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Depois de uma apresentação de dançarinos com música empolgante e frases de efeito nos telões, as luzes se acendem e o aguardado vice-presidente executivo e fundador da NetSuite, o sistema de gestão para empresas de menor porte com o qual a Oracle quer conquistar o universo das startups, é chamado por uma voz do além. Mas não exatamente. “Agora com vocês Evan GPT”. Uma voz robótica começa a agradecer a plateia e ao patrocinador da cota Mercúrio líquido, a concorrente Salesforce. Eis que o verdadeiro Evan Goldberg entra no palco desesperado e lamentando que não foi dessa vez que a inteligência artificial substituiu sua apresentação no evento anual da companhia. “Vou ter que fazer isso mais um ano”, brincou.

Depois do teatrinho, ele passou mais de uma hora tentando mostrar para uma audiência de 6,5 mil pessoas o papel que a inteligência artificial vai assumir nos produtos da companhia: não de um substituto do ser humano, mas de uma ferramenta para aumentar a produtividade e melhorar resultados.

Até aí, quem não diz isso sobre qualquer novidade tecnológica, não é mesmo? Para provar que está falando sério, Evan disse que a NetSuite tem trabalhado não para colocar a IA como um produto adicional às suas ofertas como alguns concorrentes têm feito, mas sim para incorporar a tecnologia nos seus produtos. “A missão é colocar IA em tudo”, disse. Ele destacou que a companhia já usava IA de formas mais tradicionais para gerar alguns tipos de informações. Mas agora embarca na onda da IA generativa para ampliar seu potencial.

Nessa linha, o principal anúncio de Evan foi o lançamento de uma ferramenta chamada NetSuite Text Enhance. Como o nome já diz, o que ela faz é melhorar textos. Em um exemplo dado pelo executivo, algumas palavras de descrição de um produto foram colocadas em uma tela do NetSuite. Ao clicar no botão de Text Enhance, um texto bem completo e com uma pegada de discurso de vendas foi gerado. Segundo ele, o conteúdo é gerado com acordo com a realidade de cada empresa e a forma como ele é criado pode ser ajustada. A “mãozinha” da IA também pode ajudar equipes de finanças e contabilidade a tirar insights e projeções de seus números, a área de recursos humanos

O recurso de IA generativa da companhia usa os modelos de linguagem da startup Cohere – na qual a Oracle investiu junto com a Nvidia e a Salesforce Ventures – e roda na nuvem da Oracle (OCI). Nos próximos meses ele estará disponível de graça para todos os 37 mil clientes da NetSuite. Segundo Evan, a ideia não é cobrar diretamente pela funcionalidade. “A gente quer ajudar as empresas a terem melhores resultados. Claro que existe um custo dessa estrutura, mas vamos entender como repassar isso”, disse ele durante uma conversa com jornalistas e analistas logo depois da apresentação.

A resposta para como a NetSuite pretende pagar a conta da adoção da nova tecnologia pode estar no bom e velho ajuste dos preços, embutindo ali os valores, mas também pode vir de uma outra colocação de Evan. Mais cedo, ele deu números sobe como companhias que usam mais de um produto da NetSuite têm desempenhos melhores de suas operações.

Assim, se a IA vai liberar mais tempo e trazer ganhos de produtividade, as empresas vão poder olhar para novas possibilidades de caminhos, o que poderá levar à necessidade de aumentar sua conta junto à NetSuite contratando mais serviços.

O discurso faz sentido. A maior parte dos mais de 10 mil participantes do SuiteWorld, que acontece em Las Vegas até quinta-feira (19), é de atuais clientes da companhia – que pagam pelo ingresso e pelas despesas da viagem. E para baixar a guarda de quem pode ter alguma resistência a novos gastos, Evan anunciou várias condições especiais com descontos para quem contratar novidades da companhia nos próximos 30 dias.

Negócio em crescimento

Completando 25 anos de existência este ano, a NetSuite tem hoje uma receita de mais de US$ 2,5 bilhões por ano, o que representa cerca de 5% da Oracle como um todo, e cresce a um ritmo de 20% por trimestre.

Em novembro do ano passado o sistema ganhou uma versão em português e, desde então, a companhia tem trabalhado para levar sua oferta para o mercado. Como cases na América Latina ela tem empresas como Kavak, Piperun, Kovi, Loft, Intelipost, Gerando Falcões, Pipefy, Sensedia e Gympass. Perguntado pelo Startups sobre as expectativas para a região, Evan, que esteve no Brasil no começo do ano, disse que, por se tratar de uma operação recente, ainda é cedo para saber o verdadeiro potencial, mas que as perspectivas são positivas. “Tem empresas muito interessantes e dinâmicas que podem usar o NetSuite para crescer”, afirmou.

*O jornalista viajou para Las Vegas a convite da Oracle

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