Semana Caldeira 2024

"O papel do CEO é se tornar dispensável", diz Bruno Nardon, do G4

Em 1ª aparição pública após polêmica do ex-CEO Tallis Gomes, cofundador evitou assunto, mas soltou insights que ecoam o momento

Bruno Nardon, cofundador e sócio do G4 Educação (Foto: divulgação/Instituto Caldeira)
Bruno Nardon, cofundador e sócio do G4 Educação (Foto: divulgação/Instituto Caldeira)

No primeiro dia da Semana Caldeira, em Porto Alegre, o auditório lotou para ouvir o que Bruno Nardon, sócio-fundador do G4 Educação, tinha a dizer. Afinal de contas, era a primeira aparição pública do executivo após todas as polêmicas envolvendo outro fundador da companhia, e depois da troca da comando na edtech.

Entretanto, como já era de se esperar, Bruno preferiu se manter longe de declarações sobre o caso, focando a sua palestra em dicas de empreendedorismo para os participantes. “O papel do líder, de um CEO, é se tornar dispensável”, disparou Bruno durante a sua apresentação, uma fala que ressona de forma diferente depois dos últimos dias. Na apresentação do fundador, o comentário se referia à capacidade dos líderes de implementarem uma cultura interna e montarem times capazes de sobreviver a mudanças de comando.

No próprio G4, a sucessão aconteceu 72 horas depois das declarações polêmicas de Tallis Gomes sobre mulheres CEOs. Quem assumiu a cadeira de CEO foi Maria Isabel Antonini, ex-CEO da Singu, startup de serviços de beleza e bem-estar fundada por Tallis e vendida para a Natura, e que já era a CFO do G4. Em suas redes sociais, Maria Isabel foi sucinta ao falar de seu novo cargo: “Seguimos firmes na missão”, disse.

Assunto sensível

Em conversa rápida com a reportagem do Startups, Bruno também se reservou quanto a comentários sobre o imbróglio envolvendo o ex-CEO ou se isso deve impactar a estratégia da companhia. Segundo ele, o G4 preferiu se posicionar institucionalmente sobre o caso, conforme a nota que a companhia soltou no fim da semana passada.

No comunicado, a companhia afirmou não compactuar com a palavras de Tallis, frisando que elas não representam o pensamento do G4 ou a história da empresa. “O próprio Tallis entendeu o seu erro e pediu desculpas públicas”, disse a companhia na nota.

Em seu posicionamento pessoal, o fundador se manifestou de forma resignada sobre a polêmica. “Os últimos dias foram momentos de muita reflexão. Tudo começou com um erro, um texto no qual me expressei de forma inaceitável sobre o papel das mulheres. Injustificável. Reconheci o erro e pedi desculpas sinceras.”

Além disso, ele explicou sua decisão de se afastar da empresa de educação, alegando que a empresa continuará na sua missão de ajudar na geração de empregos no país por meio do empreendedorismo. Ele se mantém como um dos sócios e membro do conselho, ao lado dos cofundadores Alfredo Soares e Bruno Nardon – Tony Celestino, o quarto elemento do G4, recentemente deixou a sociedade.

As ondas geradas pela declaração de Tallis reverberaram muito além de manifestações nas redes sociais. Ele foi expulso do conselho consultivo da empresa de lingerie Hope, e teve a sua participação no evento do Instituto Caldeira cancelada, deixando a participação apenas para Bruno.

No lado de Bruno, as dicas de empreendedorismo para a audiência presente no evento, de um jeito ou de outro, podem se aplicar a uma companhia em meio a uma crise de imagem desencadeada pelas redes sociais – no caso, a dele mesmo.

“Muito mais vezes você vai errar do que acertar. Você precisa ter a resiliência de, mesmo no erro, mesmo nos momentos difíceis, saber que, em algum momento, algo vai dar certo”, disparou.