Dealflow

Novo fundo da DOMO.VC será aberto a investidor qualificado

Veículo será um FIP na modalidade multicota, o que permite que haja diferentes perfis de investidores, com condições diferenciadas

Marcello Gonçalves, cofundador e managing partner na DOMO.VC. Foto: Divulgação
Marcello Gonçalves, cofundador e managing partner na DOMO.VC. Foto: Divulgação

A DOMO.VC está prestes a lançar seu novo fundo, o DOMO Seed 4, que pela primeira vez permitirá a participação de investidores qualificados. O veículo será um Fundo de Investimento em Participações (FIP), porém na modalidade multicota, o que permite que haja diferentes perfis de investidores, com condições diferenciadas para cada um.

Em entrevista exclusiva ao Startups, Marcello Gonçalves, cofundador e managing partner na DOMO.VC, conta que a nova configuração foi possível graças à Resolução 175 da CVM, que começou a valer em outubro de 2023, e trouxe modernizações para o ambiente regulatório de fundos no Brasil.

“Estamos otimistas com relação a atingir um novo grupo de investidores, que gostam ou têm curiosidade com investimento em startups, mas não tinham oportunidade pela característica do mercado”, comemora Marcello.

Serão três tipos de cotas. Uma para investidores profissionais, uma cota âncora para corporações ou grandes investidores, e uma para investidores qualificados. Cada tipo de cota terá valores mínimos diferentes. Para os investidores qualificados, a contribuição única é a partir de R$ 100 mil.

“Antigamente, o FIP era monocota e podia ser multiativo. Agora, pode ser multicota e multiativo. É possível oferecer condições diferentes para cada perfil de investidor dentro do mesmo fundo. Antes, os fundos que alcançavam o investidor qualificado montavam um FIM (Fundo de Investimento Multimercado) que investia no FIP. Com a nova regulação, não existe mais essa necessidade”, explica o co-fundador da DOMO.VC.

Com o período de seca no mercado de venture capital, as gestoras têm começado a mirar nos investidores qualificados (pessoa física ou jurídica que possui mais de R$ 1 milhão em investimentos) para ajudar a compor a captação dos fundos. É o caso também da Futurum Capital, que contou recentemente ao Startups que abriu seu segundo fundo early-stage para investidores qualificados, com aportes iniciais a partir de R$ 25 mil.

A expectativa da DOMO.VC é levantar cerca de R$ 200 milhões para o DOMO Seed 4, e investir em cerca de 20 a 25 empresas no período de dois anos, com cheques em torno de R$ 5 milhões. Segundo Marcello, os investimentos vão começar a partir do primeiro closing do fundo, o que deve ocorrer até o final de janeiro.

Entre 40% e 50% do fundo devem ser usados para formar portfólio, enquanto o restante será destinado a follow-ons nas melhores empresas. Apesar de o fundo ser agnóstico, a preferência é por fintechs B2B, além dos setores de infraestrutura, soluções para pequenas e médias empresas, e marketplaces.

“Apesar de o nosso dealflow ser bastante variado, esses são setores que devem ajudar a trazer um bom resultado para o fundo. No fim das contas, o que interessa é que o fundo dê resultado e devolva dinheiro para os investidores”, afirma Marcello.

O co-fundador da DOMO.VC ressalta, porém, que busca investidores que entendam a importância do venture capital para além do retorno financeiro. Ele afirma que as startups são um importante motor da economia atualmente, mas possuem pouco acesso a financiamento.

“Buscamos aquele investidor que queira participar de uma atividade que fomenta a economia. Valorizamos muito os investidores que se interessam pelo negócio e ajudam as empresas a andarem pra frente”, diz.

Marcello destaca ainda a importância de entender os riscos inerentes ao investimento em empresas que ainda estão em estágios iniciais.

“Nosso mercado é muito sexy, tem unicórnios, anjos, fadas. Múltiplos de 50 vezes, 100 vezes, pessoas que ficam milionárias da noite pro dia. Tem uma aura que eu acho exagerada. Mas globalmente o mercado de venture capital é o maior impulsionador do empreendedorismo. É importante que os investidores entendam os riscos e as possibilidades de ganho, e percebam que é mais que um investimento financeiro, é um dos grandes financiadores da economia”, afirma.