Além da Faria Lima

SOLOS reduz lixo nas cidades e gera renda para catadores

Em cinco anos de vida, startup baiana retirou 800 toneladas de resíduos das ruas e gerou R$ 2 milhões em renda

Foto: Tayse Argôlo Fotografia
Foto: Tayse Argôlo Fotografia

Com o olhar mais atento às questões ambientais, em um momento em que ambas adotaram novos hábitos, como o vegetarianismo, as amigas e sócias Saville Alves e Gabriela Tiemy decidiram fundar a SOLOS. Há cinco anos, a startup baiana dedica-se a promover a economia circular e o descarte correto de resíduos recicláveis, com o objetivo de reduzir o lixo nas grandes cidades. 

A história da empresa começou em 2017, quando Saville e Gabriela criaram um projeto para participar do Triggers, programa de pré-aceleração para iniciativas com foco em educação e negócios de impacto social promovido pela fintech Trigg. Elas se mudaram para São Paulo, onde ficaram por 8 meses, e tiveram a oportunidade de ter mentorias com diretores e vice-presidentes de companhias como Google, Spotify e Visa. O projeto ficou entre os cinco finalistas, o único de uma startup do Nordeste.

Munidas de muito conhecimento e vontade de fazer a diferença, elas deram vida à SOLOS em 2018. “Decidimos retornar para Salvador e sediar a empresa aqui por ser uma região precária em relação a saneamento, assim, atraímos o olhar de empresas do Brasil todo para essa região”, ressalta a co-fundadora Saville, em conversa com o Startups para a série Além da Faria Lima.

Em cinco anos de atuação, a startup já retirou 800 toneladas de resíduos em ações na Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e gerou R$ 2 milhões em renda para catadores de material reciclável. 

Frentes de atuação

A empresa opera no modelo B2B, oferecendo soluções para grandes marcas que buscam ações efetivas para ajudá-las a se tornarem empresas ambientalmente sustentáveis, que precisam responder a diretrizes internas e internacionalizar.  

A atuação ocorre em três frentes. A primeira considera conteúdos e experiências sustentáveis. Com ações lúdicas utilizando a gamificação e o entretenimento, impulsionam a economia circular, promovendo a tomada de consciência sobre o tema e a mudança de hábitos e práticas. 

A segunda frente trabalha com sistemas inteligentes de coleta. A SOLOS cria soluções de coleta seletiva e logística reversa de embalagens, direcionando o material coletado para cooperativas de reciclagem parceiras (são 25 atualmente) e apoiando os setores público e privado com dados sobre o impacto gerado.

Projeto de reciclagem de vidro feito pela Solos em parceria com a Heineken, em Caraíva, na Bahia (Foto: Divulgação)
Projeto de reciclagem de vidro feito pela SOLOS em parceria com a Heineken, em Caraíva, na Bahia (Foto: Divulgação)

Por fim, a startup também faz a gestão de resíduos em grandes eventos, principalmente os com grande público e em espaços públicos abertos, como carnavais de rua e reveillons, que geram muito lixo e necessitam do descarte correto do mesmo. O Carnaval de Salvador deste ano, por exemplo, contou com oito centrais de reciclagem espalhadas pelos circuitos da festa.

Nesta frente, a SOLOS se responsabiliza por montar uma infraestrutura de coleta adequada, fornecendo os materiais necessários para tal, alocar cooperativas e incluir catadores no processo, dando novas perspectivas a quem trabalha diretamente com o lixo.

Segundo Saville, a empresa atualmente tem parcerias ativas com 4 grandes empresas: Ambev, Braskem, iFood e Heineken. Os contratos variam muito de acordo com a demanda, e podem variar de R$ 50 mil a R$ 2 milhões. A SOLOS cresceu 150% de 2021 para 2022 e a expectativa para esse ano é que cresça 150% novamente.

A cofundadora não abre os números de faturamento, mas garante que a startup já atingiu o breakeven e consegue faturar mensalmente. No ano passado, Saville inclusive foi eleita pela Forbes uma das 20 mulheres mais inovadoras de agtechs.

Para o segundo semestre, a SOLOS espera realizar sua primeira captação de recursos, por meio de capital filantrópico. “Em nosso planejamento para os próximos cinco anos, o próximo passo é fazer, no ano que vem, um avanço tecnológico em nossas operações, gerando mais eficiência e confiabilidade com menor custo e maior escalabilidade”, conclui Saville.