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A criação de iniciativas ou braços de investimento em startups tem ganhado força entre as empresas nos últimos tempos. Mas a relação entre as duas partes ainda precisa evoluir.

“A parceria será mais fluida na medida que os CVCs [corporate venture capital] trabalhem como fundos tradicionais, como um braço de venture e não como um de fusões e aquisições”, disse Anderson Thees, ex-Redpoint eventures e atualmente estruturando a operação de venture capital do Itaú, durante painel no Web Summit promovido pelo escritório de advocacaia FM/Derraik.

Anderson lembrou que quando o Cubo foi lançado, em 2015, em uma parceria entre Redpoint e Itaú, quase não haviam inicativas de CVC no Brasil. Hoje, o número está perto de 100, segundo a consultoria Bain. “Nos EUA as empresas participam de metade de das rodadas”, destacou.

Falando em EUA, Daniel Ibri, cofundador da Mindset Ventures, que só investe na terra do tio Sam e em Israel, contou que um terço dos aportes feitos por eles lá têm empresas envolvidas. De todos os negócios, ele só lembra de uma negociação que tinha termos “estranhos”, um cenário bem diferente do Brasil. “É preciso amadurecer a relação”, disse.

O melhor momento para investir

Para Anderson, esse amadurecimento é uma das coisas que ainda precisam melhorar no mercado de venture capital local. Outro aspecto é a evolução do venture debt, que ainda é menos de 1% do mercado, enquanto nos EUA representa cerca de 25%. Mas a leitura do investidor, que está no mercado desde 2003, é muito positiva. “Pela primeira vez temos uma cadeia completa no Brasil”, destacando o fato de já haver talentos disponíveis e muitos casos de fundadores que criaram e venderam empresas e criaram novos negócios, ou passaram a investir em ooutras companhias.

“Sempre acho que é um bom momento para invesstir na América Latina”, reforçou Daniel. Para ele, apesar de EUA e Israel terem uma tendência de recuperação mais rápida quando o mercado passar o atual cenário, o teto já está dado por se tratarem de mercados mais maduros. Na América Latina, é diferente e a oportunidade é de subir de nível na retomada.

Ajuste necessário

Para Patrick Aripol, da Alexia Ventures, o momento do mercado é um ajuste necessário diante dos excessos que lembraram a época do estouro da bolha da internet no início dos anos 2000. “Foi um ciclo de avanço de 4 a 5 anos e agora vem um recalibração de expectativas. Mas o mercado está efervescente”, disse.

Segundo ele, o momento fez com que as startups tivessem que aumentar sua capacidade de financiamento próprio de 12 a 18 meses para 24 a 36 meses, e ainda vai ser difícil captar nos próximos 12 a 18 meses, especialmente nas companhias mais avançadas. “Os fundadores são os últimos a entender as mudanças porque estão contruindo um negócio, têm uma fase de negação. Mas agora as coisas aterrisaram”, avaliou.

De acordo com Anderson, a correção trouxe os valuations para um patamar próximo ao que era praticado em 2020 – que já foi um ano que foi considerado de números altos. Ele destacou que há uma geração de gestores de venture capital e de fundadores que nunca tinha passado por um ajuste de mercado, o que contribui para deixar as coisas um pouco mais tensas.

Anderson disse acreditar que o maior problema do cenário atual não é a queda dos valuations, mas a falta de previsibilidade sobre quanto tempo essa situação vai durar. “Se durar 18 meses, mesmo as empresas que se planejaram para segurar mais tempo vão precisar de dinheiro. E isso pode trazer problemas”, avaliou.

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