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Ajudar as pessoas a desenvolverem seus próprios potenciais sempre esteve no coração da trajetória de Iona Szkurnik. Nascida no Rio de Janeiro, ela escolheu a psicologia como carreira justamente com isso em mente, acolhendo as pessoas em seus processos de  aceitação, autoconhecimento e descoberta de talentos para que pudessem ser felizes da forma que quisessem e se tornassem suas melhores versões.

Embora fosse feliz exercendo a profissão, após cinco anos atuando na área, Iona deparou-se com um questionamento: como dar escala para este trabalho, ajudando um número muito maior de indivíduos a nível global? Foi no empreendedorismo que ela encontrou as oportunidades para cumprir esta missão.

Há cerca de 10 anos, Iona mudou-se para os Estados Unidos para um mestrado em Education Technology na Universidade de Stanford. Baseada no coração do Vale do Silício, ela viveu na prática o impacto e a oportunidade de usar a tecnologia para mudar o mundo, e desenvolveu suas próprias habilidades em liderança, desenvolvimento de produtos e autoconfiança. As experiências levaram à criação da Education Journey, startup de educação corporativa que usa inteligência artificial para desenvolver colaboradores de forma escalável e totalmente individualizada por meio de trilhas de aprendizagem de alta precisão.

Em um papo de peito aberto com o Startups, Iona fala sobre as experiências e os aprendizados no Vale do Silício, as motivações para empreender e como enxerga os próximos passos de sua trajetória profissional. Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa.

Você é psicóloga de formação. O que te motivou a exercer essa profissão e, depois, empreender no mercado de tecnologia?

A Education Journey é o desembocar de uma trajetória de 20 anos que começou na psicologia. Meu objetivo sempre foi querer ajudar as pessoas a mudar de vida, desenvolver seus próprios talentos e ser a sua melhor versão. Acredito profundamente que cada um tem talentos, todo mundo tem potencial e que o caminho para você ser feliz e ter sucesso do jeito que quiser, é se conhecendo. A psicologia traz muito disso: autoconhecimento, aceitação e desenvolvimento dos seus potenciais.

Atuei na área durante cinco anos, tive consultório clínico e trabalhei na Rocinha durante um tempo. Como me formei especializada em atendimento de crianças, a escola, a educação e o aprendizado faziam parte do meu dia a dia. Entrei no mundo da educação pela porta da psicologia, com a vontade de ajudar as pessoas a serem felizes e descobrirem seus talentos.

A decisão de mudar se deu por um lado pragmático e outro mais de insight. Primeiro, porque aos 25 eu já tinha dois filhos e não conseguia pagar as contas. A realidade é muito dura e o mundo das humanas não é tão recompensado quanto o das exatas. Já o insight veio da pergunta “como posso ajudar mais pessoas?” – Aí encontrei a tecnologia. Eu queria ajudar ainda mais pessoas e percebi que na psicologia havia uma limitação, pois não conseguiria atuar com a escala que desejava. A Iona de hoje é uma continuação da que veio antes. Sou a mesma pessoa, mas com outros olhares e aprendizados sobre como ajudar as pessoas e desenvolver o potencial de cada um, mas fazer tudo isso com escala.

Você se mudou para os Estados Unidos e esteve em contato direto com o Vale do Silício. Qual a importância dessa experiência para a sua trajetória como empreendedora?

Acho que já escolhi Stanford indo atrás de tecnologia. Em 2013, percebi que o mundo estava mudando e, ao avaliar o que faria naquele momento, me encantei com a proposta do empreendedorismo, que é um campo fértil para mudar o mundo. Se você tem uma paixão muito grande e quer resolver um problema, a tecnologia pode ser usada de diversas maneiras. E não há lugar melhor do mundo do que o coração do Vale do Silício.

Se não tivesse ido para Stanford, a Iona de hoje não existiria. Fiz um mestrado interdisciplinar de educação, tecnologia e liderança. Fui reconstruída de dentro para fora. Trabalhei construindo a primeira plataforma de online learning de Stanford, com uma experiência prática, aprendendo coisas concretas que, aos poucos, me tornaram uma pessoa mais ousada e ambiciosa. Ver a mágica acontecer é uma coisa muito contagiante. 

Demorei oito anos até fundar a Education Journey, porque sofria muito com a síndrome do impostor, e foi na Universidade que entendi o que era isso. Ao longo dos anos, fui desconstruindo a voz interna da síndrome do impostor e me apaixonando por criar produtos e soluções tecnológicas. Também aprendi a importância de trabalhar e entender minhas vulnerabilidades – não é porque sou líder que sei de tudo ou sou melhor que outra pessoa. Quero conhecer pessoas melhores do que eu e seguir me desenvolvendo. A união de auto-segurança e essa vulnerabilidade é muito poderosa.

Como é empreender nas conjunturas atuais do mercado, neste cenário de incertezas e desafios macroeconômicos?

Os desafios têm sido bons para a Education Journey. Como as empresas estão passando por reajustes e demissões, os colaboradores que ficaram precisam performar melhor. Quem ficou, dá muito valor para a empresa e quer se desenvolver, e as companhias estão escolhendo trabalhar com os softwares que de fato geram impacto.

Elas escolhem manter a Education Journey, pois somos um agregador de conteúdos para as diferentes áreas do negócio, o que gera altos resultados e muito valor para as empresas. Nossa proposta de valor foi confirmada durante a crise. Nosso diferencial baseia-se em ser o maior agregador de conteúdo do mercado, fazendo uma curadoria do melhor conteúdo para cada colaborador com precisão do que a pessoa precisa entregar no trabalho. É uma trilha de aprendizagem de alta precisão.

Ao longo da sua trajetória você teve que conciliar a sua vida profissional com a maternidade. Como você faz para conciliar as responsabilidades pessoais com hobbies e as demandas da empresa?

É preciso ter flexibilidade. Não sou a doida da rotina ou da disciplina, sou muito maleável e gosto da união do pessoal e profissional. Se estou em uma reunião e meus filhos ligam, vou atender. Precisamos ter compaixão com nós mesmos e com tudo o que a gente se propõe. Estou segurando o prato de CEO, de lidar com investidores, os clientes, o time, marido, filhos, amigos, hobbies… Compaixão é o ingrediente secreto. Ser flexível e entender qual é a prioridade do dia, do mês, do semestre.

Acredito que adaptabilidade e resiliência são os soft-skills mais importantes. Também é essencial ter foco em cada coisa que estou fazendo. Escolho sempre ver o copo meio cheio, então se houver leveza e otimismo, consigo dar conta. Quando estou no Brasil, amo estar na praia, seja para fazer exercícios, encontrar amigos ou dar um mergulho. Nos Estados Unidos, é fazer trilhas na floresta, estar na natureza. Estar com meus filhos, meu cachorro.

O que a Iona quer alcançar nos próximos anos, tanto profissionalmente quanto pessoalmente nos próximos anos?

Quero chegar no final do caminho de CEO. Ainda estou no começo, mas vejo a estrada e sei que nesse caminho há um final, um momento de passar a empresa para frente, com muito sucesso. Há muitas formas para isso, seja IPO, M&A ou ficar na empresa por décadas e uma hora sair. Existe sempre um final, e quero chegar nele. Não sei qual será a forma do exit, mas tenho certeza que é uma jornada e quer ser CEO é um capítulo da minha história.

Estou aprendendo muito. Falar com investidor é diferente de fazer uma contratação, conversar com o cliente, falar com a mídia e estar no palco de um evento. Até tirar férias de um CEO é diferente de tirar férias quando tinha outras funções profissionais. Também quero aprender a me cuidar, hoje a Education Journey é meu novo filho e na maternidade temos que aprender a nos cuidar.

Além disso, quero conhecer mais sobre o admirável mundo novo que é a educação corporativa impactada pela tecnologia e a inteligência artificial. Tenho um lado nerd de fome de conhecimento. Ser CEO é o meu lado executivo, em que muitas vezes preciso usar mais a razão do que o coração. Mas tenho um outro lado de ser fascinada pelo que está acontecendo no mundo.

Raio X – Iona Szkurnik

Um fim de semana ideal tem… praia

Um livro: “The Tender Bar”, de J. R. Moehringer 

Algo com que não vivo sem: terapia

Uma música ou artista favorito: George Ezra

Um prato preferido: moqueca

Uma mania: tomar um expresso de manhã

Sua melhor qualidade: paciência

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