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A necessidade de ir além da proporcionalidade para inclusão e diversidade

A necessidade de ir além da proporcionalidade para inclusão e diversidade

*Sophie Secaf é cofundadora e diretora de marketing da fintech Z1

A Geração Z é a primeira nativa digital, ou seja, já nasceu em um mundo hiperconectado. Não à toa, são um dos maiores alvos quando o assunto é comércio eletrônico. De acordo com estudo do Instituto QualiBest de Pesquisas de Mercado, de março de 2020, 53% dos adolescentes, com idade entre 13 e 17 anos, procuram preços e variedade on-line  antes de comprar, tanto que no ano passado a Geração Z representou 40% de todos os consumidores. Esta é uma geração com um perfil bdiferenciado e único – são jovens que não se sentem representados fora de suas comunidades, que vivem pressionados pela falta de oportunidades no mercado de trabalho e que, ao mesmo tempo, anseiam pela independência financeira e por um mundo com mais diversidade, inclusão e equidade.

Essas e outras demandas da Geração Z formaram o nosso propósito, quando, em 2020, decidimos criar a Z1, uma fintech voltada para a educação financeira dos jovens. A empresa vem fazendo muito mais do que dar a esta geração a oportunidade de comandar suas finanças de forma responsável e descomplicada. Ironicamente, os jovens da geração mais digital também são os mais excluídos da economia digital. O nosso serviço é dar autonomia financeira a eles por meio de um aplicativo com funcionalidades como o Pix, cartão virtual  e um cartão de crédito físico pré-pago. Nossos clientes podem fazer compras com autonomia e receber dinheiro no app onde a pessoa fará o controle de todos os ganhos. Falamos diretamente com esse público e tudo que fazemos é pensando nas dores e demandas dessa geração. 

Nossos projetos de marketing também tem o propósito de endereçar demandas, potencializar as vozes e empoderar os jovens. Um exemplo é o “Embaixadories Z1”, que visa empoderar e potencializar causas de 5 ativistas da Geração Z. Em toda a nossa comunicação e, consequentemente, em nosso dia a dia, usamos a linguagem neutra como uma das formas de endereçar pautas da geração – uma linguagem inclusiva que altera a língua portuguesa para não possuir marcadores de gênero. O programa vai apoiar e divulgar projetos criados por esses influenciadores com o objetivo de potencializar as causas destes jovens que lutam por diversas causas na sociedade.

Discurso na prática

Mas não adianta nada falar a linguagem do seu público externo se as startups não vivenciarem, internamente, o mesmo discurso. Por perceber isso, este novo perfil de empresas está nascendo calcado nas boas práticas corporativas, dando exemplo para toda uma legião de grandes corporações que, por seu tamanho e posição no mercado, tem dificuldade de evoluir ou sair do ‘mínimo necessário’. 

É possível perceber no mundo das startups um olhar mais acurado para entender a relação entre empresa e sociedade, que passa por dar maiores oportunidades a pessoas minorizadas como mulheres, negros e pessoas LGBTQAI+, entre outros. Só que isso, vale ressaltar, deve vir atrelado a uma política de formação e respaldo a essas pessoas minorizadas, de forma que elas tenham oportunidades para se desenvolver e crescer dentro da empresa, de acordo com suas habilidades e aprendizados diários que têm no ambiente de trabalho. 

 Ao começar do zero, empresas como a Z1 têm a oportunidade de trabalhar no sentido de oferecer a seus colaboradores um ambiente que seja inclusivo na prática. Desta forma, as organizações que estão iniciando tem obrigação de não só fazer direito como investir, criar mais projetos e hackear possibilidades para fazer um efeito “net positive” para a  sociedade quando se trata de temas como diversidade e inclusão. Experiências como contratar consultorias especializadas na criação de ambientes diversos e incluir bolsa terapia como benefício para pessoas minorizadas têm sido implementadas por nós e por outras startups com um saldo bastante positivo.

Estes são exemplos do que acreditamos ser uma forma eficiente e saudável de trabalhar focados nos anseios daqueles que nos representam, sejam eles consumidores ou parte de nossa equipe. Manter o foco nestas duas vertentes é, em resumo, o que deve mover a nova geração de empresas da qual a Z1 se orgulha de fazer parte.