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Acostumada a fazer as contas dos aportes recebidos pelas startups na América Latina, a Sling Hub vai adicionar sua própria história ao próximo relatório que publicar.

A companhia fechou uma rodada seed de R$ 3,7 milhões que avaliou o negócio em R$ 35 milhões. O aporte foi liderado pelo executivo Silvio Genesini, ex-presidente da Oracle no Brasil, e contou com a participação do grupo de investidores-anjo Urca Angels, que já tinha investido no pré-seed de R$ 1,5 milhão da Sling em 2021. Ainda participaram nomes como Cássio Spina, que também já era investidor. Foi ele, aliás, quem fez a ponte entre Silvio e a Sling.

“Conjuntos de dados são a base para analisar o mercado e extrair insights. Eles também permitem que algoritmos de inteligência artificial identifiquem padrões, tendências e correlações fundamentais para impulsionar a inovação. Esses insights podem tanto sugerir a conexão entre startups e empresas quanto direcionar estratégias de investimentos e aquisições”, disse Silvio em comunicado. Como líder da captação, ele ficou com uma fatia mais significativa da empresa, e com isso, terá um papel mais ativo para falar do negócio e fazer conexões.

Nascida em 2018 para ser uma fonte de dados para conectar stsartups e fundos de venture capital, a Sling Hub acabou encontrando nas grandes empresas que querem se relacionar com o ecossistema o seu perfil de cliente. Hoje ela atende 50 nomes como Amazon, Google, Itaú, Bradesco, Votorantim, Enel e Renner.

A base de dados é composta por 32 mil startups de 21 países da América Latina. São cerca de 300 informações por startup, e o volume de novos dados coletados é de cerca de 300 mil por mês, incluindo informações sobre rodadas de investimento, fusões e aquisições, programas de aceleração, notícias e tipos de produtos ofertados.

Use of proceeds

Segundo João Ventura, fundador e CEO da Sling Hub, o plano é investir os recursos captados em 3 frentes.

A primeira é melhorar o que a empresa já faz por meio da expansão da equipe fora do Brasil. A ideia é contratar pessoas no México e na Colômbia para ter conexões e entendimento local sobre o que está acontecendo e ter vantagem nesses países.

Outro passo será acompanhar de perto o nascente ecossistema de startups de inteligência artificial na América Latina. De acordo com João, a ideia é separar o joio do trigo – ou seja, mostrar quem está realmente desenvolvendo modelos próprios, ou quem está só usando ferramentas prontas, como o ChatGPT. “A gente conhece as tecnologias que as startups usam, temos informações da formação dos fundadores, se a equipe tem muitos engenheiros. Olhamos vários sinais para qualificar. Vamos identificar essas companhias e acompanhá-las, ter um olhar próximo”, diz ele, destacando que o número de startups que trabalha com IA de fato na América Latina está na casa de 100 a 200.

Em um terceiro movimento, a Sling quer adicionar inteligência ao que ela oferece. “Hoje somos um capturador e tratador de dados. Queremos organizar melhor isso, ter análises mais profundas, emitir mais opinião, ter pessoas que entendem do mercado”, explica João. Outro passo, segundo Lorena Simões, CRO e líder da equipe de insights, é fazer cruzamentos com dados macroeconômicos. “Qual o número de pessoas desbancarizadas no Chile e quantas fintechs existem por lá? Qual o efeito da taxa de juros? Queremos ter todas essas relações para entender o mercado”, completa.  

Com isso, a companhia vai criar um novo modelo de negócios, de venda de relatórios, que permitirá que ela amplie sua carteira de clientes pagando tíquetes menores. Isso se somará à sua atual oferta, de grandes contratos anuais pagos por número de usuários e tipos de informações que podem ser acessadas.   

Planos de crescimento da Sling Hub

Hoje com 30 pessoas, a Sling planeja adicionar outras 15 ou 20 ao quadro ao longo dos próximos 18 meses. Até o fim de 2024 o objetivo é chegar a uma receita de R$ 9 milhões. João não revela o quanto isso representará em termos de crescimento em relação a 2023, mas diz que é um ritmo semelhante ao que será registrado na comparação com 2022. “É uma estimativa realista, não startupeira”, brinca. Segundo ele, um grande impulso na receita ao longo de 2023 veio do aumento dos contratos com atuais clientes. “Uma coisa legal do negócio é que os clientes ficam com a gente muito tempo. A taxa de renovação é muito alta”, conta.

Normalmente comparada ao Crunchbase por sua origem no mundo das startups, a Sling está hoje muito mais para um CB Insights, ou para um Gartner, com um leque de ferramentas mais amplo para atender às necessidades de clientes corporativos, avalia seu fundador. Ele acrescenta que um território que a companhia não pretende entrar é o da consultoria. “É um mercado que tem muita gente. Nosso cliente é a empresa que já passou de uma primeira onda de inovação e agora precisa de menos ajuda e mais ferramenta. Temos clientes que têm as duas coisas. Mas nós somos o fabricante daquela raquete de tênis muito boa. Só que a gente não ensina a jogar”, explica João, que é fã do esporte.

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