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A 99 fez história como a primeira startup brasileira a se tornar unicórnio. Fundada em 2012 por Ariel Lambrecht, Paulo Veras e Renato Freitas, a companhia atraiu investidores globais ao longo da sua trajetória, incluindo a Riverwood e o SoftBank. Em 2018, foi comprada pela Didi Chuxing, conhecida como o Uber da China, em uma operação que avaliou o negócio brasileiro em US$ 1 bilhão – uma conquista significativa não apenas para a empresa e seus fundadores, mas também para todo o ecossistema nacional. Mas chegar até ela não foi nada fácil.

“Nós éramos os azarões. Quando começamos a 99, havia um concorrente local chamado Easy Taxi, que tinha cerca de 100 vezes mais financiamento do que nós. Quando superamos a Easy Taxi no Brasil, veio o Uber, e novamente nos deparamos com um super concorrente, o maior cara do mundo, com todo aquele investimento. E ainda assim, conseguimos ter um negócio de sucesso”, disparou Paulo Veras, cofundador e ex-CEO da 99, durante o Vamos Latam Summit, evento promovido pela Latitud que acontece na cidade de São Paulo nos dias 28 e 29 de setembro.

“É importante olhar para a concorrência de uma forma que você aprenda muito com ela, e ser humilde o suficiente para reconhecer que, às vezes, ela faz coisas melhores do que você. Então encontre espaço para melhorias”, aconselhou o executivo. Embora reconheça que o processo não foi nada fácil, Paulo revela que o grande truque foi não perder o foco no cliente.

“A 99 foi vendida para uma empresa da China, onde há um mercado muito competitivo. Lá, eles tendem a focar muito em vencer o oponente – o que acho que é uma estratégia ruim. É muito melhor você pensar como atrair o consumidor. Se você focar demais na concorrência e como superá-la, pode acabar perdendo o foco no que realmente importa: construir um relacionamento de longo prazo com o seu cliente”, explicou. A plataforma de mobilidade urbana nasceu com a missão de tornar o transporte individual mais rápido, barato e seguro no país, conectando passageiros a motoristas de táxis em todo o território nacional.

Paulo Veras (99), Daniela Binatti (Pismo), Rodrigo Baer (Upload)
Paulo Veras (99), Daniela Binatti (Pismo), Rodrigo Baer (Upload), no Vamos Latam Summit (Foto: Divulgação)

Enquanto uns têm concorrência demais, outros têm de menos. A Pismo, techfin brasileira que desenvolve soluções e serviços bancários para bancos digitais e instituições financeiras, foi pioneira do setor no mercado nacional – o que também veio com os seus desafios. Dividindo o palco com Paulo, da 99, estava Daniela Binatti, cofundadora e CTO da Pismo, em uma conversa mediada por Rodrigo Baer, cofundador e managing partner da Upload, um spin-off do SoftBank.

“Nosso modelo não existia no Brasil na época, então foi bem difícil. Quando você oferece um serviço aos bancos, eles normalmente olham para o mercado e comparam valores, mas nem o modelo de precificação existente encaixava na tese. Tivemos que adaptar a tecnologia e explicar o que fazíamos, e demorou um tempo, mais de 2 anos, para que os clientes entendessem o que a gente estava oferecendo”, contou Daniela.

A Pismo foi fundada em 2016 por Daniela, Ricardo Josuá, Juliana Motta e Marcelo Parise, atendendo empresas já estabelecidas como o gigante bancário brasileiro Itaú e o BTG+, braço digital do banco de investimento BTG Pactual. Em junho deste ano, a companhia foi adquirida pela Visa por US$ 1 bilhão, fazendo com que a startup entrasse para o seleto grupo dos unicórnios com a transação.

“É uma montanha-russa. Altos e baixos todos os dias. E você tem que ser humilde o suficiente para ouvir os outros, encontrar os sócios e parceiros certos, assim como os investidores corretos, e analisar o mercado. Mas sem ignorar a sua intuição – às vezes isso é o mais importante”, aconselha Daniela.

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