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Próxima de completar um ano desde o lançamento de seu segundo veículo de investimento, a Fuse Capital avança em sua estratégia para investir globalmente em empresas de tecnologia em estágios iniciais e ajudá-las a prosperar na América Latina.

Fundada em 2020 por João Zecchin, Dan Yamamura, Guilherme Hug e Alexis Terrin, a gestora carioca está no processo de captação do Fund II, que prevê aportar um total de US$ 50 milhões em entre 30 e 40 startups inovadoras em Web3 nos próximos anos. Segundo Dan Yamamura, cofundador da Fuse Capital, a companhia deve fazer um primeiro closing neste semestre, com um valor entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões.

“Há uma enorme oportunidade para a Web3 no Brasil. Além dos brasileiros serem early-adopters de novas tecnologias, o país tem órgãos reguladores, como o Branco Central, muito abertos à possibilidade de trazer inovação e acelerar a adoção da Web3 nos mercados tradicionais”, diz Dan, ao Startups. Segundo o executivo, a gestora tem conversado com muitos investidores institucionais que já entenderam que Web3 não é algo que vai morrer cedo; pelo contrário, é uma tecnologia perene que pode substituir vários processos hoje feitos de forma tradicional.

De acordo com Dan, 2023 será um ano importante para o setor. “Encerramos um ciclo de bonança e excesso de liquidez global, trazendo valuations menos exacerbados e um  choque de realidade para empresas de tecnologia. O mercado de Web3 teve um destaque nessa história, pois se sobressaiu em meio ao ciclo de queda. Começaremos a ver uma possibilidade de retorno de alguns setores da economia, e blockchain, infraestrutura e Web3 podem ser os primeiros a mostrar sinais de vida no sentido de novidades e valorização”, analisa.

No Brasil, ele cita possíveis avanços regulatórios encabeçados, em grande parte, pelo Banco Central. “Nunca houve um momento com empresas, principalmente ligadas à serviços financeiros, tão atentas e dispostas a investir e aprender sobre web3 como atualmente. Os próximos 2 anos podem trazer muitas inovações neste mercado e são bastante promissores no país”, afirma Dan.

Guilherme Hug, Alexis Terrin, João Zecchi e Dan Yamamura, cofundadores da Fuse Capital
Guilherme Hug, Alexis Terrin, João Zecchi e Dan Yamamura, cofundadores da Fuse Capital (Foto: Rogério von Krüger/Divulgação)

Criação de valor

Diferentemente do fundo II, o primeiro veículo de investimentos da Fuse Capital não tinha uma única tese e, segundo Dan, os resultados têm deixado os sócios bastante satisfeitos. A gestora conta com mais de 13 empresas no portfólio. Entre elas, a Fligoo, startup do Vale do Silício que oferece soluções de inteligência artificial para grandes corporações; a Hashdex, gestora de recursos focada em criptoativos; a AIO, de soluções de IA para a educação; e a plataforma de Banking as a Service Solaris.

“A última tese desenvolvida no fundo I foi a Web 2.5, e ela é a que melhor performou das que investimos até hoje”, afirma o executivo. Ele destaca os investimentos na Credix, plataforma em blockchain que conecta investidores globais a originadores de empréstimos em mercados emergentes, e a mineradora de bitcoin Arthur Mining.

A Credix anunciou o seu aporte em setembro de 2022. Uma série A de R$ 60 milhões liderada pelos fundos norte-americanos Motive Partners e ParaFi, com participação da Fuse e outras gestoras, para a fintech expandir o negócio e atingir mais de US$ 100 milhões em ativos sob gestão. Um ano antes, a Arthur Mining levantou US$ 2 milhões em sua rodada seed, com a Green Rock e a Fuse.

A proposta da Fuse Capital é desenvolver temas e teses internamente e, a partir daí, encontrar a melhor startup do mercado em cada segmento. Desde o início, os sócios procuraram formas de se diferenciar das outras gestoras do país. “Temos uma análise mais lenta e profunda, uma abordagem parecida com a de private equity e proposta muito mão na massa. Além disso, realizamos investimentos mais concentrados, com poucas carteiras no portfólio. Não queríamos fazer igual aos outros, que normalmente investem em várias startups em uma mesma tese”, explica Dan.

Apesar das oportunidades da Web3 no Brasil, o cofundador da Fuse observa um desafio importante que ainda precisa ser superado no mercado nacional. “Temos visto muitos empreendedores estrangeiros vindo para cá buscando atingir o mercado brasileiro. Mas ainda há poucos empreendedores brasileiros na área de cripto. Na Fuse até vemos bastante, cerca de 2 mil empresas por ano, mas a qualidade dos empreendedores de fora ainda é superior. Não precisa ser assim, pois temos a vocação, a mão de obra e o mercado se formando. A provocação que deixo é que temos as pessoas e a oportunidade, e é uma questão de tempo para os ecossistemas começarem a se criar na parte de Web3”, finaliza.

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