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Em uma estratégia para diversificar e ampliar a receita, a plataforma de intermediação de viagens de ônibus Buser acaba de lançar a venda de pacotes turísticos unindo viagens rodoviárias e hospedagem pelo Brasil. A notícia foi adiantada com exclusividade para o Startups.

Criada em 2017, a startup já vinha investindo em novas frentes de negócio fora o fretamento pelo app, expandindo para o marketplace e criando um braço de envio de encomendas. “A Buser nasceu com foco no fretamento colaborativo, mas com o tempo vimos que existem outros serviços adjacentes que podemos oferecer como um ecosssistema de mobilidade”, diz Gabriela Miranda, diretora de novos negócios da startup.

Com os pacotes turísticos, a companhia oferece fretamentos saindo de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, em ônibus executivo e semi-leito. Para a hospedagem, o cliente pode escolher resorts ou hotéis 3 estrelas, para duas, quatro ou seis diárias. O serviço, pontua Gabriela, ainda está em fase inicial e por isso tem apenas algumas cidades e menos de 10 hotéis parceiros disponíveis. “A ideia é que a gente evolua e consiga escalar para todo o Brasil”, afirma.

A Buser não está entrando no setor com os olhos vendados. Em fevereiro, a startup fechou uma parceria com a Hurb (ex-Hotel Urbano)  para oferecer um pacote específico para Cabo Frio (RJ), incluindo hotel e passagem de ônibus. “Foi um teste bacana, que gerou muitos aprendizados. Com o produto dentro de casa estamos colhendo ainda mais resultados para aprimorar e desenvolver o serviço”, diz Gabriela.

Por que comprar o pacote com a Buser, e não com outras empresas e agências de viagens? Segundo a diretora, a opção é mais prática e conveniente. Ao invés de comprar a passagem rodoviária com a Buser e ir atrás de outra empresa para a estadia (ou vice-versa), o cliente pode fazer tudo de uma vez. Gabriela destaca também o suporte e atendimento 24/7 em caso de eventuais problemas na viagem.

“Além disso, temos um transporte confortável e de preço acessível”, pontua a executiva. De acordo com o site da Buser, a companhia oferece passagens de ônibus por até menos da metade do preço das rodoviárias.

Mercado aquecido

Depois de 2 anos de e restrições, as pessoas querem viajar. É o que aponta uma pesquisa do Booking.com. Segundo o levantamento, 81% dos turistas brasileiros desejam viajar dentro do país. “O turismo interno está superaquecido. As pessoas estão com saudade de viajar e muitas têm a possibilidade de trabalhar remotamente”, observa Gabriela.

Como se isso já não bastasse para reavivar o setor, a alta no preço das passagens aéreas e do combustível deixou o cenário ainda mais favorável para a Buser. Se não dá para ir de avião ou carro próprio, a alternativa é o ônibus. “Recentemente fizemos um estudo comparando a viagem de carro com a da Buser e em alguns casos há uma redução de 80% no custo”, pontua a diretora.

Segundo Gabriela, a startup não tem uma projeção do quanto os pacotes de viagem devem representar na receita. No entanto, o plano é que com a receptividade nas principais capitais o negócio seja ampliado para “o máximo de cidades possíveis”.

“A Buser está presente em mais de 650 cidades – e onde os ônibus chegam podemos ter parcerias com os hotéis. A expectativa é: se o produto der certo, crescer para toda a malha da Buser.” A companhia tem hoje 7 milhões de pessoas cadastradas na plataforma, 400 parceiros (entre fretadores e viações maiores) e utiliza mais de 1.200 ônibus para suas operações.

Gabriela Miranda, diretora de Novos Negócios da Buser
Gabriela Miranda, diretora de Novos Negócios da Buser

Investindo nos canais de venda

Mais que a expansão do portfólio, a Buser vem direcionando esforços para criar novos canais de venda. A divisão já é responsável por cerca de 20% do GMV (Volume Bruto de Mercadorias) da empresa e deve chegar a 35% da receita até o fim deste ano.

Um foco especial vai para o WhatsApp. As vendas são feitas com o apoio de 140 promotores externos – vendedores terceirizados que recebem treinamento para comercializar e reservar as passagens. A frente é responsável por 6% de toda a receita da Buser.

“No Brasil, quem viaja de ônibus tem o costume de comprar a passagem na rodoviária. Nos Estados Unidos e na Europa, o comportamento é mais digitalizado. A Buser, com um site e app, busca formas de atrair as pessoas que ainda têm o hábito de ir no guichê”, explica Gabriela. O WhatsApp é uma forma de aumentar o alcance da plataforma e o número de clientes, diz a executiva.

A startup também está fechando parceria com clubes de benefícios, como o da operadora Vivo, além de programas de afiliados (Rakuten e Livelo) e no marketplace do Nubank. Os apps AME e PicPay estão em fase de integração, e plataformas como BuscaÔnibus e CheckMyBus já representam 9% das vendas totais da companhia.

Os novos canais também crescem por meio de parcerias com as agências de viagem. O programa Buser Agente conta com 200 parceiros nacionais, que podem vender assentos nos ônibus Buser pelo modelo de fretamento colaborativo e acessar o marketplace da startup, com mais de 60 empresas de ônibus que atuam em rodoviárias. A BlaBlaCar é outra empresa de mobilidade que aposta em um marketplace de ônibus para aumentar as opções para sua base de usuários de caronas intermunicipais – mas a startup francesa diz que não pretende competir com a Buser com operação de ônibus, apesar de ter este serviço em seu país natal.

Em breve, a venda dos pacotes de viagem da Buser também deve ser disponibilizada via agências de viagem. Sem abrir números específicos, Gabriela revela que a startup fundada por Marcelo Abritta cresceu 3,6 vezes nos últimos 12 meses e projeta crescer 3 vezes em 2022.

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