Artigo

Como o empoderamento econômico das mulheres transforma as estruturas sociais

Para enfrentar a desigualdade de gênero, as empresas precisam incorporar diversidade e inclusão desde o primeiro momento

Empreendedorismo feminino
Foto: Canva

* Egnalda Côrtes é fundadora e CEO da Côrtes e Companhia

Por muito tempo, dinheiro e mulheres poderiam ser considerados palavras rivais, já que por um contexto histórico, o homem sempre esteve à frente das finanças. É o perfil esperado quando falamos de negócios, economia e ações disruptivas. Quase como uma falha que esse sistema machista e patriarcal deixou passar despercebido, nós mulheres, ao longo dos anos temos mostrado que podemos ser a  temida ‘mulher de negócios’. Os números falam por si só, ainda que seja notório que portas ainda precisam ser derrubadas e janelas escancaradas.  

No Brasil, de acordo com o Women in Business, as mulheres conquistaram mais cargos de liderança nas empresas e passaram a representar 39% do empresariado do país. Além disso, o estudo também aponta que as mulheres tiveram maior perfil adaptativo em mudanças tecnológicas, resultando em um maior potencial de crescimento de suas companhias.  

Aumentar o acesso a serviços como educação, planejamento familiar, inclusão financeira e digital, por exemplo, podem destravar as oportunidades importantes para o empoderamento econômico das mulheres.

A questão é: como a sociedade, incluindo o setor privado e suas lideranças, podem promover uma mudança nesse aspecto? 

O “Women in Tech 2022”, estudo da BairesDev, baseado em análises de 1 milhão de candidaturas recebidas por ano desde 2015 até 2021, mostra o crescimento de 11% para 41% na participação de mulheres ocupando cargos na área de tecnologia, isso é motivador se não revelasse o abismo que ainda há nos cargos de gestão e a equidade salarial. A ideia de que a área tecnológica é tradicionalmente masculina, caiu por terra. Entretanto, nas empresas de tecnologia, elas são minoria. Em companhias como Facebook, Google, Twitter e Apple, as mulheres representam apenas 30% dos funcionários.

No Brasil, a situação é ainda mais desfavorável. Dados divulgados pelo programa YouthSpark, da Microsoft, apontam que, no país, apenas 18% dos graduados em ciência da computação e 25% dos empregados em áreas técnicas de tecnologia da informação (TI) são do sexo feminino.

Para enfrentar a desigualdade de gênero, as empresas precisam incorporar diversidade e inclusão desde o primeiro momento. Uma forma das empresas fazerem isso é contratar líderes mulheres desde o início da criação do negócio. É importante que mulheres vejam outras mulheres em cargos seniores porque isso mostra que a organização realmente valoriza a diversidade.

Eu e tantas outras mulheres somos a prova em vida e propósito, de quanto as nossas iniciativas podem gerar mobilizações que são urgentes para a sociedade, que dialogam para a construção de uma economia criativa, inovadora e, por que não, feminina? Um legado que vem como um chamado para a nova geração e como uma estratégia de rompimento da única e tradicional forma masculina de ser fazer dinheiro 

Eu gosto de contar histórias e poderia, inclusive, citar como fundei a Côrtes e como a agência se transformou em uma facilitadora. Não só me tornei CEO da minha vida, como de um negócio único e potente que se iniciou com o sonho de meu filho e se transformou no impulsionamento de novos sonhos. Possibilitou que outras mulheres pudessem gerir suas narrativas e se empoderar em frente às economias. Mas, podemos deixar para uma outra conversa.