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ESG: lideranças devem responder duas perguntas essenciais para evoluir

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*Simone Murata é COO da Todas Group

Não é novidade que a pauta ESG (sigla em inglês para Environment, Sustainability and Governance) se tornou assunto fundamental para o planejamento estratégico das empresas. Inclusive, gerou uma oportunidade de ouro para negócios em torno da demanda, como consultorias, índices que avaliam as práticas das empresas, selos que mostram se a companhia está caminhando para ser mais sustentável ambiental, social e economicamente e cargos voltados para desenhar projetos.

A B3, bolsa de valores brasileira, lançou um índice que classifica as companhias listadas de acordo com as ações ESG: aquelas que melhor pontuam dentro dos critérios do índice são mais recomendadas para investidores. ESG não é mais uma tendência em discussão, é mandatário para sobrevivência de todo o ecossistema corporativo – e os líderes mais atentos sabem que precisam se movimentar para a roda girar.

Conversando com as lideranças de diversos setores, percebo que a grande questão é como implantar a pauta ESG na empresa e quais são as iniciativas que evitam estar sempre correndo atrás de ações para cumprir a agenda.

Não adianta contratar consultorias e formatar áreas responsáveis pela pauta ESG se a liderança não tem muito claro como ela está ligada ao seu negócio e pode melhorar os resultados da companhia. A análise começa com duas perguntas: 1) quais os impactos negativos que a empresa causa ou perpetua? 2) O que é possível fazer para mitigar tais impactos em curto, médio e longo prazo?

A partir das respostas para as duas perguntas, o planejamento ESG se torna mais viável e vai entregar resultados visíveis em menos tempo. Trazendo agora para a área de atuação da Todas Group, voltada para o “G” da sigla (Governança), vejo como muitas das empresas saem da primeira pergunta com uma resposta comprovada por estudos nacionais e internacionais: as companhias perpetuam, mesmo sem intenção, a desigualdade entre homens e mulheres no ambiente corporativo.

Simone Murata, COO da Todas Group (Foto: Divulgação

Resposta hipotética (e, quase sempre, verdadeira) para a primeira pergunta: um dos impactos negativos que a empresa XPTO ainda mantém é a falta de representatividade. Homens ganham mais, são promovidos mais vezes e ocupam a maioria das posições de liderança. As empresas também são um reflexo dos desafios da sociedade. Podemos, e devemos, começar a transformação pela equidade de gênero no ambiente corporativo – e o corporativo somos nós, pessoas que atuam nesse ecossistema.

A Todas Group, por exemplo, é um programa de desenvolvimento que atua em parceria com as empresas para aumentar a presença de mulheres em cargos de liderança, de acordo com as necessidades das colaboradoras e das companhias. Nossa maior preocupação é atender a realidade de cada companhia, os desafios e etapas das carreiras das mulheres que fazem parte dessa realidade.

Quando fechamos nossa atuação, imediatamente vamos mergulhar naquele cenário e oferecer uma abordagem 360º para que esse pedaço da pauta ESG caminhe de forma rápida, gerando impactos imediatos e de longo prazo para todos. Nossos cases mostram que atuar diretamente no crescimento da representatividade feminina potencializa a competitividade de mercado e o desenvolvimento de equipes, aumenta a retenção e o engajamento de talentos e otimiza os recursos das empresas.

Mulheres são verdadeiras potências, pessoal e profissionalmente, que despertam não só em outras mulheres, mas em times inteiros, o potencial das pessoas com quem trabalham. Possuímos habilidades e características que elevam o nível de debates e decisões. Mais do que isso: somos a maioria da população e, portanto, uma força motriz construtora e mantenedora indispensável. Para trazer para as companhias uma empresa que trabalhe a pauta das carreiras femininas de forma consistente, tais valores precisam ser genuínos e consolidados.

Por meio de ações proativas, a letra “G”, no quesito da representatividade feminina, entrega resultados e eleva o nível da companhia dentro da pauta ESG. Por isso, meu segundo direcionamento para quem ainda está patinando em ações da agenda ESG é: contem com outras empresas que realmente entreguem o esperado – que saibam ler os cenários de cada setor, que estejam engajadas na transformação necessária para o avanço da companhia e da comunidade e que, acima de tudo, tenham expertise comprovado em alcançar os objetivos traçados a partir do diagnóstico “impacto X ações”.

Mesmo que os olhares para as pautas ESG, atualmente, estejam bastante ligados ao resultado material das empresas, não podemos esquecer que essa demanda só ganhou a importância que tem hoje (e terá cada vez mais) pelo seu propósito de impacto social. O movimento pela igualdade de gênero tem progredido em todas as áreas, mas os impactos mais perceptíveis na rotina das mulheres aparecem, em grande parte, dentro do ambiente corporativo, que é onde investimos grande parte do nosso tempo.

Focamos no crescimento das carreiras femininas porque sabemos o tamanho do potencial de desenvolvimento que temos, sendo 51% da população global. As lideranças das companhias que realmente exercem seu papel de planejamento para o futuro, que estão interessadas para valer em construir sua marca e que não têm tempo ou dinheiro a perder, vão reconhecer a importância de colocar no orçamento o que realmente vai mudar a direção do ponteiro de sustentabilidade do negócio, que é questão de sobrevivência.

Uma tendência que posso adiantar: as companhias que agem hoje para endereçar de forma genuína a pauta ESG estarão muito mais fortes nos próximos anos e atingirão muito mais rápidos seus objetivos de negócio, seja um M&A bem sucedido, o IPO nacional ou internacional, a atração de mais investidores e, principalmente, a atenção e fidelização de clientes – as pesquisas mostram cada vez mais o interesse das novas gerações em empresas com propósitos sociais e ambientais, muito além da prateleira de compra ou do checkout do carrinho no e-commerce.

Para as lideranças que não estão se preparando para o futuro, espero que cases e depoimentos despertem seu interesse pela pauta ESG. Meu objetivo genuíno é abrir portas para que essa conversa alcance cada vez mais lideranças, cada vez mais empresas.

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