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O mercado está parado por falta de capital, ou falta capital porque o mercado está parado? Para Rodrigo Baer, managing partner da Upload Ventures, assim como na história do ovo ou da galinha, é difícil saber quem vem primeiro. A gestora de venture capital realizou recentemente o primeiro investimento do segundo fundo da casa, focado em growth, mas o executivo reconhece que o ano será “bastante duro”, e não vislumbra melhora do cenário pelo menos até ano que vem.

A escassez de capital é explicada em parte pela seca nos IPOs (ofertas públicas iniciais de ações). A estreia na bolsa é o último nível do ciclo de investimentos das startups, e é o momento em que os investidores recebem a sua parte em ações da companhia. Ou seja, é quando recebem de volta os recursos que investiram.

“Já faz dois anos que não tem IPO, e os investidores ficaram sem dinheiro, porque não tem mais saída. Então estamos em uma situação em que o mercado está parado porque os fundos não têm capital, e os fundos não conseguem levantar capital porque os investidores não têm dinheiro”, avalia Rodrigo.

Compasso de espera

Os últimos dois anos permitiram que muitas empresas atingissem a maturidade necessária para abrir capital. No entanto, poucas parecem dispostas a liderar esse movimento. “O mercado está muito nesse compasso de espera. É possível que haja alguns testes no primeiro trimestre que, se funcionarem, darão início a uma enxurrada de IPOs. Todas as startups muito grandes têm plano de fazer no curto prazo, mas tem que ter mercado”, afirma.

O problema é que, ainda que houvesse uma onda de IPOs neste ano, esse dinheiro demoraria a voltar para as startups. Rodrigo explica que os investidores teriam o dinheiro de volta em cerca de seis meses após a estreia da empresa na bolsa. Para levantar capital, as gestoras levam ainda de seis a 12 meses. Com isso, o executivo calcula que uma melhora na liquidez só viria a partir de meados de 2025.

“Acho que este vai ser um ano bastante duro, que vai obrigar as startups a tentarem ajustar seus modelos para atingir o breakeven (o equilíbrio entre as receitas e despesas). É um momento difícil de empreender, que exige grande convicção pessoal”, aponta.

Oportunidades à frente

Mas, se como diz o ditado, mar calmo não faz bom marinheiro, o lado positivo, segundo Rodrigo, é que as dificuldades deste ano provavelmente irão gerar uma “boa safra” de empresas para o ano que vem. E boas empresas garantem boas chances de investimento.

“O pessoal não estava investindo porque a empresa seria bom negócio. Estava investindo porque alguém investiria em seguida e marcaria para cima o investimento. Com isso vai ter uma boa filtragem. Talvez a startup não cresça na mesma velocidade, mas se conseguir estar viva tem a chance de aproveitar as chances que virão à frente”, pondera.

Para 2024, o executivo afirma que há mais oportunidades no seed do que na série A. E aconselha que as empresas busquem diversificar as fontes de financiamento, com Corporate Venture Capital (CVC) e family offices, por exemplo.

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