Startup Summit

Toda empresa tem que estar preparada para ser vendida

No Startup Summit, Karolyna Schenk, do Bradesco BBI, destaca que deixar a casa arrumada é uma forma de facilitar uma negociação no futuro

Karolyna Schenck, do Bradesco BBI, durante o Startup Summit 2024
Karolyna Schenck, do Bradesco BBI, durante o Startup Summit 2024

*De Florianópolis, a convite da organização do Startup Summit

Que empreendedor não quer ter a chance de vender o seu negócio? Seja para ajudar a impulsionar a operação com uma estrutura maior, ter apoio para resolver questões complexas, ou mesmo por momento de vida. Só que ninguém se prepara para a possibilidade disso acontecer. Mas deveria. “Ter direcional vai dar caminho para buscar o maior valor possível em uma transação”, disse Karolyna Schenk, diretora das áreas de tecnologia, mídia, telecomunicações e serviços do Bradesco BBI, durante o Startup Summit, em Florianópolis.

De acordo com ela, ter a possibilidade de uma venda em mente ajuda a deixar a casa em ordem desde sempre, o que vai ajudar muito na hora de uma negociação no futuro. “Quando entra em um processo de M&A, você pode ser punido por decisões como a contratação de PJ. Na diligência [o comprador] varre absolutamente tudo. Passivo trabalhista, tributário, cultura, benefícios, cultura, modelo comercial e de distribuição. Quanto mais disciplina e conhecimento do que aparece no processo, melhor você se prepara”, aconselhou.

Pontos para o planejamento de uma venda (Foto: Reprodução)

Falando em aconselhamento, Karolyna também destacou no Startup Summit a importância de ter bons assessores ajudando em um processo de venda. Com quase 20 anos de experiência nesse tipo de operação, ela contou já ter visto casos de conversas que não foram adiante porque o vendedor estava mal assessorado. “Tem que encontrar advogados que defendam a empresa, conheçam bem aquele tipo de negócio”, disse.

Segundo Karolyna, durante uma negociação, além das questões financeiras, é importante também que o vendedor “conheça a casa” do comprador e não apenas apresente a sua. Isso quer dizer que é fundamental fazer perguntas para entender mais sobre cultura e como o negócio será integrado ao novo ecossistema. “É menos o tamanho do cheque e mais se ele é o melhor encaixe”, afirmou.

 O número de negócios de M&A sell-side no Brasil no primeiro semestre chegou a 104, segundo levantamento feito pela boutique Questum. O montante representa 61% do total de negócios fechados em 2023, o que indica uma retomada depois de dois anos consecutivos de queda nas operações. “Em geral, no Brasil, percebemos ainda um mercado retraído e tímido no que diz respeito a M&A, mas se movimentando cada vez mais, principalmente quando consideramos empresas já consolidadas no mercado (de tecnologia ou não) adquirindo startups para expansão de portfólio, novas features de produto ou ampliação da base de clientes”, escreveu a Questum em seu relatório.

E os novos investimentos?

No Bradesco há dois meses, após uma temporada de cinco anos na Totvs que contou com a participação na compra da RD Station –, Karolyna tem falado com muito com os fundos que investem em tecnologia e disse que há apetite para investimentos em empresas que apresentam crescimento. “Só precisa demonstrar que o plano é robusto”, disse a executiva, durante o Startup Summit.  

Segundo ela, a fórmula pra o sucesso no mercado atual envolve ser rentável ou ter um caminho claro para rentabilidade, atuar em um setor com potencial, ter escala e uma equipe experiente que, de preferência, já tenha vivido a dor que a companhia se propõe a resolver. “É importante ter uma história bacana pra contar de como a empresa se diferencia de quem já está no mercado”, acrescentou.