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Grupo RIC, do Paraná, monta a Quintal Ventures para investir em startups

CVC do grupo de comunicação RIC, Quintal Ventures nasce R$ 10 mi para aportes com cheques entre R$ 100 mil e R$ 500 mil e media for equity

Grupo RIC, do Paraná, monta a Quintal Ventures para investir em startups

O grupo de comunicação paranaense RIC, que retransmite a Record e a Jovem Pan no estado, é o mais novo membro do clube de empresas que investem em startups. Com a criação da Quintal Ventures, o plano é aplicar R$ 10 milhões em cerca de 10 companhias em estágio bem inicial de desenvolvimento (anjo e seed) ao longo dos próximos 5 anos. Os cheques vão variar entre R$ 100 mil e R$ 500 mil.

Além dos recursos financeiros, os aportes da Quintal vão incluir espaço de publicidade nos diferentes canais da RIC, formato conhecido como media for equity. O plano é olhar para projetos B2C com uma tese generalista, buscando negócios que possam crescer suas bases de usuários com a audiência das diferentes publicações do grupo. “Um marketplace de serviços de saúde, uma farmácia online com preço acessível. São projetos que fariam sentido anunciar nas mídias do grupo, teria bastante tração? A medida é o quanto consegue alavancar de vendas”, diz André Pamplona, head de inovação do grupo RIC e gestor da Quintal.

Ele destaca que um projeto em estágio inicial costuma usar de 30% a 50% dos recursos de uma rodada em marketing, sendo praticamente tudo aplicado em mídia digital. Com o aumento da competição e a redução da eficiência dessas mídias, ele avalia que ter acesso aos diferentes meios do grupo RIC pode ser uma vantagem para uma startup. Além disso, como não haverá investimento em mais de um negócio em um mesmo segmento, a startup não terá competição na exposição.   

Por conta da estratégia de usar o media for equity como impulsionador, o olhar da Quintal estará bastante voltado às startups nascidas no Paraná. Mas oportunidades fora do estado também farão sentido, desde que a companhia queira atuar ou ampliar sua operação por lá.

O Paraná tem quase 2 mil startups em operação em 108 municípios, segundo a 8ª edição do Mapeamento das Startups Paranaenses, do Sebrae-PR. Em 2021, houve um crescimento de 36,4% no número de companhias em operação no estado.

A gênese    

A Quintal foi concebida há 6 meses, quando André foi convidado a criar o projeto. A família Petrelli, dona da RIC, já tem conhecimento do mercado de startups por conta de investimentos feitos por eles. Eduardo Petrelli, herdeiro do grupo, é investidor anjo da Contabilizei e cofundador do aplicativo de entregas James Delivery, vendido ao Pão de Açúcar em 2018. No começo do ano ele lançou a Diferente, um mercado de produtos orgânicos.

Para colocar o CVC de pé, André conta ter feito um trabalho de educação dentro do grupo, com apresentações sobre o conceito de inovação aberta e o mercado de startups. “Precisava envolver o c-level e não simplesmente criar um corpo estranho que seria fagocitado pelos mecanismos de defesa do grupo”, diz.

O nome Quintal veio da ideia de plantar e colher e também do conceito de ser próximo, regional que é a proposta do grupo RIC. “O nome surgiu em 5 minutos de brainstorm”, lembra André.

De acordo com André, não há pressa para fechar o 1º investimento. Isso deve acontecer no 2º semestre. Para ele, o momento atual de correção do mercado é interessante para o início da operação da Quintal porque tira os excessos. “A correção é muito bem-vinda do ponto de vista de um investidor profissional que está olhando para a sustentabilidade, não para hype. O momento é desafiador para começar, mas estamos otimistas”, diz.

Mídia investindo em startups

O investimento de grupos de mídia em startups tem como principal referência a sul-africana, Naspers, que fez um dos investimentos de venture capital mais bem-sucedidos da história com o aporte de US$ 31 milhões na chinesa Tencent em 2001, que virou algumas centenas de bilhões algumas algumas décadas depois.

A empreitada, que incluiu investimentos na Movile, iFood, Buscapé e outros nomes, deu origem à Prosus, uma empresa separada listada em bolsa. O alemão Bertelsmann também é bastante ativo.

No Brasil, o modelo foi bastante usado no começo dos anos 2000, mas nunca funcionou muito bem. Mais recentemente, a Globo deu uma nova chance à iniciativa com a criação da Globo Ventures. “Acreditamos muito no flywheel positivo que o modelo de aporte de mídia pode oferecer”, reforça André.