A Headline, gestora liderada por Romero Rodrigues que tem como sócios a XP e o fundo americano Headline, fechou seu 2º investimento. O cheque de R$ 7,8 milhões foi assinado para a Fin-X. A healthtech, que já esteve aqui no Startups em 2021 quando recebeu um aporte de R$ 500 mil do fundo anjo da DOMO, atua na conexão entre diferentes pontos do mercado de saúde com o objetivo de aumentar a eficiência operacional. O aporte, que deu à Headline uma fatia de 20% do negócio, avaliou a healthtech em R$ 40 milhões post-money.
“A plataforma atua como um protocolo, atendendo desde clínica quando um procedimento eletivo, até reserva da sala de cirurgia no hospital. Essa integração de processos pode trazer um ganho de eficiência de até 5 vezes”, disse Romero durante encontro on-line com jornalistas que aconteceu ontem (22).
De olho nos hospitais
A healthtech iniciou sua operação em 2018 com uma pegada mais B2C, tendo os médicos como público-alvo. A ideia era atraí-los pela ideia de facilitar a gestão de suas finanças. Mas a abordagem não se mostrou tão eficiente. “O B2C é complexo. O médico está focado em fazer cirurgias, atender”, contou Daniel Shiraishi, cofundador da Fin-X. Como para cumprir sua proposta inicial o produto construído já tocava várias pontas da cadeia, não foi difícil fazer a virada para as vendas corporativoas (B2B). “Quando entramos nos hospitais privados a coisa andou rápido”, completou Daniel. No começo do ano passado a companhia fez uma nova captação com a DOMO, levantando mais R$ 2,8 milhões. A gestora tem uma fatia de 11% do negócio.
Hoje a startup tem 60 hospitais como clientes e atende 7 das 9 maiores redes do país. A estimativa é que 12% das cirurguas eletivas da rede privada passem por seus sistemas. Com o aporte, a Fin-X pretende aumentar o número de hospitais atendidos para 100 em 2023 e possivelmente dobrar essa carteira no ano que vem. “Queremos aumentar nosso market share, que já é bem representativo”, disse Daniel. Para sustentar essa expansão, a equipe, que hoje conta com 30 pessoas, vai ganhar um reforço de mais 15 a 20. “Temos clientes muito grandes e agora temos recursos para continuar crescendo de forma acelerada. Gerando receita e resultado”, disse Daniel.
Segundo Sergio Campangna, cofundador da Fin-X, o setor de saúde tem uma perda com fraudes e desperdícios estimada em 30%, e a redução desses números pode ajudar a baixar o custo da saúde para os brasileiros. Um outro desafio, segundo Daniel é fazer a ponte entre o setor privado e o público. “O SUS tem 11,6 milhões de cirurgias represadas. Como podemos ajudar a otimizar isso?”, ponderou.
Buscapé máfia
Uma curiosidade. O aporte é quase um inside job. A DOMO é a gestora fundada por Rodrigo Borges, cofundador do Buscapé junto com Romero Rodrigues. Já o fundo anjo é liderado por outro cofundador, Mario Letelier Franco Pontillo, e por Franco Pontillo, um dos primeiros investidores do site de comparação de preços. “É a Buscapé máfia, com certeza”, brincou Romero.
De acordo com ele, a Headline analisou 1500 startups pra fechar seus dois aportes – o 1º foi na Smart Break, de mini-mercados autônomos. PErguntado sobre como está o pipeline, ele disse que tem muita coisa quente, mas nada em estágio avançado de negociação. O objetivo do fundo de R$ 915 milhões é montar um portfólio com 20 a 25 empresas ao longo do seu período de investimento (4 anos).
Para Romero, o atual cenário de capital mais escasso não deixou a busca por ativos mais difícil. “Sempre foi muito difícil encontrar. Ainda mais procurando modelos de operações eficientes”, disse. A avaliação é até que as coisas melhoraram um pouco já que não há a pressão exercida por fundos internacionais que acabavam deslocando os valuations ao fazer rodadas com valores baseados em dólar. “É um bom momento para alocar capital. Quem tem mais recursos nesse momento consegue investir mais porque tem menos competição”, cravou.