Com o objetivo de capacitar profissionais de tecnologia para cargos de liderança, a Strides anuncia sua entrada no mercado. A companhia opera no modelo B2B e B2C, oferecendo programas educacionais com a missão de amenizar o apagão tecnológico – termo usado para falar da falta de profissionais formados no setor. A notícia foi divulgada em primeira mão para o Startups.
O negócio foi fundado no ano passado por Cláudio Azevêdo e Diego Alvarez, ex-executivos de tecnologia que somam passagens pela Dotz, Zé Delivery, Cabify e Microsoft. “Mesmo no contexto de demissões em massa ainda há muitas vagas abertas e demanda por talentos. Várias instituições surgiram nos últimos anos com foco no início da jornada, buscando formar profissionais para suprir esse gap. Mas ainda há um espaço a ser suprido numa etapa à frente, quando essas pessoas precisam virar líderes e gerir outros colaboradores. É nesse lugar que a Strides se posiciona”, afirma Cláudio.
A proposta não é ser uma empresa de cursos. Os próprios founders reconhecem que já existem diversas startups do setor que exercem esse papel. Segundo Cláudio, a Strides quer resolver os problemas reais das novas lideranças, que na sua grande maioria ainda têm pouco tempo. “Não dá para formar um ótimo líder em apenas 3 meses, estaríamos sendo muito ingênuos se disséssemos que é isso que vamos fazer”, pontua.
Para desenvolver o produto, os empreendedores entrevistaram mais de 70 pessoas e empresas nacionais, incluindo CTOs, gestores de RH e profissionais. Ao final deste processo, perceberam que a força estaria na comunidade. “Impactar o mundo através de outras lideranças é muito mais robusto do que fazer isso sozinho. Se conseguirmos reunir pessoas para ajudar outras a se desenvolverem, a quantidade de vidas impactadas é exponencial”, argumenta Cláudio.
Como funciona
A Strides propõe um método de aprendizagem 100% prático, com programas educacionais desenvolvidos especificamente para a jornada da primeira liderança em tech em cima de cases, mentorias e coaching. Os alunos podem trocar experiências com outros membros da comunidade e aprender com altos executivos com track record em empresas referência no mercado como Nubank, Movile, Mercado Livre, Locaweb, Picpay, Creditas, entre outros.
“Apostamos no problem-based (problema no centro), discutindo casos reais das empresas e situações que os profissionais enfrentam no dia a dia. Claro que temos momentos de imersão de conteúdo, mas a ideia é seguir aprendendo ao longo de toda a vida, cercado de uma rede de apoio com quem podem compartilhar seus desafios e ouvir sugestões. É essa troca que dá repertório para as novas lideranças e deixa o caminho muito mais fluído”, explica Cláudio.
O lançamento da primeira turma foi em novembro para o programa Tech Manager 5.0. A edtech escolhe participantes com base em seus perfis e currículos para garantir a aderência das pessoas aos problemas discutidos. Dessa vez, foram selecionadas 30 pessoas que compartilhavam do mesmo momento de jornada: início do primeiro cargo de gestão. A iniciativa ofereceu mais de 60 horas de conteúdo em três meses, com acesso vitalício às gravações e à comunidade da Strides. Fazem parte desta primeira turma profissionais de empresas como Leroy Merlin, Ambipar, FCamara, iFood, Ci&T e 180ºSeguros.
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O cofundador Diego Alvarez ressalta que a capacitação vai muito além das capacidades técnicas. “É comum que as pessoas tenham síndrome do impostor, embora sejam excelentes tecnicamente. O setor é muito dinâmico, com tantas coisas novas a todo o momento que até os profissionais mais experientes sofrem com inseguranças. Imagina quem acabou de entrar na área para ser gestor? Um dos únicos caminhos para a pessoa ter uma liderança atualizada e enfrentar desafios é estar em comunidade.
No Brasil, quem traz uma proposta semelhante é a IFTL (ex-Kadrabra), também voltada para a formação de líderes em tecnologia. A startup já oferece programas para CTOs e tech leads, e para 2023 quer criar novas vertentes e ter 12 cursos rodando em paralelo, além de lançar uma comunidade para ex-alunos discutirem temas mais avançados e específicos.
Modelo de negócio
Até o momento, o crescimento da Strides foi feito com recursos próprios – uma escolha dos próprios fundadores. “A onda de demissões em massa do último ano revelou movimentos que queríamos evitar. Muitas vezes os investidores trazem pressões por crescimento acelerado, e até entendemos que empresas que oferecem isso são sedutoras. Mas como um produto de educação que está surgindo agora, o que menos queremos é pressão para crescer rápido”, afirma Cláudio.
Segundo o executivo, o foco da companhia é a gestão sustentável. Olhando para a performance e entrega de resultados, mas também para a qualidade e o trabalho de forma consciente. “Buscamos um impacto real na vida das pessoas, muito mais do que crescimento rápido ou faturamento absurdo nos primeiros 12 meses. Criar uma comunidade forte e gerar valor para a comunidade de tecnologia. Por isso, optamos por não captar investimento nesse primeiro momento”, acrescenta.
A startup assumiu um compromisso para promover mais diversidade. Qualquer pessoa que se autodeclare parte de um grupo sub-representado conta com bolsa de 50%. Pessoas de grupos familiares beneficiários de programas oficiais de amparo social, com renda per capita mensal de até um salário mínimo, têm direito à bolsa integral. A Strides também quer apoiar profissionais impactados pelas demissões do último ano, e abriu a possibilidade de eles pagarem pela qualificação apenas depois de se recolocar no mercado.
“Claro que tudo isso tem um preço. Fomos ao mercado e conseguimos empresas parceiras que custeassem as bolsas”, explica Cláudio. Os parceiros incluem a V360 e a 200DEV. Na primeira turma, quase 30% dos participantes eram de grupos sub-representados.
