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Quanto ganha quem trabalha em venture capital no Brasil?

Pesquisa da EVCF joga luz sobre dúvidas como quanto ganha quem trabalha em venture capital no Brasil e a satisfação com o trabalho

venture capital
Foto: Canva

Os investimentos em venture capital não são exatamente uma novidade no Brasil. Mas foi só nos últimos 5 anos que o mercado começou a tomar forma de verdade.

E por se tratar de uma indústria em amadurecimento, muitas dúvidas ainda ficam na cabeça de quem precisa contratar e também de quem pensa em construir uma carreira nela.

Quanto ganha um profissional? Qual o regime de trabalho? Os benefícios? É difícil subir na carreira? As pessoas gostam do que fazem?

Para responder a algumas dessas questões, a Emerging Venture Capital Fellows (EVCF), organização que reúne profissionais que estão começando sau carreira no setor, acaba de fazer um estudo com sua base. O material, antecipado ao Startups, traz um radiografia de como anda a carreira de quem a EVCF chama de a 1ª geração analistas de VC do Brasil.

“O mercado de Venture Capital no Brasil ainda é jovem se comparado ao resto do mercado financeiro, mas vem crescendo e evoluindo muito rápido nos últimos anos. Isso cria um desafio para os analistas de VC – ao mesmo tempo que são exigidas habilidades e conhecimentos bem complexos. Entendemos o impacto da indústria no país, assim, esperamos criar a base para esses profissionais se desenvolverem da melhor forma possível”, diz Cibelle Higino, associate da Honey Island Capital e líder do grupo de trabalho de pesquisas da EVCF.

Faz-me rir

No quesito que mais chama a atenção, a remuneração, o pagamento no fim do mês, a média nos 7 níveis hierárquicos mapeados varia de R$ 2,2 mil para um estagiário e se aproxima de R$ 23 mil para um principal/director.

O valor do faz-me rir depende muito do segmento de atuação e do tamanho do fundo onde o profissional trabalha. Os fundos que investem em empresas em estágio mais avançado de desenvolvimento (late stage) e têm mais ativos sob gestão (AUM), pagam melhor que os que estão na ponta do early stage e têm bolsos menores.

Para ganhar mais de R$ 20 mil, por exemplo, é quase sempre necessário estar em um fundo com uma média de R$ 830 milhões administrados. Se a casa tiver R$ 250 milhões ou menos, o pagamento médio cai para a casa dos R$ 7,5 mil.

O tempo de experiência é um fator que pesa bastante na remuneração. Quanto mais tempo no mercado de trabalho e também atuando nesta indústria vital, maior é a chance de ter bons ganhos no fim do mês.

O salário é complementado pela remuneração variável. Sete entre cada 10 profissionais algum pagamento atrelado a desempenho. Apenas os estagiários (sempre eles) ficam de fora da festa.

Tempo de mercado e satisfação

Os fellows têm, em sua maior parte, até 3 anos de experiência em venture capital. Apenas um dos participantes ficou na casa dos 7 anos. Mais de dois terços da amostra também tem experiência profissional total inferior a 3 anos.  

A maior parte dos profissionais nunca mudou de emprego, mas também nunca recebeu uma promoção.

A satisfação com o trabalho se mostra em um nível elevado para a maioria dos fellows. O número aumenta junto com o nível de senioridade, no que Cibelle avalia sendo como uma percepção pessoal de domínio do mercado e de ser uma referência no ecossistema.

Carteira assinada

O tipo de contratação mais comum é a boa e velha CLT, com quase metade dos profissionais (45,19%) atuando com carteira assinada. Em 2 dos 7 níveis hierárquicos mapeados, o modelo PJ e de contrato social tiveram maior destaque Associate e Principal/Director com os dois formatos representando cerca de 70% dos contratos. No topo da cadeia, o modelo mais comum é o de PJ, com metade do total.

A maioria dos profissionais trabalha em modelo remoto e tem benefícios como VR e plano de saúde. Benefícios flexíveis, vale-alimentação e Gympass também são comuns. Quase regalias bastante comuns. Quase um terço dos profissionais (29,41%), não tem benefícios.    

Mercado masculino

Assim como já havia sido mapeado em uma outra pesquisa feita pela EVCF em 2020, a maioria dos profissionais non-partner atuando no setor são homens (69,85%), com idade entre 22 e 25 anos. Mais de um terço deles (35,29%) se formou em Administração. O segundo curso mais comum entre os fellows é economia (18,38%).

Quase um quarto dos profissionais se formou em uma universidade federal (22,79%), sendo a USP a principal alma mater (18,38%). Colada vem a FGV, com 16,91%.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa foi feita entre o fim de abril e o começo de junho e teve 136 respostas de membros do EVCF, representando 100 gestoras. O número de respondentes equivale a 85% dos membros da organização na época em que a pesquisa foi feita. Em um levantamento feito em 2021, a EVCF mapeou 316 gestoras em operação no Brasil. Isso sem contar as que ainda estavam operando sem serem anunciadas publicamente.

Como o levantamento foi lançada no fim do ano, e de lá para cá os ventos mudaram bastante, a tendência é que os números não tenham mudado tanto.