Venture capital

QI Tech faz rodada de R$ 1 bi e quer chegar ao IPO em 3 anos

QI Tech tem se posicionado como uma espécie de AWS para serviços financeiros. Plano é acelerar crescimento por meio de aquisições

Marcelo Bentivoglio (às esq.), Pedro Mac Dowell e Marcelo Buosi, fundadores da QI Tech
Marcelo Bentivoglio, Pedro Mac Dowell e Marcelo Buosi, fundadores da QI Tech

Em conversa com o Startups em junho, Marcelo Bentivoglio, cofundador e CFO da fintech QI Tech disse que a companhia não estava captando. Mas estava sempre captando. Adianta quatro meses, e a QI Tech tem nas mãos a maior rodada de uma startup em 2023: R$ 1 bilhão – ou US$ 200 milhões.

A grana da série B teve como principal origem o bolso da General Atlantic. A Across Capital, que já era investidora, também participou e ampliou sua fatia no negócio. A operação está sujeita à aprovação do CADE porque a QI Tech teve receita superior a R$ 75 milhões em 2022. A expectativa é que a liberação seja feita rapidamente dentro do processo de rito sumário da autarquia.   

Fundada em 2018, a fintech tem se posicionado como uma espécie de AWS para serviços financeiros. Além do já manjando Banking as a Service, ela também oferece anti-fraude, KYC, corretora como serviço, câmbio e crédito – mas só na camada de infraestrutura mesmo, já que a ideia não é competir com os clientes, nem carregar o risco de crédito no negócio. Atualmente a companhia atende cerca de 300 clientes. Na lista estão nomes como Vivo, Unidas, 99, QuintoAndar e Shopee.

Quero ser gigante

Com os recursos, a QI Tech pretende acelerar seus planos de expansão por meio de aquisições e atingir um porte que lhe permita fazer um IPO em um prazo de 3 anos. “É desafiador, mas é possível”, crava Pedro Mac Dowell, fundador e CEO da QI Tech.

Segundo ele, a companhia não precisava de recursos para crescer de forma orgânica já que tem boas margens e gera caixa. Em 2022 ela dobrou de tamanho e em 2023 vai dobrar o Ebitda. A expectativa é crescer mais 70% em 2024. Mas avançar com as próprias pernas pode levar mais tempo, a opção foi por se capitalizar para trazer para o seu guarda-chuva alguma tecnologia nova que amplie suas ofertas, um time muito bom (acqui-hire), ou mesmo alguém com uma atuação parecida que acrescente mais resultado à operação.

No seu histórico, a QI Tech já conta com duas aquisições: a Builders Bank, uma startup de desenvolvimento de aplicativos bancários incorporada no começo de 2023; e a Zaig, de prevenção de fraudes onboarding e esteira cadastral, que foi comprada pouco depois da captação da série A de R$ 270 milhões (US$ 50 milhões) em 2021. De acordo com Pedro, em 2 anos, a Zaig multiplicou sua receita por 7.

Dentre as áreas de oportunidade de crescimento, ele cita cobrança e investimentos. “A área de cobrança ainda tem muito espaço no Brasil. Ninguém está olhando o uso de inteligência artificial para cobrar. Um clique dentro do WhatsApp. O investimento como serviço também. Os agentes autônomos vão poder consumir os serviços White label para construir seus portfólios”, avalia.

Marcelo Bentivoglio destaca que o plano de crescimento está centrado no Brasil. Perguntado se já há algum alvo de aquisições já na mira, ele diz que, assim como tem relacionamento com fundos, a QI Tech também conversa com as boutiques de M&A, bancos de investimento e está de olho no mercado. A julgar pelo histórico das respostas dele, pode anotar aí um novo deal sendo anunciado nos próximos 4 meses.

Luz no fim do túnel

A mega rodada da QI Tech é a 1ª no mercado latino em pouco mais de um ano, segundo dados do SlingHub – sem levar em consideração captações de dívida.

Para Pedro e Marcelo, a captação é um sinal positivo para o mercado. “É uma luz no fim do túnel”, diz Pedro. Ele conta que no fim de 2022 o mercado estava muito parado e que os fundos começaram a buscar conversas no começo deste ano. Pelo porte que a companhia já conquistou, os interessados tinham perfil de private equity. Mas o dinheiro estava caro, com valuations muito depreciados. Mais para o meio do ano o cenário começou a melhorar. Foi quando a QI Tech se engajou em conversas com a General Atlantic, com quem já tinha tido contato no passado.

“Nós acompanhamos a QI Tech há vários anos e estamos impressionados com a visão do time de liderança. Ela está capturando uma excelente oportunidade ao fornecer infraestrutura financeira de alta qualidade para clientes em diversos setores, beneficiando-se do cenário de aumento da adoção do crédito e penetração digital no Brasil. Estamos animados em apoiar a empresa em sua expansão contínua”, disse Luiz Ribeiro, Managing Director e Co-Head do escritório da General Atlantic no Brasil, em comunicado. A QI Tech usou o J.P. Morgan como leading placement agent na transação e também contou com a assessoria financeira da Vinci Partners e com a assessoria jurídica do escritório Freitas e Leite Advogados.