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No mercado desde 1998, o sócio e co-fundador da DOMO.VC, Rodrigo Borges, viveu o suficiente para saber que tempos de bonança não duram para sempre. Em entrevista ao Startups, o investidor fala sobre o novo fundo da casa, o Seed 4, e corrobora com o que outros nomes do mercado já disseram por aqui: é preciso se adaptar ao momento de liquidez reduzida, porque ele veio para ficar.

“Me perguntam quando os múltiplos dos valuations vão voltar a ser altos. Eu digo que vi isso acontecer nos anos 2000, com a bolha da internet, e depois em 2020. Então talvez 2040”, brinca Rodrigo. “Teve ume euforia em 2020 e 2021, com valuations muito altos, e o processo muito acelerado. Em 2022 e 2023 havia um descasamento de expectativa e realidade de valuations com os empreendedores. E em 2024 está bem alinhado. É um momento bom do mercado”, acrescenta.

Mas se o momento é de menos dinheiro na mesa, por que não aumentar o número de cadeiras? Para Rodrigo, a busca por investidores no exterior foi uma das formas encontradas pela DOMO.VC para ampliar a fonte de recursos. A gestora lançou recentemente seu novo fundo, o Seed 4, e pela primeira vez está buscando captações no exterior. Em especial, nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. No momento desta entrevista, inclusive, dois dos sócios da DOMO.VC estavam em Dubai, nos Emirados Árabes, trabalhando em captação.

“A gente tem alguns parceiros fora para ajudar nesse processo. Essa previsão de queda nas taxas de juros no exterior tem ajudado a gente bastante, porque volta a ter uma liquidez natural. Todas as conversas que a gente tem tido têm sido melhores. E o Brasil está muito bem posicionado. Tem cases de startups brasileiras bem sucedidas, com IPOs lá fora. Existe mercado, existe empresa boa, e temos no nosso track record casos como a Hotmart e a Gympass“, conta Rodrigo.

Portfólio maior

O portfólio desse novo fundo será um pouco maior que o dos últimos fundos de seed da DOMO.VC, que tinham entre 20 e 25 empresas. O Seed 4 terá entre 25 e 30, de acordo com o investidor, mas ainda não foram definidas quais empresas estarão nesse grupo.

“A gente tem um processo contínuo de análise das startups, tem um banco de dados com umas 15 mil startups, e conversamos com elas frequentemente. E ainda tem um pouco de dry powder dos outros fundos. O fundo anjo, por exemplo, ainda tem um ano de investimento, então por enquanto ainda não definimos nenhuma empresa para o Seed 4”, explica Rodrigo.

Ao contrário dos outros fundos da casa, o Seed 4 poderá investir em empresas do exterior, mas com volume menor que o destinado às startups nacionais, de cerca de 20%. Além disso, a startup de fora precisa ter em seus planos a perspectiva de vir para o Brasil. A ideia é que a DOMO.VC não lidere as rodadas, nesses casos, mas participe junto com os fundos locais. “A gente tem relações com fundos na Colômbia, México, Argentina, e vamos estar acompanhando. Não é difícil uma empresa da América Latina querer vir para o Brasil, até pelo tamanho do nosso mercado”, aponta.

Além de priorizar as empresas brasileiras, a DOMO.VC também tem apostado em diversidade. No ano de 2022, cerca de 57% das startups investidas pela gestora de venture capital tinham como C-Levels mulheres e pessoas pretas e pardas. Já em 2023, esse número subiu para 75%.

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