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Gente feliz e sorridente, mas tomando chuva na cabeça. Founders, profissionais da área de inovação e investidores fazendo networking, mas demorando mais de uma hora na fila para conseguir almoçar. Conteúdos de valor e convidados internacionais, mas em espaços de tamanho limitado, gerando filas para quem queria ver as palestras. O primeiro dia do South Summit Brazil foi um paradoxo de fortes perrengues e animação de um público feliz em ver Porto Alegre sendo cenário de um grande evento internacional de tecnologia.

O South Summit Brazil começou com números de respeito. Segundo a organização do evento, mais de 10 mil pessoas compareceram ao Cais Mauá para o primeiro dia de evento nesta quarta (04). É um público que não faz feio comparado ao South Summit em sua terra natal, Madri – que reúne cerca de 20 mil participantes anualmente nas instalações do La Nave.

Porém, o que deu pra observar foi como a alta procura do público esbarrou em diversos problemas estruturais do local escolhido para sediar o evento. É uma grande área às margens do Rio Guaíba e ao lado da Usina do Gasômetro, cartão postal da capital gaúcha, mas que teve sérios problemas em comportar um público deste tamanho, especialmente com a chuva limitando a circulação ao ar livre, o que fez os pavilhões ficarem mais lotados que o esperado.

Fila para credenciamento em eventos de grande porte não é nenhuma novidade, mas ficar esperando na chuva não é nada legal – tanto que a organização do evento chegou a distribuir capas de chuva pra tentar amenizar a situação. Mas além disso, participantes tiveram que encarar duras filas (às vezes também tomando água na cabeça), para entrar em alguns dos pavilhões onde aconteciam as palestras – ou ficar de pé nas palestras.

O Growth Stage, que abrigou disputados painéis sobre investimentos com a participação de fundos internacionais, registrou filas praticamente o dia inteiro. O RS Innovation Stage, que trouxe debates mais relevantes ao ecossistema regional, teve pessoas ficando de pé no lado de fora durante toda a manhã.

Pessoal aglomerado no lado de fora do RS Innovation Stage

Apesar dos pesares, teve participante que levou a situação no alto astral, inclusive postando stories de Instagram marcando o famoso perfil Perrengue Chique, famoso por retratar situações pouco agradáveis vividas por pessoas mais favorecidas.

“[A organização do evento] é muito ruim. Parece o Rio Innovation Week“, disse uma player da comunidade de startups, em referência ao evento na Cidade Maravilhosa, que aconteceu em janeiro deste ano e também teve problemas parecidos.

“Eles não sabiam que seria assim, tem muito mais gente do que eles esperavam, e aí surgem problemas de infra, não se ouve nada. Mas estou com meu time e a comunidade: não acho que está valendo a pena tanto do ponto de vista de conteúdo, e sim de networking”, pontua.

Alguns mais indignados foram às redes sociais para reclamar, citando também dificuldades no acesso ao cais via aplicativos de carona, ou o complicado zigue-zague ao caminhar ao longo do cais desviando do zilhão de poças d’água que se formou no irregular calçamento do local.

E não ficou só nisso: o evento registrou quedas de luz e falta de água na área de banheiros, situação comprovada pela nossa editora Fabiana Rolfini. Ainda bem que levamos nosso frasquinho de álcool gel para higienizar as mãos.

Look da nossa editora Fabiana Rolfini durante o primeiro dia do South Summit Brazil

Feliz que nem pinto na chuva

A gente mudou aqui um pouco o ditado popular, mas ao falar com alguns dos frequentadores, o saldo do primeiro dia tem um pouco a ver com a expressão. Apesar dos comentários sobre as dificuldades com a chuva e alguns dos espaços, o sentimento foi de empolgação – dos gaúchos em novamente receber eventos de calibre internacional, e dos “estrangeiros” em participar de um encontro fora dos grandes centros no Brasil.

“Estou achando muito melhor do que eu esperava. É um mega evento, a chuva que não ajuda muito, mas vai e volta”, disse outra agente do ecossistema, que viajou à Porto Alegre para participar do evento. Por outro lado, o perfil predominante dos palestrantes não passou despercebido: “É um evento muito masculino. Branco. Mas vi alguma participação negra nos painéis,” acrescentou.

Os organizadores do evento também foram por esse caminho meio copo cheio, algo que se traduziu até nas fotos do evento, que coloriu o céu cinzento da cidade com bonitas nuvens azuis. O diretor geral do South Summit Brazil, Thiago Ribeiro, buscou equilibrar os contras do primeiro dia com alguns prós em outras frentes.

“É um evento que animou as startups por essa aproximação que estamos fazendo do ecossistema de Porto Alegre. Temos mais de mil startups inscritas, mais de 90 fundos de investimento presentes, então o saldo ainda é bastante positivo”, avalia Thiago.

Para o diretor geral do South Summit, Thiago Ribeiro, a chuva não tirou o brilho do primeiro dia

A nossa cobertura

O Startups, representado por este gaúcho que vos escreve e a editora Fabiana Rolfini, já soltou conteúdos sobre a programação do South Summit Brazil – que você pode conferir aqui – e acompanharemos os próximos dois dias de evento, trazendo tudo (ou quase tudo) do que vale a pena saber deste encontro.

Segundo a previsão do tempo, parece que nos dois últimos dias São Pedro será menos cruel. Assim esperamos.

Juro pra vocês, o céu não esteve azul assim em nenhum momento do primeiro dia. Foto: divulgação

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