ESG

Zaya nasce para simplificar cálculo de impacto ambiental das empresas

Investida pela Oxygea, startup quer ser a principal parceira de empresas que querem atender às crescentes demandas de sustentabilidade

Isabela Basso e Otávio Dutra, fundadores da Zaya
Isabela Basso e Otávio Dutra, fundadores da Zaya (Foto: Divulgação)

À medida que a preocupação global com a crise climática se intensifica, a necessidade de soluções para avaliar e reduzir os impactos das atividades empresariais tem se tornado cada vez mais urgente. E é justamente nesse contexto que nasce a greentech Zaya, que desenvolveu um software próprio para ajudar empresas a calcular seus impactos ambientais e se tornarem mais sustentáveis.

O intuito é fazer isso de forma descomplicada e científica, disponibilizando ferramentas como a já disponível Análise de Ciclo de Vida, que permite calcular e analisar o impacto ambiental completo (emissão de gases de efeito estufa, consumo de água, uso de terra, etc) de produtos e operações diariamente, e não a cada mês como era feito até então. O segundo módulo, a ser lançado em junho de 2024, é o Inventário de Gases de Efeito Estufa, ferramenta desenvolvida com base no Programa brasileiro GHG Protocol para que empresas possam mensurar e reportar suas emissões corporativas agregadas.

Fundada por Isabela Basso (ex-Braskem) e Otávio Dutra (ex-Partyou), a Zaya recebeu um investimento da Oxygea, de valor não revelado, e tem como primeiro cliente o Cazoolo, laboratório de inovação em embalagens da Braskem. Segundo os empreendedores, o intuito agora é atrair novos clientes e fechar os primeiros contratos.

“Temos um pipeline comercial que pode nos levar a uma Receita Recorrente Anual (ARR) de R$ 1 milhão ainda no primeiro semestre. Esse será um marco importante para começarmos a pensar em uma rodada de investimento e a ter as métricas necessárias para, depois, ter uma captação saudável”, afirma Otávio. Inicialmente, a Zaya estará focada nas corporações, mas a expectativa é de, no futuro, ampliar a atuação para todos os portes de empresa.

Mercado em ascensão

O ESG tem entrado de vez para a agenda de inovação de diversas empresas. No Brasil, os investimentos em startups com soluções para o impacto ambiental, social ou de governança atingiram um pico histórico em 2022. Apenas naquele ano, foram 90 rodadas de investimento no país, que movimentaram mais de US$ 861,6 milhões, de acordo com o relatório ESG Report 2023 do Distrito.

Nesse cenário, o objetivo Zaya é ser a maior a parceira das empresas que querem atender às crescentes demandas de sustentabilidade, desde reports e criação de produtos mais sustentáveis até exigências de regulamentações do Brasil e do mundo, como o Padrão ISSB (International Sustainability Standards Board) recentemente adotado pela CVM e o mecanismo CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism), já em vigor na Europa.

“Muitas soluções são focadas exclusivamente nas mudanças climáticas e emissões de carbono. Obviamente, são elementos importantes, mas do ponto de vista de ciência e regulamentação o impacto ambiental terá que ser mensurado de forma muito mais ampla do que apenas mudanças climáticas. Temos que olhar também para consumo de água, uso da terra, impacto do solo, acidificação dos oceanos, entre outros aspectos”, explica Isabela.

Por esse motivo, a empreendedora destaca que o principal diferencial competitivo da Zaya é a abordagem holística que busca ampliar o conhecimento e a atuação das empresas em relação a seus impactos ambientais totais. A Zaya faz o cálculo de pegada ambiental com base na metodologia Environmental Footprint, desenvolvida pela Comissão Europeia, que calcula o impacto ao longo do ciclo de vida do produto – da extração de matérias-primas, ao processamento, o uso, transporte e fim de vida. Esse processo leva em conta 16 categorias de impacto ambiental, que vão além de mudanças climáticas e emissões de gases poluentes.

“Outro ponto importante é o custo acessível, e o fato de investirmos muito em usabilidade e experiência do usuário que a interface seja super fácil de usar. Os nossos principais competidores têm plataformas que só são acessíveis para quem entende muito do assunto. Isso não vai dar conta do volume de análises que precisam ser feitas e da quantidade de empresas que precisarão fazer esses estudos”, acrescenta Isabela. Segundo a empreendedora, a proposta da Zaya é que mesmo uma pessoa não técnica consiga criar estudos e gerar resultados e conhecimento de forma contínua na plataforma, democratizando o acesso.