Logística

Motz cresce 42%, mas quer expandir mais fora da Votorantim

Logtech nascida dentro da indústria de cimentos tem planos de buscar mais clientes externos e crescer 30% ainda este ano

André Pimenta, CEO da Motz. Foto: divulgação
André Pimenta, CEO da Motz. Foto: divulgação

A logtech Motz surgiu da Votorantim Cimentos para suprir um desafio específico: o de endereçar a gestão logística entre embarcadores e motoristas autônomos. Agora com quatro anos de operação, a companhia está se “armando” para atender mais clientes no mercado, expandindo sua presença para além dos limites de sua empresa-mãe.

“Hoje todo o volume transportado por motoristas autônomos na Votorantim passa pela Motz, e isso representa 70% do nosso faturamento atual”, explica André Pimenta, CEO da Motz, em conversa com o Startups. Entretanto, a companhia quer mudar logo essa proporção. “Queremos dobrar de tamanho até 2028, focando bastante no mercado que existe fora da Votorantim“, completa.

Segundo o executivo, em até dois anos a Motz quer mudar a proporção de faturamento entre clientes externos e da Votorantim para uma proporção de meio a meio, acelerando uma estratégia que a companhia já iniciada pela startup nos últimos dois anos, quando André assumiu o desafio de tocar a Motz.

“Passamos a atuar em segmentos como agronegócios e construção civil, atendendo inclusive outras cimenteiras concorrentes da Votorantim, mas que trabalham com motoristas autônomos. O crescimento da Motz tá muito com o olhar para fora da empresa-mãe”, destaca.

Hoje, a plataforma da logtech, que já foi chamada de “Uber das transportadoras”, já conta com mais de 72 mil profissionais, e anotou no primeiro semestre de 2024 R$ 690 milhões em receita, uma alta de 42%, quando comparada com o mesmo período do ano anterior.

De acordo com a startup, os dados reforçam o foco da companhia de atingir o crescimento em 30% da receita líquida e 35% da base de motoristas até o final de 2024.

Perguntado sobre planos de levar sua solução a outros países da América Latina, onde a demanda por soluções logísticas também é alto, André frisou que o foco no momento é total no Brasil. “Hoje somos focados 100% no país e não temos planos no momento de ir para América Latina, pois o mercado brasileiro ainda tem muito potencial, e resolvemos focar ‘em casa'”, diz o executivo.

Mercados-chave

Segundo o CEO, a curto prazo a Motz tem planos de intensificar sua presença em dois mercados-chave: construção civil e agronegócio. “São [mercados] muito grandes, e nós só abocanhamos uma fatia pequena do bolo total. Estamos falando de um segmento de R$ 85 bilhões só no Brasil”, avalia.

Perguntado sobre planos de atender outras verticais com sua plataforma, André revela que isso faz parte da visão da Motz, mas o momento é de focar no core, antes de “arriscar” tempo e recursos em busca de novas avenidas de crescimento. Atualmente a companhia conta com mais de 200 pessoas em sua operação.

“Somos uma startup, nos movemos rápido, mas também temos um pouco do DNA tradicional da Votorantim, de manter a cautela e sustentabilidade. Pensamos em outros mercados, mas antes queremos antes estar muito bem consolidados naqueles que já atendemos. Acho que inevitavelmente isso vai acontecer no futuro, mas vimos de forma geral que transportadoras mais nichadas conseguem ter resultados melhores no curto e médio prazo”, pontua.

Apesar de estar sob o “guarda-chuva” da Votorantim Cimentos, André afirma que a companhia se manteve rentável desde o começo. “Sempre tivemos resultados positivos, e reinvestimos para desenvolver o produto e expandir. Reinvestimos no negócio algo em torno de R$ 20 milhões por ano”, destaca.

Com os investimentos e crescimento, a Motz quer reforçar seu posicionamente em um mercado cada vez mais disputado – o de transportadoras digitais, com nomes como Freto, nstech e outras. “Eu gosto dessa concorrência, pois é assim que vamos ajudar a transformar o mercado para melhor. É um mercado imenso, tem espaço para muitas empresas”, afirma.

Ah, e sobre a alcunha de “Uber das transportadoras”, André tem algo a dizer também. “É legal ser comparado a um nome tão forte como o Uber, já que fazemos o match entre embarcadores e motoristas. Entretanto, depois do embarque, nós assumimos a responsabilidade da viagem, da carga. Nós somos uma operadora, que toma risco na operação. A única coisa que não temos é o ativo que faz o transporte”, finaliza.