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Para se destacar no mercado de cursos online para desenvolvedores, uma área onde nomes mais conhecidos como Trybe e Alura disputam espaço em um cenário difícil, a edtech Full Cycle resolveu encontrar um caminho próprio para crescer: oferecer cursos de capacitação para quem já está no mercado de trabalho e deseja se tornar liderança técnica em tecnologia em grandes empresas.

“A gente percebeu que curso online de programação meio que se tornou uma commodity, só disponibilizando material sem focar na jornada do desenvolvedor para evoluir a sua carreira”, explica Wesley Willians, CEO e fundador da Full Cycle, em entrevista ao Startups.

Para 2024, a companhia pretende dobrar sua aposta nesta estratégia, mirando um faturamento de R$ 38 milhões, seguindo o ritmo de crescimento conquistado em 2023, quando aumentou o seu faturamento em 56% comparado a 2022. Quanto à base de clientes, a empresa iniciou o ano com cerca de 14 mil alunos.

“Esse ano nosso foco está na ampliação da base, mas também na criação de produtos para seguir a jornada com os clientes que já estão conosco”, explica Wesley. Segundo o executivo, a meta é pelo menos triplicar sua oferta de cursos até o fim do ano. “Queremos trazer mais cursos, como pós-graduações para quem é tech lead e até formações para quem é CTO”, explica.

Entretanto, se você pensou que a Full Cycle pretende “atacar” o mercado com dezenas de cursos, é melhor pensar de novo. Conforme explica o CEO, o motivo pelo qual sua empresa conseguiu atrair um número significativo de estudantes, foi pelo foco em cursos mais aprofundados. “Muitos cursos completos em plataformas concorrentes são capítulos em nossos cursos”, dispara.

Wesley Willians, CEO e fundador da Full Cycle
Wesley Willians, CEO e fundador da Full Cycle (Foto: Divulgação)

Cursos mais robustos significam também tickets mais altos para a Full Cycle. Segundo Wesley, com o foco em profissionais em busca de capacitações mais especializadas, os cursos da edtech partem de R$ 3,6 mil até R$ 15 mil, este último um valor consideravelmente acima do praticado em plataformas como a da Alura, por exemplo.

A decisão em ter cursos maiores e mais caros não é exatamente um chamarisco de clientes, mas segundo o CEO, este não é o foco principal da Full Cycle no momento. “Atualmente a base de clientes vem crescendo, mas não é nosso foco chegar em 100 mil, 200 mil alunos”, explica Wesley, posicionando a Full Cycle como uma edtech para formar lideranças em tecnologia.

Olhando para concorrentes como Alura e Trybe, a estratégia da Full Cycle se provou uma saída perto das dificuldades que estes concorrentes estão enfrentando, em um cenário de demissões e poucas contratações.

“Temos concorrentes com um foco muito grande em empregabilidade, em inserir novos talentos no mercado, e atualmente esta demanda está baixa. Nós optamos por um caminho alternativo, tratando o mercado com respeito, reconhecendo que ele tem altos e baixos. Capacitação não é garantia de emprego”, pontua Wesley, fazendo menção ao modelo utilizado em edtechs como a Trybe, que também cobra alto por seus cursos, mas atrela o pagamento dos alunos à sua contratação no mercado de trabalho, uma estratégia que se provou complicada nos últimos tempos.

Talentos de nível enterprise

O nome da startup faz referência a uma modalidade de desenvolvimento de software, mas segundo Wesley, também se conecta com uma das missões da companhia, que é o de ajudar profissionais já inseridos no mercado a chegar no próximo nível em sua carreira. “Enquanto muitas escolas focam em quem está entrando (no mercado), com conteúdos mais simples, a gente foca em quem já tá inserido e busca formação para subir. Temos trilhas para quem é junior, ajudando eles a virarem pleno, e de um pleno para senior”, comenta.

Conforme explica Wesley, os cursos da Full Cycle são pensados para capacitar talentos para trabalhar nas grandes empresas de tecnologia, tanto que ela tem parcerias com nomes conhecidos como Totvs, iFood, Sankhya e Stone, que já contrataram a edtech para seus programas de educação contínua.

“Temos também modelos de parceria com funcionários das empresas, com condições especiais para quem trabalha em empresas como Mercado Livre e Boticário, por exemplo. Os RHs divulgam, os funcionários pagam mas tem condições especiais de pagamento”, diz Wesley. Segundo o CEO, estes esforços no B2B atualmente representam 18% da receita da companhia.

Por falar em dinheiro, Wesley se orgulha que toda essas movimentações da Full Cycle foram feitas na base do bootstrapping. No ano passado, inclusive, a edtech fez o seu primeiro M&A no ano passado, comprando a DevOps Pro, edtech especializada em cursos de DevOps.

Perguntado se a companhia pretende fazer novas captações para intensificar seus planos de expansão, Wesley mantém os pés no chão, mas isso não quer dizer que sua companhia esteja menos faminta: a Full Cycle está em conversas com startups e deve anunciar novas aquisições este ano, mas vai usar o caixa para isso. “Tudo o que fizemos até agora foi com capital próprio, e conseguimos até agora trabalhar com um caixa sólido. Estamos um momento bom e não vemos a necessidade de captar”, finaliza.

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