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Evitar downrounds não é necessariamente a melhor saída, diz Riverwood

Otimista com o mercado latino-americano, Francisco Alvarez-Demalde fala sobre desafios e oportunidades na atual conjuntura

Francisco Alvarez-Demalde, cofundador da Riverwood Capital
Francisco Alvarez-Demalde, cofundador da Riverwood Capita, durante o Vamos Latam. Foto: Divulgação

Embora muitos empreendedores tentem evitá-los a todo custo, os downrounds se tornaram uma realidade inevitável para muitas startups por conta do cenário econômico desfavorável e investidores cada vez mais criteriosos. O resultado, são empresas que precisam do dinheiro para sobreviver ou atingir seus próprios objetivos fechando uma nova rodada de investimentos a um valor de mercado inferior ao da anterior. 

“A melhor saída não é necessariamente esperar e evitar o downround. O mais importante em uma rodada de investimentos é avaliar o por que de estar captando neste momento e quais são as necessidades”, disse Francisco Alvarez-Demalde, cofundador da Riverwood Capital, em conversa com Daniel Cancel, da Bloomberg News, durante o Vamos Latam Summit.

“Receber esse dinheiro pode ser importante para o negócio. Não quer dizer que o valuation não importa, mas mais relevante que o valor de mercado da sua empresa é o que ela está fazendo, construindo e se está melhor do que a concorrência. O jogo é se destacar no mercado, ter um bom produto e trazer retorno financeiro”, explicou Francisco.

Apesar do cenário macroeconômico adverso, o executivo considera este um bom momento para empreender. “Em minha experiência, os momentos mais difíceis para captar são os que você pode construir melhores negócios. A conjuntura atual permite contratar melhor e ganhar mais market-share, porque a competição é menor”, disse.

Ele enxerga ótimas oportunidades no varejo e na área de digitalização do consumidor e das fintechs, que devem seguir sendo um setor aquecido e atrativo no mercado. Como cases de sucesso, ele cita a Dock, veterana nacional no segmento de serviços financeiros para fintechs e outras empresas – o famoso Banking as a Service (BaaS) – que levantou US$ 110 milhões no ano passado com Lightrock, Silver Lake, Riverwood Capital, Viking Global Investors e Sunley House Capital.

Sobre IA, o executivo é direto: “É um avanço tecnológico extremamente real que permitirá que empresas e consumidores façam ainda mais coisas”, avaliou, comparando o momento atual da tecnologia com a primeira onda dos smartphones.

Com o aumento da conectividade, Francisco ressalta que startups latino-americanas têm o potencial de construir negócios de impacto. “Temos uma grande oportunidade. Nossos talentos são incríveis, e apaixonados. Vejo mais paixão e energia aqui do que nos eventos do Palo Alto, embora eles também sejam ótimos. A América Latina tem os componentes para construir coisas incríveis, com um ecossistema de empresas que atendam não só a própria região, mas todo o mundo”, avaliou.