, completa Vítor.

Segundo o CEO da Magroove, o app voltado ao ouvinte final vem rapidamente conquistando sua base de fãs, apesar do curto tempo de mercado. “Hoje já temos cerca de 450 mil usuários, base que no final do ano passado era praticamente nula. Atualmente ele é gratuito, mas estamos testando modelos de precificação, como um plano premium”, revela.

LEIA MAIS