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O ano de 2021 foi histórico no mundo das startups, com cheques milionários e um punhado de empresas entrando para o seleto grupo de unicórnios – startups que alcançam um valuation de US$ 1 bilhão. Só naquele ano, o mundo registrou o nascimento de mais de 580 unicórnios, de acordo com o dados do PitchBook, graças aos tanques cheios de dinheiro e excesso de liquidez.

Corta para 2023 e o cenário já é bem diferente. A criação de novos unicórnios, que sempre foram seres raros e místicos, tornaram-se ainda mais esporádicos. Para debater os impactos da economia no ecossistema de startups e as perspectivas para novas empresas alcançarem a avaliação bilionária, o fundador e editor-chefe do Startups, Gustavo Brigatto, conversou com Renato Ramalho, CEO da gestora KPTL, durante o evento SVWC, festival de inovação e negócios promovido pela StartSe nesta quarta-feira (2).

“Ser unicórnio virou um incentivo errado para gerar valor real ou artificial de um negócio. Criou-se uma teia de contratos de incentivo completamente distorcida do que é empreender e construir uma empresa rentável que de fato impacta a sociedade”, analisa Renato. O problema, claro, não é ter empresas bilionárias. A questão é chegar a este patamar com negócios que não se sustentam financeiramente e baseiam-se em estruturas criadas para chegar a um valuation fictício.

Segundo o executivo, a KPTL recebeu algumas propostas para investir em rodadas unicórnio, mas optou por não entrar no negócio. “Se fosse uma startup de US$ 1 bilhão com atuação sustentável e consistente, tudo bem. Mas não era o caso. Temos critérios de prospecção, análise e metodologia das empresas, e elas não tinham consistência econômica. Respeitamos o nosso processo de análise e vimos que não fazia sentido, pois não vamos entrar em uma companhia que sabemos não ter o valuation que diz, nem ser sustentável economicamente”, explica.

Apesar das incertezas, evolução

Apesar das incertezas macroeconômicas, Renato observa uma evolução do ecossistema empreendedor e de investimento de risco. “A fotografia pode não ser melhor do que 2021, mas o filme é muito melhor do que o de anos atrás. A KPTL está aqui para o longo prazo, não apenas durante as ondas de excesso de liquidez. Vemos que há uma maior consistência de empreendedorismo, founders mais profissionais e uma melhora a cada dia. Ser ou não unicórnio não é estatística válida para avaliar o empreendedorismo no Brasil”, pontua.

Como em todo mercado, há setores com mais oportunidades do que outros. No caso do Brasil, o CEO da KPTL destaca soluções para o agronegócio, clima e saneamento. “Precisamos ter mais orgulho de ser vira-lata. Há várias janelas que o Brasil ensina para o mundo, e é importante olhar para as oportunidades do país.”

“Nos últimos anos, muita gente caiu na rede de incentivo para se ter unicórnio, o que é ruim para o mercado como um todo. O ecossistema precisa aprender com os exageros que aconteceram e analisar se os negócios realmente se sustentam no longo prazo, independentemente da tecnologia e do momento do mercado. Aperte a mão e seja consistente na tese da sua empresa ou na que você quer investir”, finaliza.

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