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Falando de venture capital, quem mais sofreu no chamado “inverno das startups” foi o late stage. Para ter uma ideia, segundo a Carta, captações de série D caíram 53% globalmente em 2023. Nas séries E, o tombo foi de 72% em termos de investimentos levantados. Entretanto, segundo executivos responsáveis por gerir algumas das maiores fortunas do mundo, este pode ser um sinal para justamente apostar no capital de risco.

“Round E caiu 70%? Ora, agora é que é a hora de entrar!”, disparou Cesar Collier, managing director da Siguler Guff, fund of funds norte-americano com mais de US$ 17 bilhões sob gestão (AUM). “Ficamos de fora do hype em 2020 e 2021, e agora vemos uma grande oportunidade para investir em venture capital”, afirmou o executivo, durante painel no South Summit Brazil, em Porto Alegre.

Para Carlos Renato de Almeida, managing director do IFC, braço de investimentos do Banco Mundial, o Brasil viu nos últimos anos um “encarecimento” do venture capital, assim como dificuldades de liquidez, o que fez inclusive analistas questionarem se essa modalidade de investimento ainda era atraente para os cotistas.

“Sem dúvida, o Brasil ficou muito caro para investir, de 2021 a 2023, mas a lógica do investimento é investir olhando para a frente”, pontua Carlos, completando com um fio de esperança. “Investir no late stage é esperar por um IPO, é algo incerto, e só agora estamos vendo movimentos de que eles podem voltar a acontecer”, avalia o gestor.

Segundo dados do Distrito, em 2021 foram aplicados US$ 5,8 bilhões nas late stages brasileiras, o equivalente a 63% do total investido no nosso ecossistema de inovação naquele ano. Em 2022, esse valor caiu para US$ 1,5 bilhão, ou 45% do acumulado no ano.

Para Andrew Hancock, managing partner da Julius Baer, gigante suíço que tem mais de 160 bilhões de francos suíços sob gestão e atende alguns dos maiores family offices do mundo, o movimento de correção no late stage é visto com otimismo, e abre uma janela para GPs acelerarem na captação de fundos.

“No Brasil, a exposição de family offices a venture capital tá na casa de 2% a 3%, enquanto que nos EUA, esse percentual pode chegar a dez vezes mais”, pontua o executivo.

Contudo, para Cesar Collier, o potencial não está apenas no potencial junto a LPs locais, mas também em possibilidades de voltar os olhos “gringos” para fundos focados em startups brazucas. “A China está cancelada, e isso é uma grande oportunidade para o Brasil”, avalia.

Andrew endossa a afirmação. “O potencial que o Brasil tem para receber investimentos em áreas como fintech, é algo que não se vê em nenhum outro lugar”, afirma. Segundo ele, é papel dos GPs capitalizarem em cima da oportunidade, focando menos em múltiplos mirabolantes e mais em sustentabilidade, a nova palavra de ordem em diversas das grandes empresas que estão no alto da pirâmide do VC. Basta olhar para nomes como MadeiraMadeira, Creditas e Loft, por exemplo.

“Para quem está captando, a mensagem é a seguinte: os family offices estão nessa pelo long game. Mais do que vender retorno, é preciso vender boas histórias e pessoas”, finaliza.

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