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O calor de 30º de Porto Alegre e a vista do rio Guaíba parecem ter deixado animados alguns investidores que participam do South Summit. Em painel que debateu as perspectivas de investimento para a América Latina em 2024, para representantes de casas que colocam recursos em empresas em estágios de desenvolvimento mais avançado, o otimismo imperou. “Em 2024 e 2025 teremos as melhores safras de investimento”, disse Milena Oliveira, sócia da Volpe Capital.

Para ela, hoje o mercado dispõe de capital, times competentes e infraestrutura para desenvolvimento das empresas. Além disso, fundos “turistas”, aqueles que vieram para a região quando havia muita liquidez no mercado, foram embora, o que deixou o cenário mais equalizado. “Quem investir agora tem possibilidade de fazer bons negócios”, completou.

“Temos que ser otimistas [como empreendedores]”, brincou Igor Piquet, que comanda o Endeavor Catalyst. Igor reforçou a perspectiva de o mercado estar mais organizado, com empresas que pessoas com vivência em processos de expansão em mais de uma empresa em alguns casos e também IPOs. Sobre os “turistas”, eles destacou que muitos fundos estão vendendo suas participações a preços mais baixos e que esse ciclo de compra na alta e venda na baixa deve continuar a existir – mas talvez em menor intensidade.

Na Warburg Pincus, o otimismo tem uma dose de razoabilidade. Para Lucas Mussi, vice-presidente da gestora, é provável que o mercado de venture capital não retome ao patamar de US$ 10 bilhões alcançado em 2021. A expectativa dele é que o mercado volte a um modelo de crescimento mais natural e sustentável.

Joaquim Lima, da Riverwood Capital, destacou que o empreendedor brasileiro já está acostumado a fazer muito com pouco. E agora no cenário de dinheiro mais escasso, essa disciplina volta a fazer sentido, já que os fundadores não querem se diluir. Para Joaquim, o “tango” dos valuations tem convergido para patamares mais interessantes nos últimos trimestres. A gestora tem no momento um fundo de US$ 1,8 bilhão que já aplicou 18% do total, sendo uma boa parte na América Latina. E o restante também deve ficar na região.

Será mesmo?

Os números parecem corroborar a fala dos investidores. Em fevereiro, o volume de aportes feitos em startups da América Latina cresceu quase quatro vezes na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foram US$ 412,4 milhões contra US$ 164,6 milhões, segundo o Distrito.

Mas nem todo mundo compartilha do mesmo sentimento. Na saída do painel, o Startups encontrou com um fundador que também assistiu à conversa e ficou surpreso com o otimismo do quarteto de investidores. “Não vejo isso não”, disse, rindo de nervoso.

Ele, que no ano passado chegou a conversar com um dos participantes do painel e teve uma negativa, disse que deixou de lado a captação de novos recursos para se focar na operação. “Você gasta muito tempo que poderia ser gasto no negócio [fazendo uma captação]”, comentou. Segundo ele, a companhia não precisa de dinheiro nesse momento, mas poderia ter recursos adicionais para acelerar seu crescimento.

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