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No fim de semana, não se falou de outra coisa. No sábado, as redes sociais – e claro, milhares de clientes – foram pegos de surpresa com a decisão da 123Milhas em suspender a emissão de passagens de sua linha promocional, com embarque previsto de setembro a dezembro de 2023.

As ondas causadas pelo anúncio, porém, estão indo bem além de reações indignadas dos consumidores atendidos. Neste domingo (20), o presidente da CPI das Pirâmides Financeiras, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) afirmou que os donos da empresa 123Milhas serão convocados para dar satisfações.

Segundo o deputado, o caso da 123Milhas está “configurado como um esquema de pirâmide financeira” pois a empresa fez a venda dos pacotes de viagem “sem o compromisso de arcar com a responsabilidade com seus clientes”. O pedido de convocação será ainda apresentado à CPI, que votará a provação do requerimento.

“Temos preocupação de que novos cancelamentos aconteçam. E é exatamente por isso que queremos convocá-los. Para que possamos investigar tudo a fundo”, afirmou Aureo em seu perfil no Twitter – ou melhor, agora X.

Por sua vez, a 123Milhas foi a público neste domingo (20) para dar algumas explicações sobre o cancelamento das emissões. Segundo a empresa, a decisão “deve-se à persistência de fatores econômicos e de mercado adversos, entre eles, a alta pressão da demanda por voos, que mantém elevadas as tarifas mesmo em baixa temporada, e a taxa de juros elevada”.

Na nota, a companhia afirmou que estes cancelamentos representam apenas 7% dos embarques da companhia em 2023, e que os valores pagos pelos clientes serão integralmente devolvidos em forma de vouchers, com correção monetária de 150% do CDI – algo que aumentou o desagrado dos clientes atingidos.

Ação civil e provocação do Hurb

Além de chegar a Brasília, a notícia já gerou respostas na esfera jurídica. O Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) ingressou com uma ação civil pública junto à 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, pedindo o bloqueio judicial das contas bancárias da empresa e de seus sócios e acionistas administradores. A petição também prevê que o valor retido seja fixado pela Justiça, para garantir o pagamento de eventuais indenizações a consumidores – ou seja, dinheiro, nada de vouchers.

Entretanto, o desdobramento mais curioso dessa história toda saiu das redes sociais do Hurb (antigo Hotel Urbano), outra empresa de viagens que passou por maus bocados junto à opinião público no último ano, devido a reservas não honradas. Em seu perfil no Instagram, o Hurb publicou no domingo um post ironizando a situação.

“Nós aprendemos com os nossos erros e hoje, com o Projeto Desfazer, usamos uma tecnologia que compra passagens aéreas 40% abaixo do preço médio do mercado. Não dá para insistir no erro, concorrência. Vem de DM (mensagem direta na rede social), que te mostramos como o Desfazer pode te ajudar #HurbTaOn”.

Apesar do bom humor, o post não ficou muito tempo no ar. Vai ver que o Hurb notou que não anda com tanta moral assim. Desde abril, a empresa não apenas teve que lidar com críticas de consumidores insatisfeitos com a não-entrega de pacotes, como teve outros problemas. A empresa trocou o seu CEO em abril, já que o fundador da startup, João Ricardo Mendes, se afastou do comando após cair nas redes um vídeo dele xingando e ameaçando um cliente insatisfeito.

Além disso, em maio o Hurb teve a venda de novos pacotes suspensas pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), afetando cerca de 80% da receita do negócio e resultando na demissão de 40% do quadro de colaboradores.

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